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Impotência Sexual é o terceiro motivo das consultas urológicas no HCN, especialmente nos jovens

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A disfunção eréctil (impotência sexual) ocupa o terceiro lugar entre as razões para visitas ao urologista no Hospital Central de Nampula, enquanto, ao mesmo tempo, há um aumento no consumo de estimulantes sexuais na região.

A médica residente em Urologia no Hospital Central de Nampula, Ludumina Zacarias Jonasse, afirma que, apesar de a doença geralmente ocorrer em adultos, no Hospital Central de Nampula, é comum que jovens busquem consultas urológicas com frequência.

“Estatísticas indicam que afecta 29% da população entre 40 e 49 anos, 50% entre 50 e 59 anos, e acima de 70% entre aqueles com mais de 60 anos. Entretanto, temos observado muitos casos em jovens, demonstrando que a condição pode impactar qualquer idade, sendo predominantemente uma enfermidade de homens mais velhos”.

Ludumina Jonasse afirma que a pressão decorrente de diversos desafios que os jovens encontram na sociedade contemporânea, como o stresse, hipertensão e diabete, está entre as principais razões para os altos índices de atendimento no hospital.

Entretanto, a profissional de saúde expressa sua preocupação com o aumento da automedicação, que, segundo ela, pode piorar o estado de saúde dos pacientes.

Em uma conversa conduzida por Raufa Faizal, a médica discute o campo da Urologia, os pacientes que trata, as origens da impotência sexual e, por último, oferece diversas orientações para aqueles que enfrentam problemas de disfunção eréctil, também conhecida como impotência sexual.

Confira a entrevista completa:

Jornal Rigor (JR): Como tem sido a sua experiência ao lidar com a saúde masculina no Hospital Central de Nampula, doutora?

Ludumina Zacarias Jonasse (LZJ): A urologia é uma especialidade dedicada ao cuidado de pacientes com problemas relacionados ao sistema urinário, com foco particular no sistema reprodutivo masculino. Embora tratemos um número limitado de mulheres, a maioria dos nossos atendimentos é voltada para homens.

Conforme mencionei, nossa actuação abrange o sistema urinário, que inclui a bexiga, os rins e uréteres, além de se concentrar especialmente nos órgãos genitais masculinos. Portanto, qualquer questão relacionada à saúde dos homens se encaixa na área da urologia que trabalho, e, assim, a maioria dos nossos pacientes são do sexo masculino.

O atendimento tem ocorrido regularmente, com uma adesão consistente por parte dos pacientes. É evidente que a nossa população, incluindo tanto homens quanto mulheres, ainda não desenvolveu uma cultura voltada para a prevenção. Frequentemente, recorremos aos hospitais apenas em situações de doença significativa, resultando em pacientes que já apresentam condições mais graves. Temos recebido pessoas com sintomas e sinais, muitas vezes em estágios avançados. O atendimento, no entanto, está fluindo bem, tanto nas consultas quanto nas emergências e para aqueles que estão internados.

JR: Fale-nos em linhas gerais quais as grandes solicitações dos homens nesta área?

LZJ: A disfunção eréctil, frequentemente chamada de impotência, tem se tornado uma questão bastante mencionada no Hospital Central de Nampula. Embora não possamos fornecer dados exactos anuais, acredito que a disfunção eréctil esteja entre as três principais razões para as consultas. Em praticamente todas as nossas sessões de atendimento, registamos de dois a quatro casos dessa condição por dia. Portanto, é uma queixa comum na consulta externa de urologia.

JR: Discute-se amplamente, na sociedade, a questão da disfunção eréctil. Mas o que realmente envolve essa condição?

LZJ: A disfunção eréctil, comumente referida como impotência, é definida pela dificuldade persistente ou frequente de conseguir, ou manter uma erecção que possibilite uma relação sexual satisfatória. Isso significa que a pessoa pode enfrentar problemas para alcançar uma erecção inicialmente ou, mesmo que a consiga, têm dificuldades em mantê-la durante a relação.

Pode ocorrer em indivíduos de qualquer faixa etária, embora seja mais frequente entre adultos, especialmente os mais velhos. Estatísticas indicam que afecta 29% da população entre 40 e 49 anos, 50% entre 50 e 59 anos, e acima de 70% entre aqueles com mais de 60 anos. Entretanto, temos observado muitos casos em jovens, demonstrando que a condição pode impactar qualquer idade, sendo predominantemente uma enfermidade de homens mais velhos.

JR: Doutora, quais são os factores mais relevantes que levam à disfunção eréctil? Especificamente no contexto do Hospital Central de Nampula, quais têm sido essas causas?

LZJ: As origens costumam ser de natureza psicológica, física e, além disso, podem resultar de traumas.

