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Professor universitário alerta: Investimento em informação é chave para conter a propagação de desinformação

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Com o objectivo de combater a disseminação de notícias falsas nas comunidades, sobretudo relacionadas à propagação de doenças, o professor universitário Saide Augusto ressalta a importância de as autoridades governamentais investirem na divulgação de informações oportunas para a população por meio dos meios de comunicação social.

A falta de informação, sobre a origem da cólera, tem gerado diversos conflitos nas comunidades. Em Nampula, essa prática tem se tornado frequente, resultando em mortes e causando danos significativos, como incêndios em residências de líderes comunitários e destruição de infra-estruturas públicas, como centros de saúde.

Calcula-se que no mínimo 121 indivíduos tenham morrido devido à propagação de informações falsas a respeito do surto de cólera em Moçambique, sendo que 98 dessas mortes ocorreram em um único incidente (naufrágio próximo à Ilha de Moçambique). Outras 23 pessoas faleceram em diferentes circunstâncias relacionadas à disseminação de desinformação sobre a cólera.

O professor, Saide Augusto acredita que se a informação for disponibilizada primeiro e for bem fundamentada, a desinformação não terá espaço. Segundo o professor que ministra aulas na Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique em Nampula, somente através da informação as pessoas conseguirão analisar as informações, o que é crucial para identificar qualquer informação falsa.

“Para evitar a propagação de desinformação, é fundamental compartilhar informações. Na minha visão, a falta de informação leva as pessoas a serem mal informadas e a não terem acesso à verdade. Portanto, se a informação for divulgada primeiro e criar uma base sólida para as pessoas, a desinformação não terá espaço para se manifestar. A disseminação da informação deve ser feita por parte de entidades responsáveis, como órgãos governamentais e meios de comunicação tradicionais, como jornais, televisão e rádio. É dessas fontes que as informações devem se originar”.

O professor fez uma análise quando questionado sobre o impacto da desinformação em comunidades não educadas, mencionando o recente naufrágio perto da Ilha de Moçambique que resultou na morte de 98 pessoas que tentavam fugir do Posto Administrativo de Lunga, Mossuril para a Ilha de Moçambique.

Conforme o professor destacou, “a propagação de informações falsas possui um poder significativo, até mesmo entre indivíduos bem informados. Mesmo aqueles considerados alfabetizados e bem-informados, como os presentes nas universidades, a desinformação continua sendo uma força poderosa, e se torna ainda mais impactante ao afectar os menos instruídos. Isso é especialmente observado nas comunidades rurais, onde a limitada capacidade de análise dificulta a compreensão das informações recebidas.”

Realizando uma análise mais detalhada acerca do motivo que levou os populares de Lunga a saírem em fuga após informações sobre a suposta fabricação da cólera, Saide Augusto afirma que o que de facto aconteceu foi que “as comunidades entraram em estado de pânico. Sem habilidade para analisar as informações, accionaram um instinto de sobrevivência e buscaram meios de se manter vivos”, o que resultou, eventualmente, em tragédia.

“Consequentemente, partilhar informações verdadeiras previamente pode enfraquecer a desinformação. Caso a desinformação surja primeiro e depois a informação, esta última não terá o mesmo impacto” conforme apontado pelo professor ao afirmar que apesar de ser desafiador, combater a desinformação é possível actualmente.

“Por que afirmo ser difícil? Desde o início eu mencionei que a desinformação possui um poder enorme, atingindo até mesmo a população que possui níveis de alfabetização, imagine para aqueles que não são alfabetizados. Se navegarmos pela Internet agora, é provável que nos deparamos com uma publicação falsa, noticiando a suposta morte do presidente do Irão, com textos e imagens bem elaborados, porém tudo não passa de uma mentira, uma forma de manipulação para confundir as pessoas. Essas artimanhas e mentes perversas que se proliferam aparentam ter estruturas bem elaboradas para confundir aqueles que não possuem acesso a informações verdadeiras por meio de veículos de comunicação confiáveis. Isso significa que as pessoas acreditam naquilo que veem em primeira mão como sendo verdadeiro. Da mesma maneira, assumimos como verdadeiras as coisas que encontramos na Internet”, disse o docente, explicando que mesmo para as pessoas que possuem um alto nível de instrução e conhecimento, por vezes tem caído na onda de desinformação. Nelton Sousa

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