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Activistas em Nampula denunciam dificuldades em defender os direitos humanos
Com a proximidade das próximas eleições gerais em Moçambique, activistas dos direitos humanos em Nampula afirmam que está se tornando cada vez mais difícil ser defensor dos direitos humanos, devido à crescente onda de intimidação, especialmente para aqueles que costumam expressar suas opiniões utilizando os meios de comunicação social ou as redes sociais.
Palmira Revula, defensora dos direitos humanos e activista social sediada em Nampula, destaca as dificuldades enfrentadas para exercer a sua actividade, devido às constantes ameaças que os activistas enfrentam. Mesmo diante dos desafios, ela afirma sua determinação em prosseguir na luta pelos direitos humanos, apesar das ameaças e pressões frequentes, principalmente por parte dos detentores de poder político.
“Acreditamos que nossas acções desagradam a poucos, principalmente aqueles que estão no poder. Todos sabem que o país se tornou uma empresa, onde um pequeno grupo está saqueando e nos deixando praticamente sem perspectivas para o futuro”, disse explicando que mesmo diante de obstáculos e ameaças, não irá desistir e acredita que, mesmo enfrentando intimidações, os activistas continuarão lutando pelos direitos democráticos.
“Enfrentamos diversos desafios, e um deles está relacionado com a interpretação desses grupos aos quais nos referimos, que às vezes nos olham como inimigos da nação, aqueles que estão traindo o povo. No entanto, sabemos que esses rótulos são criados para desestimular nosso trabalho, ao ficar evidente que nossa actuação sempre teve como prioridade a defesa, protecção e promoção dos direitos humanos, e não apenas outras causas que consideramos desprovidas de valor na vida humana”.
Palmira Revula afirma que apesar da crescente tendência de repressão e fechamento do espaço cívico, mantém o optimismo de que haverá activistas prontos e mais resilientes.
“O nosso trabalho tem impactado grandes camadas da sociedade, principalmente jovens, mas também alguns funcionários públicos que, em certa medida, compreendem nossa causa. No entanto, por questões adversas, ainda não se manifestaram. Portanto, podemos concluir que, dependendo do cenário, poderemos ver um aumento no número de jovens activistas engajados nessa nobre luta.
Segundo Gamito dos Santos, que também actua na defesa dos direitos humanos em Nampula, os políticos não apreciam o trabalho dos defensores e evitam ser fiscalizados, acreditando que Moçambique lhes pertence, ordenando a supressão dos activistas.
“Sabemos que os responsáveis por calar um activista são frequentemente os políticos, pois estes não apreciam o trabalho de um defensor, exercendo pressão e controlo. Muitos políticos acreditam que o país é de sua propriedade e que devem agir conforme sua vontade”.
De acordo com Gamito dos Santos, o activista se torna incómodo para os políticos, ao carregar a voz da maioria, daqueles que desejam se expressar, mas não têm coragem de fazê-lo. Isso se torna uma perturbação, ao representar os sentimentos reais da população, suas vivências quotidianas, carregando consigo as necessidades daqueles que gostariam de ser ouvidos pelos tomadores de decisão.
“O activista é a voz do povo, enquanto muitos políticos apenas ocupam seus assentos para defender seus próprios interesses, deixando de lado as necessidades reais da população”, considera dos Santos.
Perante as ameaças que tem recebido diariamente, Gamito vai permanecer determinado e atento ao sofrimento do povo, mesmo que isso signifique sacrificar a própria vida.
“A fé é a última coisa a morrer, temos esperança de que vamos nos livrar desta gente um dia. Espero que esse momento chegue o mais rapidamente possível. Sabemos que sempre haverá mortes, mas também é verdade que nenhuma mudança revolucionária ocorreu sem derramamento de sangue, nenhuma transformação do sistema aconteceu sem perdas humanas. Portanto, estamos prontos para enfrentar a possibilidade de morrer, sabemos que haverá sacrifícios e aceitamos enfrentar as adversidades que diariamente enfrentamos, pois não são apenas agressões físicas, mas também agressões psicológicas, ligações anónimas que recebemos muitas vezes com intenções maliciosas contra nós mesmos”, disse explicando que tem estado a optar por ignorar tais atitudes e “seguimos adiante com nosso trabalho, que é nada mais do que o exercício pleno da cidadania que todos deveriam abraçar”.
Segundo a fonte, a única forma de demonstrar engajamento é protegendo o próprio país, mesmo que ele esteja passando por um período de opressão.
“A única maneira de demonstrar o activismo é exercendo a cidadania, mostrando à população que não podem desistir de seu próprio país. Muitas vezes os jovens, em especial, fazem esse discurso frágil e falsificado de se acovardar, alegando ter receio de represálias. Não podemos nos calar nem deixar de reivindicar nossos direitos, pois este país pertence aos moçambicanos. Devemos consciencializar a juventude de que esta nação nos pertence e não podemos abandoná-la. Se desistirmos, estaremos traindo a geração de 25 de Junho, que conquistou a independência sob grande sofrimento. A Frelimo, que lutou pela independência, transformou o colonizador branco em colonizador negro, que hoje nos oprime e escraviza. Devemos demonstrar a eles que somos capazes e a juventude deve estar preparada para enfrentar essas adversidades”. Elina Eciate e redacção
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