Especialista denuncia crime ambiental na poda irresponsável de acácias em Nampula

O especialista em Engenharia Ambiental, Amílcar Raja, alerta para a necessidade de atenção aos riscos para o meio ambiente, que incluem o aumento da poluição do ar e impactos no ciclo hidrológico, o que pode acarretar sérios problemas para os munícipes de Nampula se as autoridades locais persistirem nas práticas inadequadas de pode de árvores nas avenidas e ruas da cidade.

Todos os anos, a autarquia de Nampula realiza uma tradicional limpeza na cidade, que envolve o corte de toda a vegetação, resultando na morte de diversas plantas, especialmente acácias. Com a chegada do novo Presidente, Luis Giquira, as autoridades decidiram inovar nesse processo, deixando apenas pequenos galhos ao invés de cortar tudo.

O ambientalista critica tanto a primeira quanto a segunda, argumentando que a extracção nas circunstâncias actuais pode colocar em risco a vida dos cidadãos, que dependem dessas mesmas plantas para respirar ar limpo.

Conforme relato, a poda inadequada de árvores pode impactar de maneira negativa na qualidade do ar respirado pelas pessoas que dependem da fotossíntese realizada pelas árvores.

“As árvores desempenham um papel fundamental na natureza. As árvores são essenciais para a vida humana e para a fertilização do solo. Elas facilitam a absorção da água, oferecem sombra e contribuem para o processo de evaporação. Portanto, ao derrubarmos uma árvore, reduzimos a taxa de evaporação e, consequentemente, afectamos a qualidade das chuvas. Além disso, as árvores absorvem o dióxido de carbono e liberam oxigénio, possibilitando a nossa respiração. Sem as árvores, a qualidade do ar seria comprometida, o que não é benéfico para o meio ambiente.”

Amílcar Raja também critica o facto de as autoridades municipais optarem por realizar podas anuais, justificando que isso é feito de maneira inadequada.

Raja diz que os gestores municipais de Nampula devem realizar a poda das árvores a cada três meses, seguindo os padrões adequados de copa, a fim de permitir o crescimento saudável de cada árvore.

“Inicialmente, seria efectuado o corte das copas das árvores em determinada área, permitindo que as árvores se regenerarem. Enquanto isso, proceder-se-ia com a poda das copas em outra área. Dessa forma, seria possível perceber um impacto imediato, uma vez que se evitaria o aquecimento excessivo na cidade devido à falta de absorção de calor pelas árvores e evapotranspiração”.

O ambientalista afirma que a poda é fundamental, pois de acordo com suas palavras, ajuda a evitar o acúmulo de insectos e assegura uma boa visão nas estradas, já que segundo ele, “quando uma árvore cresce demais, pode atrair mosquitos e outros insectos, prejudicando a visibilidade das vias. Dessa forma, ao diminuir a copa das árvores, estamos garantindo que não ocorra o acúmulo de insectos ou outros animais que possam se esconder, além de reduzir a probabilidade de impactar na visibilidade da estrada”.

O especialista em meio ambiente afirmou que o corte de árvores realizado em Nampula está gerando impactos negativos para a saúde do ecossistema local, podendo aumentar a poluição do ar e interferir no ciclo da água, essencial para o regime de chuvas. Ele explicou que as árvores absorvem dióxido de carbono e liberam oxigénio, sendo imprescindíveis para a qualidade do ar que respiramos. Portanto, sem as árvores, a qualidade da chuva pode ser afectada directamente.

Porém, os moradores locais da cidade de Nampula expressam sua insatisfação com a poda excessiva das acácias na região, onde são retirados todos os galhos, deixando somente o tronco e algumas folhas.

“Podar as árvores da cidade não é um problema, porém o problema ocorre ao retirar todas as folhas, o que não é adequado para os moradores desta cidade. Seria mais apropriado reduzir a quantidade de folhas. Por exemplo, temos moradores neste município que passam a maioria do tempo caminhando e, às vezes, procuram uma sombra para descansar, mas agora não conseguem encontrar. As folhas das árvores proporcionavam sombra suficiente, e os taxistas estão enfrentando dificuldades, sendo que agora precisam improvisar com lonas para se protegerem do sol em cima das árvores” relatou Felisberto Momade, que trabalha como taxista na cidade de Nampula.

“Quase todas as ruas do centro da cidade estão desertas. Sob o sol escaldante, nós mesmos criamos nossas próprias sombras para nos proteger. O Presidente teve a ideia de podar todas as árvores, e se tomou essa decisão é porque deve ter pensado a respeito. Não se deveria agir de maneira tão irresponsável em relação ao meio ambiente, as pessoas precisam reflectir antes de agir. Nós trabalhamos das 4 da manhã até às 19 horas”, reclamou Memória Geral, outro morador entrevistado por nós no centro da cidade de Nampula.

Outra fonte que optou por manter o anonimato mencionou que o Conselho Municipal está sendo irresponsável ao não cumprir as directrizes ambientais. “ Neste contexto, tenho dois pontos de vista, um negativo e outro positivo. Em relação ao meio ambiente, é importante não realizar o corte de árvores em períodos inadequados, uma vez que isso pode causar danos ambientais. O Conselho Municipal precisa contar com profissionais especializados no assunto, que saibam identificar o momento correcto para a poda de árvores, evitando fazê-lo em momentos inapropriados”.

Conforme mencionado pela fonte, o actual momento não é o mais adequado para podar árvores, complicando a situação. “Por exemplo, agora em que estamos, a necessidade de sombra é fundamental para toda a população desta cidade.

Durante a comunicação com o Conselho Municipal de Nampula, Júlio Sumail, director do Departamento de Comunicação e Imagem, esclareceu que a nova técnica de poda adaptada às árvores foi cuidadosamente planificada pela própria administração municipal. Elina Eciate