ECONOMIA
Moçambique em alerta: Especialista prevê crise económica se manifestações de Venâncio Mondlane não, forem contidas
O economista moçambicano, Jorge Ferrão Conhaque João, prevê que se Moçambique concretizar as manifestações nos “centros da economia” do país, especialmente em sectores-chave como portos, fronteiras e principais rotas de transporte, conforme sugerido por Venancio Mondlane, candidato à presidência pelo PODEMOS, terá um impacto profundo e diversificado na economia nacional, podendo resultar em consequências severas.
O economista destaca cinco consequências prejudiciais para a economia nacional, que incluem: Interrupção do Comércio e Logística; Impacto nos Corredores de Transporte; Efeitos no Investimento Estrangeiro; Possíveis Consequências Sócio-económica e Implicações para a Política Fiscal e Monetária.
INTERRUPÇÃO DO COMÉRCIO E LOGÍSTICA
Na perspectiva de Jorge Ferrão Conhaque João, os portos e fronteiras de Moçambique são pontos cruciais para o comércio, não apenas para o país, mas também para os países vizinhos sem litoral, como Zimbabwe, Malawi e Zâmbia, que dependem dos portos moçambicanos, por exemplo, o Porto da Beira e o Porto de Maputo para suas importações e exportações.
Para ele, qualquer interrupção nas operações desses portos devido às manifestações pode “atrasar o desembarque e carregamento de mercadorias, aumentando os custos de demurrage [taxas por atraso] para transportadores e importadores; interromper as cadeias de abastecimento, afectando tanto a oferta de bens essenciais no mercado doméstico quanto às exportações, o que pode agravar a inflação local e reduzir a arrecadação de receitas alfandegárias, prejudicando a base fiscal do governo, especialmente num momento em que Moçambique já enfrenta desafios orçamentários”.
IMPACTO NOS CORREDORES DE TRANSPORTE
Para o académico, os principais corredores de transporte, como o Corredor da Beira e o Corredor de Nacala, são essenciais para a movimentação de cargas de alto valor, como carvão mineral, gás natural, e produtos agrícolas.
Daí que segundo ele, possíveis “manifestações que bloqueiam essas rotas podem resultar em aumento dos custos de transporte, tanto para o sector formal quanto para o informal, levando a um repasse de preços que pode impactar negativamente o poder de compra dos consumidores”, bem como a perda de competitividade para os exportadores moçambicanos, que podem no seu entender enfrentar dificuldades para cumprir prazos de entrega internacionais, resultando em penalidades contratuais ou perda de contratos comerciais.
EFEITOS NO INVESTIMENTO ESTRANGEIRO
Moçambique tem se posicionado como um destino atraente para o investimento estrangeiro directo (IED), particularmente nos sectores de energia (gás natural liquefeito), mineração e agricultura. Segundo Jorge Ferrão Conhaque João, protestos prolongados e a percepção de instabilidade política podem levar as empresas internacionais a reconsiderar novos investimentos ou até mesmo congelarem projectos em andamento, afectando o crescimento económico de médio e longo prazo.
Segundo o analista económico, as manifestações podem deteriorar o risco do país, o que pode levar a uma elevação nos custos de financiamento externo e ao aumento do prémio de risco nas taxas de juros.
POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS SÓCIO-ECONÓMICA
Se as manifestações persistirem, segundo Jorge Ferrão Conhaque João “é provável haver uma desaceleração económica devido à queda na actividade comercial, perda de empregos e aumento da insegurança alimentar, especialmente em áreas urbanas que dependem fortemente de produtos importados”.
Segundo ele, tal pode se manifestar em redução no PIB, à medida que sectores como transporte, comércio e logística sofrem com a interrupção de operações e com o aumento da inflação, devido à escassez de produtos básicos e ao aumento dos custos de importação.
Para além de afectar o PIB e a infracção, Jorge Ferrão Conhaque João, diz que as manifestações, “caso não sejam paradas podem deteriorar as condições sociais, com potencial para agravar tensões e desigualdades, uma vez que os grupos mais vulneráveis serão os mais afectados pela perda de acesso a bens e serviços essenciais”.
IMPLICAÇÕES PARA A POLÍTICA FISCAL E MONETÁRIA
Na óptica de Jorge Ferrão Conhaque João, as manifestações também podem gerar implicações negativas para a política fiscal e monetária, uma vez que para responder a essa crise, o governo moçambicano pode ser forçado a ajustar a sua política fiscal e monetária. No entanto, o espaço para manobras será muito limitado e segundo ele pode: “Reduzir as receitas fiscais devido à queda nas actividades comerciais pode obrigar o governo a recorrer a empréstimos, aumentando o nível da dívida pública, que já é uma preocupação significativa, bem como pode gerar pressões inflacionárias que podem forçar o Banco Central a aumentar as taxas de juros para conter a inflação, mas isso também pode reduzir o consumo e o investimento, agravando a recessão económica. Vânia Jacinto
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