SOCIEDADE
Mulheres viúvas sentem-se marginalizadas no discurso de Daniel Chapo

As viúvas de Nampula se sentem marginalizadas no plano de Governo do presidente Daniel Chapo. Segundo elas, o discurso inaugural não aborda em nenhum momento as questões que afectam aquele grupo social na sociedade.
Maria Amina Sebastião, Presidente da Associação de Viúvas Teresa Grigolini (AVGT) em Nampula, destacou que o plano do novo governo é bastante bem estruturado e apresenta diversas inovações, como iniciativas voltadas para a juventude e o mercado de trabalho, entre outros temas. No entanto, ela observou que, apesar das várias novidades, a questão da mulher, especialmente das viúvas, é pouco abordada no seu discurso.
“A parte referente ao suporte para mulheres viúvas que procuram construir a sua própria economia ficou ausente, pois muitas delas não têm um parceiro e precisam ser financeiramente sustentáveis. Nós, mulheres viúvas, estamos nos dedicando para alcançar nosso espaço na vida, mas enfrentamos discriminação, e não percebi nenhuma menção do Presidente Chapo sobre a resolução desse tema”, destacou a presidente da Associação de Mulheres Viúvas.
Maria Amina Sebastião, fez um apelo ao governo de Daniel Chapo, solicitando que prestasse atenção à componente de apoio destinado às mulheres viúvas, com o objectivo de melhorar as suas condições de vida.
“Uma mulher viúva enfrenta dificuldades, não possui um emprego formal e se dedica ao trabalho doméstico. O pouco que ela ganha não é suficiente para custear a educação dos filhos. Embora o governo ofereça apoio até a nona classe, ainda assim, existe exploração. Espero que o novo presidente preste atenção nessa mulher viúva marginalizada na sociedade, já que muitos afirmam ser ela quem causa a morte de seu marido”, comentou.
A Associação de Mulheres Viúvas Teresa Grigolini está em actividade há aproximadamente duas décadas. Além de seus projectos voltados para a promoção dos direitos das mulheres e a governação local, a entidade também se concentra na produção de frangos.
Durante as eleições autárquicas, recorde-se a Associação de Mulheres Viúvas Teresa Grigoline criou um manifesto, amplamente divulgado durante o período eleitoral para as eleições municipais de 2023. Entre as várias propostas, além do apoio às associações, destacava-se a necessidade de o Governo construir maternidades nos bairros e expandir os serviços de saúde, visando garantir que as mulheres tenham acesso a cuidados de saúde adequados.
“A distância entre as áreas residenciais e os centros de saúde é ainda grande. Aqueles que moram na Faina, na cidade de Nampula, por exemplo, precisam se deslocar até o Centro de Saúde 25 de Setembro, e chegam exaustos. Se uma mulher grávida não tem como se transportar e começa a sentir dores de parto à noite, ela enfrenta dificuldades para chegar ao hospital devido à longa distância”, explicou.
Maria Amina Sebastião referiu que ao elaborar um manifesto, as mulheres viúvas pretendiam chamar a atenção do governo para as suas necessidades essenciais. Segundo elas, se em uma reunião convidarem um homem para discutir as demandas da comunidade, ele provavelmente priorizará questões como estradas — pois deseja poder circular de carro — ou de bolas, devido à necessidade de praticar o desporto, como futebol.
Segundo ela, é incomum que as necessidades femininas sejam consideradas. Por isso, no manifesto, abordamos questões fundamentais como a maternidade, o atendimento básico e o combate à violência doméstica. Muitas mulheres sofrem abusos e, ao procurar auxílio na polícia, frequentemente recebem uma resposta de ‘volte amanhã’, tornando a sua situação ainda mais difícil. Além disso, destacamos a importância de ter escolas mais próximas para as crianças poderem estudar sem enfrentar longas distâncias”. Celso Alfredo
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