Aproximadamente de 10 a 20% das causas são de origem psicológica, relacionadas à ansiedade, stresse e preocupações como a falta de emprego. Essas questões têm sido responsáveis por afectar muitos jovens. Actualmente, é evidente que a depressão e o stresse estão em alta devido ao padrão de vida e ao elevado desemprego, o que, de certa forma, contribui para o aumento da incapacidade ou disfunção sexual.

Entre as causas orgânicas, podemos mencionar a hipertensão, uma condição bastante reconhecida, além dos problemas cardiovasculares que também podem levar à disfunção sexual. Outra causa frequente é a diabete. Portanto, se alguém estiver enfrentando disfunção ou impotência sexual, é fundamental buscar orientação médica.

Conforme mencionei, há diversas razões que podem levar a essa condição, e a maneira mais eficaz de abordar o problema é identificando e tratando a sua causa. A disfunção eréctil pode ser resultado de diversos factores, não se limitando apenas à ansiedade ou depressão, podendo também estar ligada a doenças subjacentes. Por exemplo, se a pessoa tiver diabete, é fundamental que, para melhorar a sua função sexual, se trate essa condição básica que está causando a disfunção. Portanto, se alguém está enfrentando dificuldades em manter uma relação sexual, meu conselho é procurar um hospital para o paciente poder ser avaliado e identificar a origem do problema. Somente compreendendo a razão principal é que podemos buscar uma solução efectiva. Se apenas tomar medicamentos, posso até conseguir um resultado temporário, mas isso não vai resolver a situação a longo prazo. Se a causa for diabete e os níveis de açúcar estiverem altos sem tratamento, qualquer medicação será ineficaz.

JR: Quais são os indícios de que uma pessoa que enfrenta esse transtorno pode estar lidando com dificuldades de erecção?

 LZJ: Para um homem perceber que está enfrentando uma disfunção eréctil, existem diversas etapas envolvidas. Primeiro, há a libido, que se refere ao desejo sexual, uma fase em que o homem imagina que deseje se envolver sexualmente. Em seguida, ocorre a fase física, a erecção. Após a erecção, temos a fase da ejaculação e, por fim, a fase do orgasmo. Durante a fase de libido, que representa o anseio por intimidade, a presença de stresse pode dificultar essa conexão. Mesmo que a companhia da namorada seja agradável, se ele estiver preocupado com questões como a falta de emprego, mesmo com um curso que não concluiu há cinco anos, essa ansiedade pode interferir em seu desejo sexual.

JR: Doutora, temos ultimamente observado a venda de diversos estimulantes sexuais, tanto tradicionais quanto convencionais, nas ruas. O mesmo ocorre nas farmácias, onde os jovens são os principais consumidores. Quais são os efeitos que o uso desses estimulantes, sejam eles tradicionais ou convencionais, pode ter na vida de um homem?

LZJ: Todo medicamento que não é prescrito tem suas consequências. Isso porque os remédios não autorizados pelo hospital não foram devidamente avaliados, e quem os busca muitas vezes ignora suas dosagens adequadas. Quando alguém procura esses produtos, conhecidos como “coelhinhos”, não tem clareza sobre a dose correcta a ser utilizada. Ao consultar um médico no hospital, o profissional, considerando os sintomas apresentados, pode indicar uma quantidade que ajude a resolver o problema. Ao adquirir medicamentos sem receita, existe o risco de adquirir uma quantidade excessiva, o que pode levar a efeitos indesejados posteriormente.

O uso excessivo de medicamentos pode levar a lesões nos órgãos genitais ou no pénis, impactando negativamente a função sexual. Por outro lado, utilizar uma dose inadequada pode não atender às expectativas do jovem, resultando em mais frustrações. Portanto, é fundamental evitar a automedicação, seja ela tradicional ou convencional. A melhor abordagem é buscar ajuda em uma unidade sanitária, pois mais de 90% dos casos de disfunção eréctil são tratáveis, e existem diversas opções de tratamento disponíveis. Isso inclui apoio psicológico, identificação de causas médicas, medicamentos prescritos por profissionais de saúde e injecções específicas.

Outra razão são as causas traumáticas, onde pacientes que sofrem acidentes na região da pelve podem acabar desenvolvendo uma disfunção eréctil. É possível que esses indivíduos necessitem de intervenções cirúrgicas, dependendo da origem do problema. Portanto, o mais aconselhável é que busquem uma unidade sanitária para receber o tratamento adequado.

JR: Apenas para concluir, e com a intenção de auxiliar aqueles que enfrentam essa questão, mas ignoram seu tratamento, quais são os caminhos que levam até este ponto de urologia?

LZJ: Temos a via Banco de Socorro, que consiste na transferência da unidade sanitária para atendimentos externos em urologia.

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