MUHIKOTHIHE
Por favor não abram os vidros…
Com o fim da guerra dos 16 anos e o ingresso do país na roda de desenvolvimento, viajar de carro tornou-se um imperativo, embora nem sempre significa, necessariamente, para fins turísticos ou de laser, se quisermos assim considerar. Entretanto, de algum tempo para cá, para ser mais específico, desde a reabilitação da estrada que liga a cidade de Nampula e Nacala-Porto (a 1ª obra de vulto na província pós-independência) o negócio da estrada ganhou outra dinâmica, sobretudo, nas pequenas e grandes estações (nas paragens). O mesmo cenário tornou-se intensivo nos troços Nampula Rio-Ligonha; Nampula-Malema, Namialo- Namapa, Monapo-Ilha ou Mossuril e, não sei como será, no troço Nampula Angoche ou Moma, não sei mesmo!
O problema não está na prática do comércio das e nas paragens, o problema que tenho notado, que ouço pessoas lamentarem e que vivencio nas várias viagens para e nestes troços ora referenciados, está na violência com que se prática este negócio. Há uma agressão total de quem está por dentro da viatura, não importa a idade, as causas que determinaram a sua viagem, e muito menos os porquês da viatura em que segue ter parado naquele espaço.
São crianças, jovens ou adultos que “assaltam” as viaturas para venderem: bolachas, castanha de caju, limão, sal, cenoura, mangas cegas (adjetto), mangas, papaias ou bananas amadurecidas a força com recurso aos produtos químicos, tomate, pepino, cebola, feijões, cenoura e não sei la mais que produtos?! Portanto, quem tem experiência do que se passa nestes “supermercados ambulantes”, quando a viatura de transporte semi-colectivo ou mesmo pessoal, se aproxima, faz um pedido humilde; “por favor não abram os vidros”.
Aquele comportamento violento dos vendedores das estações não se restringe a província cuja capital tem o bairro mais famoso da actualidade (Namicopo), não. É um fenómeno nacional, acontece em Cuamba e em Madimba no Niassa, ainda aqui na zona norte de Moçambique, se regista em Chiure, Silva Macua, em Mieze e Metuge na martirizada Cabo Delgado. Para não ser regionalista, este fenómeno se regista em Molocue, em Mocuba, na Zambézia, no Inchope (ManiSofala), pois envolve as 2 províncias Manica e Sofala, no cruzamento de VilanKulos e em Maxixe – Província de Inhambane, pelo menos os mais salientes.
Parecendo simples, este fenómeno é impavidamente assistido pelas autoridades e de forma silenciosa vai gerando vítimas, que sofrem de subtração de seus pertences, criando lesões e ferimentos pelos objectos cortantes ou latas que são introduzidas violentamente no interior das viaturas. Algumas vezes, são os próprios vendedores que ficam com seus dedos entalados entre os vidros de carros de controle automático. Mesmo para quem vai ao funeral e que tenha pedido favores o cobrador para puder “compreender” com um preço reduzido, os manos das paragens exigem, obrigatoriamente, que façam alguma compra, sob o risco de receber dos piores insultos que tenhamos conhecimento. Como se diz, nas estradas o game está agressivo e “viajar é maning arriscado”. Até breve, muhikothihe.
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