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Líderes religiosos repudiam vinculação da insurgência com a lei sharia em Cabo Delgado
Diversos líderes religiosos presentes na primeira conferência nacional da Juventude Islâmica, promovendo práticas de paz, coexistência religiosa e segurança em Moçambique,promovido pelo Conselho Islamico de Moçambique, em Nampula, entre eles José Assuate, nascido e residente de Cabo-Delgado, expressaram tristeza pelo facto de a insurgência estar sendo vinculada à religião islâmica, numa suposta tentativa de implementar a lei Sharia. Para ele, se o objectivo fosse realmente impor a lei, isso seria feito em áreas onde o islamismo não tem tanta relevância, como no Sul da província de Cabo Delgado.
A Sharia é o sistema jurídico do Islã, um conjunto de normas derivado de orientações do Corão, falas e condutas do profeta Maomé e jurisprudência das fatwas-pronunciamentos legais de estudiosos do Islã. Em uma tradução literal, sharia significa “o caminho claro para a água”.
“Se houvesse interesse em islamizar a área, seria nas regiões onde a maioria não segue o Islã, principalmente no Sul de Cabo Delgado. Como exemplo, se encontrássemos esse grupo no distrito de Montepuez, no distrito de Namuno, no distrito de Ancuabe ou em Balama, talvez nossa perspectiva pudesse dar certo. Não se encaixa”, disse José Assuate, delegado do Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) em Cabo Delgado.
A fonte comentou que na província de Cabo Delgado, o conselho islâmico de Moçambique tem promovido diversas reuniões para discutir e tentar entender os motivos por trás dos terrorismos violento. “Isso simplesmente não faz sentido. Foi justamente lá onde há uma presença significativa de muçulmanos e a crença de que precisamos introduzir a Sharia. Como podemos implementar a Sharia em um lugar onde ela já está presente? Queremos trazer a Sharia para onde ela já existe. Isso não é correcto”.
Além da ausência de bases sólidas nos objectivos, as acções que definem a insurgência está longe da paz, o qual é o principal objectivo do Islã.
“Outro aspecto sobre o comportamento daquelas pessoas com os homens, o que está em questão, estou me referindo ao que está ocorrendo, não estou aqui baseando nos estudos, peço desculpas. As pesquisas em certo momento tentam analisar especulações. E nós estamos aqui trazendo a verdade”.
Explicou que a falta de inclusão social é o principal factor que tem gerado insurgências em Cabo Delgado.
“Os habitantes locais não estão propensos à Guerra, não demonstram interesse na política e estão focados em fazer seus negócios prosperarem. Eles não se preocupam com liderança política, apenas querem ter seu barco, suas redes de pesca e se sentirem confortáveis. Esse é o perfil típico dessas pessoas, e é importante que os académicos aprofundem suas teorias ao estudá-las”, alertou, chamando a atenção para a necessidade de uma análise mais profunda.
“Durante as pesquisas, é fundamental compreender o contexto. Quando se trata de temas como exclusão política, social, pobreza e islamização, discordo totalmente. Além disso, vale ressaltar que a maioria dos líderes, segundo a realidade, não são nativos de Moçambique. Então questiono: se a intenção é islamizar Moçambique, por que não tentaram fazer o mesmo no Congo ou na Tanzânia, países onde a maioria da população é cristã?”, concluiu José Assuate, delegado do Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) em Cabo Delgado.
Assane Momade, um líder religioso que participou ao evento representando a província de Tete, criticou os actos de terrorismo que prejudicam não só o progresso do país, mas também alimentando um perigoso ciclo de radicalização do islamismo em Moçambique.
“A população confia nas informações veiculadas pela mídia, absorvendo como verdade aquilo que é reportado. Porém, ao realizarmos uma análise aprofundada sobre o conflito em Cabo Delgado, concluímos que a religião islâmica não guarda relação com os eventos beligerantes na região. Como explicado, o próprio significado da palavra Islã é paz, o que evidencia que essa crença não prega a violência. De facto, não existe nenhuma religião no mundo que incentive a guerra, seja ela islâmica ou de qualquer outra fé”.
De acordo com Latifa Ayuba, membro do Conselho Islâmico de Nampula, é angustiante e lamentável ouvir os moçambicanos afirmarem que a religião islâmica é a principal razão para a insurgência. Na visão dela, “O terrorismo não pertence ao Islã, não pertence ao cristianismo. O terrorismo não é nosso, é algo desconhecido para nós até o momento.
Latifa explicou que o Conselho Islâmico faz levantamento das mesquitas, para entender quantas existem e quem está responsável por elas, o que está sendo ensinado e outras actividades relacionadas, especialmente em comunidades que não recebem muita atenção das autoridades, ao ser onde há maior presença de insurgentes e outras actividades que, como uma simples membro, não consigo afirmar com certeza.” Elina dos Eciate e Nelton dos Santos
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