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SOCIEDADE

Mantém-se lockdown nas principais avenidas da cidade de Nampula

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Munícipes de Nampula acusam polícia de transformar as ruas em zonas de medo e terror

Num momento em que o país procura voltar à normalidade após quase três meses de manifestações violentas, os cidadãos de Nampula acusam a polícia, a serviço do governo, por incutir medo e semear terror nas pessoas, ao optar por manter as principais vias e a cidade de Nampula em estado de fechamento, por meio de cancelas que interditam a passagem de pessoas e viaturas.
Os cidadãos afirmam não ter percebido o porquê que, até agora, as vias principais estejam bloqueadas por inúmeros agentes da polícia armados patrulhando essas áreas.
Apenas para ilustrar, quase toda a cidade vê suas vias fechadas à circulação habitual dos moradores. Na Avenida 25 de Setembro, existem três bloqueios: o primeiro próximo à direcção provincial das obras públicas, onde está localizado o escritório do Secretário de Estado na província de Nampula; o segundo entre a UCM e a primeira esquadra; e, por último, todas as áreas entre a avenida 25 de Setembro e o início da FPLM, que restringem o acesso ao espaço da Academia Militar.
Na Avenida Eduardo Mondlane, existem restrições em relação ao Conselho Municipal, na residência oficial do governador de Nampula, no partido Frelimo e no comando da Polícia.
Na rua da Vigilância, localizada nos fundos do comando provincial e que também leva à Assembleia Provincial, permanece interditada. Na Avenida da Independência, há também restrições de tráfego nas proximidades do edifício que abriga o Gabinete do Governador.
Os cidadãos relatam que, além de dificultar o tráfego para aqueles acostumados a transitar livremente por todas as ruas e avenidas, a imposição de restrições gera um clima de medo e uma sensação de insegurança em relação à administração pública, impactando também a comunidade.
Os habitantes de Nampula, que concederam entrevistas à nossa equipe, mas cujos nomes e imagens optamos por ocultar por razões de segurança, pedem que a polícia desobstrua as vias para permitir um tráfego mais fluido. Para eles, este é o momento de restaurar a tranquilidade e não de intimidar a população.
“Na minha perspectiva, acredito que seria benéfico que as situações de bloqueio fossem resolvidas para retornarmos à normalidade nas ruas. A impressão que temos com os bloqueios é de que ainda estamos em conflitos, porém, na minha visão, o país se encontra em paz. É o momento de liberar as vias e voltar a nos locomover livremente”, afirmou nosso primeiro entrevistado, relatando sentir uma certa apreensão.
“O temor persiste, por parecer haver uma expectativa de que o conflito possa voltar ou recomeçar. Mesmo com as ruas ainda bloqueadas, a impressão é de que estamos antecipando uma nova guerra. Assim, se realmente estamos em um estado de paz, não justificam os bloqueios”.
Um morador da cidade de Nampula também expressou sua insatisfação com o fechamento das vias, afirmando não compreender os motivos que levam à instalação de cancelas, restringindo a livre circulação das pessoas.
“Nós os munícipes da cidade não compreendemos o motivo da proibição e acredito não haver razão para as estradas continuarem fechadas. Até o momento, está aumentando o fechamento de vias e não conseguimos entender o motivo, gerando preocupação em relação a isso. Existem muitas ruas cheias de buracos; taparam apenas os troços em boas condições e deixaram de lado aqueles cheios de irregularidades. Isso gera receios e até suspeitas, e por isso eu me pergunto: por que estão proibindo o acesso a esses lugares? O que está sendo encoberto ali? O que existe nesses locais?”, perguntou a moradora.

Nossos entrevistados, solicitam ao Governo liderado por Daniel Chapo que mande libertar as ruas imediatamente, uma vez que acreditam que em Nampula já não há qualquer tipo de desordem.
“Não é necessário manter as vias fechadas. Faço um apelo ao governo para promover a reabertura das ruas. Estamos a enfrentar dificuldades para nos locomover, e um local que deveria ser próximo acaba se tornando distante. Com as vias abertas, a situação se normaliza”, comentou o entrevistado.
Barreiras da polícia desafiam a liberdade constitucional em Nampula
O professor e jurista Bogaio Nhacalaza destaca que a polícia e o governo, ao manterem as barreiras que impedem a passagem de pessoas e bens nas avenidas da cidade, estão infringindo a Constituição da República, que garante a livre circulação dos cidadãos moçambicanos.
Bogaio Nhacalaza afirma que, à luz da lei, não existem razões que justifiquem o uso das barreiras nas principais vias, especialmente agora que a nação retornou à normalidade.
“Portanto, não faz mais sentido manter essas vias fechadas. Contudo, caso sejam removidas as barreiras e se surgir algum movimento suspeito, que não esteja em linha com o que foi acordado pelo organizador das manifestações, pode haver a possibilidade de outras interdições. É importante considerar que pode haver grupos que actuam de forma independente. Algumas pessoas podem tentar tirar vantagem da situação, e, nesse caso, a polícia poderá intervir para garantir a ordem pública e proteger as instituições, caso seja necessário voltar a fechar as vias”.
PRM aponta questões de segurança como justificativa
Ao ser questionada sobre os bloqueios das vias de acesso, Rosa Chauque, porta-voz do Comando Provincial da PRM em Nampula, afirmou, sem fornecer mais informações, que a situação está relacionada a questões de segurança.
“Respomdo apenas sobre o bloqueio da via que dá acesso ao Comando Provincial da PRM, e quanto às outras vias, não posso responder porque não tenho autonomia” acrescentou Rosa Chauque. Vânia Jacinto

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