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SOCIEDADE

Violação das liberdades civis dispara e defensores de direitos humanos sofrem repressão sem precedentes em Nampula

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Activistas dos direitos humanos na província de Nampula relatam que a crise decorrente das eleições aumentou a repressão no espaço cívico e levou a uma violação das liberdades e direitos fundamentais, resultando em uma pressão crescente sobre as actividades dos defensores desses direitos.
Diversos defensores dos direitos humanos que conversaram com o Rigor afirmam que está se tornando cada vez mais difícil exercer o seu trabalho, considerando a perseguição, prisão e assassinato de todos que se manifestam publicamente com opiniões divergentes ao governo.
Mito Carvalho, um activista social e defensor de direitos, que também exerce a função de director da Associação Okhala Wamiravo, relata que tem enfrentado ameaças de indivíduos desconhecidos. Isso se deve ao trabalho da sua associação, que está denunciando incidentes envolvendo crianças e adolescentes atingidos por disparos da polícia durante manifestações na província de Nampula, onde actualmente são registados 35 baleamentos.
“Temos observado o silenciamento de opiniões e a restrição do espaço cívico, especialmente em relação aos activistas sociais e políticos. Um exemplo recente é o de Arlindo Chissale, um jornalista e activista sócio político.
Diariamente, enfrentamos diversos desafios, como vigilância, perseguições e ameaças de indivíduos desconhecidos. Um exemplo específico é no grupo do WhatsApp: ao compartilhar qualquer informação, você é abordado como um estranho, sendo visto como alguém que busca causar perigo ou confrontar a sociedade, ou o Estado”, afirmou Mito Carvalho.
O activista de direitos humanos afirma que as ameaças de morte e os sequestros fazem com que os jovens de Nampula evitem uma participação cívica mais intensa, priorizando a sua segurança.
“Sou um jovem determinado, que diariamente se esforça ao máximo, especialmente para assegurar a protecção e a segurança de crianças e adolescentes. Continuarei a exercer minha função, mesmo diante de temas como ameaças, sequestros e assassinatos de cidadãos. Como defensor dos direitos humanos, seguiremos cumprindo nosso papel e não vamos desistir; permaneceremos elevando a voz daqueles que não podem se fazer ouvir e continuaremos a disseminar esses ensinamentos, especialmente em nossa comunidade, que precisa urgentemente de protecção e valorização em relação aos direitos humanos,” afirmou Mito Carvalho.
“O medo sempre estará presente, mas eu carrego a coragem, a resistência e a determinação, porque estou ciente das minhas acções, do país em que estou e da região em que me encontro, que é uma nação com esquadrões da morte. Esses grupos, que podemos considerar como pessoas, são guiados pelo governo. Portanto, não devemos permitir que o medo nos paralise, embora ele seja algo constante”, comprometeu-se Mito Carvalho.
Por outro lado, Benua Bene, uma defensora dos direitos humanos, destacou que, nos últimos meses, um número crescente de defensores dos direitos humanos e activistas sociais em Nampula tem escolhido permanecer em silêncio, motivados pelo medo, o que a deixou apreensiva.
“Atingimos um estágio extremo de repreensão e silenciamento. Vivemos em uma nação onde há indivíduos manipuladores que recorrem a tácticas questionáveis, como sequestros, silenciamento e intimidações. Nesse cenário, afirmo que estamos em uma situação bastante delicada, pois, até este momento, as pessoas são realmente coagidas a permanecer em silêncio. Caso apareçam publicamente tentando nos silenciar, há uma alta probabilidade de que isso resulte em uma falência” disse Benua Bene, reafirmando o seu compromisso de, apesar das dificuldades, continuar denunciando casos de violações dos direitos humanos que contribuem para a ilegalidade.
“Enquanto mantivermos a nossa posição em defesa dos direitos humanos, continuaremos a evidenciar as corrupções e os abusos que ocorrem. O principal mecanismo que eles utilizam para tentar nos calar é o sequestro e a intimidação, inclusive invadindo nossos lares. Essa é uma táctica que empregamos para nos silenciar, mas enquanto tivermos a liberdade de expressão, seguiremos nos manifestando”. Vânia Jacinto

 

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