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Moradores de Nicutha acusam Nova Texmoque de continuar com o crime ambiental

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Os moradores e horticultores que vivem na zona de Napipine, em Nampula, continuam a reclamar sobre a possível contaminação das águas do Rio Nicutha, devido às actividades da fábrica de capulanas de Nova Texmoque.
Segundo os residentes e horticultores que entraram em contacto com a nossa reportagem, a fábrica têxtil, responsável pela fabricação de capulanas, tem despejado seus fluentes no rio sem seguir as normas ambientais adequadas, prejudicando a produção agrícola, já que a mesma água é utilizada para irrigação.
ʺ As águas despejadas na fábrica, comprometem a nossa produção, porque as folhas tem se queimado, o que faz com que as nossas plantas não desenvolvam quando usamos a água para regar.ʺ disse César Lourenço, um dos agricultores entrevistado, manifestando sua insatisfação com a situação. Ele alega que, devido à contaminação das águas do rio, os produtos cultivados às suas margens não conseguem atrair os consumidores, o que acaba resultando em prejuízos na comercialização.
A fonte disse que em diversas ocasiões os produtores se reuniram e foram até a empresa para solicitar a regularização da situação, porém até o momento a questão persiste, mesmo diante de promessas feitas anteriormente.
ʺ Tentamos ir reclamar e em resposta eles passaram a diminuir a tinta e os dias de despejo. Agora, despejam aos domingos, mas quando se avizinham datas festivas, a poluição acontece todos os dias, uma vez que também despejam todos os dias.
Há mais de seis anos, Jackson António, se dedica a produção de produtos hortícolas, próximo da fábrica têxtil Nova Texmoque, diz que a poluição das águas do rio Nicutha representa um grande desafio para os agricultores, uma vez que além de prejudicar a produção, as águas que fluem das tubagens da fábrica causam danos tanto aos produtores quanto aos moradores locais que frequentemente atravessam o rio.
ʺÉ muito difícil cultivar com esta tinta, por estragar os nossos produtos. Aquela tinta é prejudicial, quando manuseamos a tinta que vem misturada com a água, as nossas pernas ficam queimadas. Como alternativa, nos dias em que libertam a água, ficamos sem rega com este medo”, acusa, ressaltando que a situação segue um ciclo vicioso, ou seja, de acordo com ele, toda vez que há uma reclamação, a situação é resolvida temporariamente, porém depois de um tempo, a situação volta a se repetir.
Os residentes das imediações da fábrica e às margens do rio estão a enfrentar problemas desagradáveis devido aos cheiros que surgem sempre que a água da Texmoque é despejada. Tanto os moradores quanto os produtores e hortícolas pedem a intervenção das autoridades responsáveis pela fiscalização da qualidade ambiental para resolver essa situação.
Nossa equipe de reportagem foi até a indústria Nova Texmoque para investigar as acusações de poluição. O responsável pelo meio ambiente da Nova Texmoque, Orlando Hugo, afirmou que, apesar das constantes reclamações da população, a produção de capulanas não polui nenhum rio, já que a empresa possui um sistema de tratamento de águas. Segundo ele, toda a água libertada pela indústria passa pela estação de tratamento.
Nas indústrias têxteis, sempre vamos ter essas reclamações. Quero acreditar que não fazem de má-fé, porque se sentem incomodadas”, disse, afirmando que toda água libertada pela fábrica segue as directrizes ambientais indicadas. Além disso, a empresa tem se esforçado para tratar a água residual e torná-la própria para consumo.
ʺUma das recomendações que eu tenho deixado lá [nas comunidades], é de as pessoas não utilizarem a água para beber e a não ficarem expostas durante muito tempo.”, disse explicando que apesar das reclamações populares a nova Texmoque nunca ouviu falar de que alguém teria morrido devido ao uso daquelas águas.
“Em algum momento pode aparecer [a água] meio colorida, mas isso não significa que não tenha passado pelo tratamento. Aquela água foi tratada, só que devido à natureza, também dos corantes que nós usamos, em algum momento pode parecer poluída no olho do produtor, pois aprendemos que a água não tem cor.ʺ
O responsável pelo sector ambiental da Nova Texmoque acompanhou nossa equipe de jornalistas até a estação de tratamento de águas, composta por 10 tanques. Como não possuímos especialização nesse ramo, apenas ouvimos as explanações do gestor do Meio Ambiente da Nova Texmoque, Orlando Hugo.
Ele disse que a sua organização não está contente com o tratamento da água está sendo realizado, e por isso está em andamento um projecto avaliado em cerca de quinhentos mil dólares, cujo objectivo é implementar novas tecnologias no processo de tratamento da água, complementando o projecto actual. Além disso, o objectivo final deste novo projecto é garantir a reutilização da água tratada e evitar que seja despejada no rio.

AQUA ao lado da fábrica afirma que não existe contaminação das águas do rio Nicutha

A Delegação Provincial de Nampula da Agência Nacional de Controlo da Qualidade Ambiental (AQUA) informou que, após suspeitas de contaminação do Rio Nicutha pela Nova Texmoque, uma equipe realizou uma inspecção no local e constatou que não havia nenhum problema, pois a empresa estava operando segundo a legislação.
Natalia Issufo, especialista ligada ao Departamento de Investigação e Controlo da Qualidade, explicou que “o nosso trabalho consistia numa espécie de investigação, impulsionada pela curiosidade. Por outro lado, os produtores afirmavam que as manchas nas couves e alfaces que produziam surgiam devido às águas libertadas pela Texmoque. Decidimos aprofundar um pouco mais a nossa investigação para compreender o que realmente acontecia. Após várias análises, não encontramos absolutamente nada, nenhum vestígio”. afirmou, para quem as queixas dos produtores e dos residentes sobre a contaminação das águas do rio Nicutha são apenas um alerta falso. Vânia Jacinto

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