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Cadria Abudo: “Corrupção impede o país de sair da lista cinzenta do GAFI”

Em meio aos esforços do país para sair da lista cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), onde está classificado desde 2022, o professor universitário Cadria Abudo afirma que será desafiador o país ser removido da lista enquanto a corrupção persistir.
Nos últimos dois anos, o país permaneceu na lista cinzenta, mesmo após avanços em apenas 7 das 15 recomendações avaliadas pelo Grupo de Acção Financeira contra o branqueamento de capitais da África Oriental e Austral. A inclusão de Moçambique na lista cinzenta pelo GAFI foi devido a falhas estratégicas na prevenção e combate ao branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa.
O professor da Universidade Católica de Moçambique em Nacala-Porto, Cadria Abudo, acredita que, apesar de haver esforços visíveis para o país ser removido da lista, isso pode não acontecer tão cedo, devido à actual elevação da corrupção no país e à falta de comprometimento político para resolver a situação.
“A corrupção é uma das ramificações do branqueamento de capitais do qual prejudica Moçambique neste momento. Daí que, afirmar de forma categórica que Moçambique está lista cinzenta por tão-somente a corrupção, estaríamos a preterir outras causas. Mas que a corrupção é uma delas e contribui em demasia”, afirmou o professor que considera urgente intensificar o combate à corrupção em Moçambique.
Questionado se a batalha contra a corrupção fosse crucial para tirar o país da lista cinza em que se encontra, Cadria respondeu “tudo tem a ver, a partir do momento que o branqueamento de capitais é a forma de tornar um dinheiro adquirido por meios ilícitos a lícito, então, tem tudo a ver…”, disse explicando que devido à falta de vontade de terminar com corrupção vai fazer com que o país permaneça da lista por um bom tempo.
“A luta contra a corrupção deve avançar. O nosso país está em alerta cinza, a qualquer momento pode estar banido de fazer algumas transacções no estrangeiro. Daí vale a pena combater esta situação”.
Mesmo com avanços significativos no combate à corrupção e exemplos esporádicos de casos de seriedade na luta contra a corrupção nessa luta, o país ainda enfrenta um grande desafio, que só poderá ser superado com a participação de todos os sectores da sociedade.
“Em Nampula tivemos um presidente municipal chamado por Mamudo Amurane, que se destaca por conseguir, após várias tentativas fracassadas, convencer a juventude, a população e a sociedade em geral de que as coisas poderiam mudar. Ele eliminou o nepotismo na gestão municipal e deu o exemplo ao cobrar tarifas nos transportes públicos, que estavam sob a responsabilidade da autarquia. Essas acções, mesmo que pequenas, começaram a mudar a mentalidade dos moradores locais e levaram a uma significativa redução da corrupção a nível municipal. Este é um exemplo encorajador de como iniciativas semelhantes podem ser replicadas no país”, considerou.
Para o professor universitário, é fundamental que o combate à corrupção comece pela base, visto que é essencial que o sentimento de combate ao mal seja cultivado primeiramente na base e, posteriormente, no topo.
“Nosso problema está em olhar a corrupção de cima para baixo, mas não é assim que funciona. Quem pratica a corrupção está na base, então a batalha contra a corrupção deve começar pela base, indo em direcção à classe média e depois para a elite. Precisamos focar o combate à corrupção não só nos mais altos escalões, mas sim em nós mesmos”, explicou, citando exemplos práticos. “Quando vou ao hospital e a parteira pede quinhentos meticais para o parto da minha esposa, e eu não aceito, é aí que começa a luta. Se sou parado pela polícia de trânsito na estrada, percebo que tanto eu, que estou dirigindo, quanto o policial de trânsito estamos na classe média, e se cometi alguma infracção de trânsito e ele quer me multar, serei provavelmente o primeiro a dizer que não negociaremos, que ele não deve me deixar escapar da multa. Pago a multa e pronto. Este exemplo, mesmo que pareça pequeno, é fundamental para combater a corrupção”, finalizou o professor Cadria Abudo. Losangela Mussa e Raufa Faizal
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