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SOCIEDADE

Escultores de arte Maconde pedem facilitação de vistos a turistas e promoção de festivais culturais

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Os escultores de arte Maconde, no Museu Nacional de Etnologia, em Nampula, pedem ao governo a criação de medidas que facilitem a entrada de turistas de origem estrangeira e a promoção de festivais culturais nacionais com vista a ultrapassar a problemática da falta de clientes e desvalorização deste tipo de arte.

O desafio dos escultores surge numa altura em que eles se ressentem da falta de clientes nacionais e estrangeiros que outrora frequentavam aquele local para compra das obras e posteriormente levar para as suas terras de origem.

Jhon Mundjin, de 55 anos de idade, natural da província de Cabo Delgado, iniciou a sua carreira como escultor em 1984. Segundo ele, actualmente não tem sido fácil sustentar a sua família, uma vez que grande parte dos clientes são de nacionalidade estrangeira, e nos últimos anos já não vem a Nampula.

“Poucos irmãos compram as nossas esculturas, acho que não dão valor aquilo que fizemos, o Governo tinha que facilitar a entrada de turistas porque se vem para cá e levam os nossos produtos para fora automaticamente estão à divulgar a nossa cultura, e quando entram poucos a nossa cultura também não chega além fronteira”, disse a nossa fonte

Mundjindisse que a sua vontade é de ver as esculturas produzidas por si a serem valorizadas pelos cidadãos nacionais, em particular, e depois de origem estrangeira, no geral. “Os jovens é que deviam dar continuidade este trabalho mas não querem aprender assim que você está aqui a entrevistar-me eu sujo acham-te de louco, nós aqui não valorizamos a nossa cultura, e alguns justificam que este trabalho já não tem rendimento” 

João Muguer, um outro escultor com 30 anos de profissão, e natural de Cabo Delgado, conta que no passado o seu trabalho era valorizado e  até alguns nacionais se interessavam, mas actualmente o ritmo de procura é diferente.

“Estamos a ficar sem motivação, a gente chega aqui trabalha e volta a casa de mãos vazias. Assim, hoje por exemplo, não consegui dinheiro pelo menos para o almoço. Muitos escultores vão desistir, pedimos para que retomem com os festivais culturais. Aproveitamos para vender nossas obras, nesse tipo de eventos. Agora está difícil”, desabafou pedindo ao governo e outras forças da sociedade Civil a retomar a organização de festivais de culturas na provincia.

Questionado se o problema de falta de compradores para as artes macondes estava relacionado com a falta de um espaço condigno para facilitar a venda das suas obras, João Muguer respondeu: “não tem nada haver, nos tempos vendíamos neste mesmo espaço do Museu. O governo tem que fazer algo para mudar isso aqui tem pessoas talentosas mas tudo termina aqui. As nossas obras não são compradas e isso desmotiva tanto”.

Por sua vez, Macassi Mário, de 35 anos de idade, disse que no seu tempo haviam jovens que tanto queriam aprender a arte de esculpir o pau-preto, mas no decorrer do tempo grande parte prefere apostar outras profissões. “Tenho quatro filhos sustento com esta mesma arte, aprendi em 2004 com falecido meu cunhado, na altura haviam muitos jovens, que queriam aprender, também havia motivação porque vendíamos mas agora não há isso”, referiu o jovem mestre.

Saide Sandar

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