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Corrupção desenfreada toma conta das maternidades de Nampula

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Mulheres grávidas e mães de bebés recém-nascidos estão insatisfeitas com o atendimento de baixa qualidade e cobranças indevidas na maior parte das maternidades espalhadas pela província de Nampula.

 Algumas mulheres grávidas e mães entrevistadas pela nossa equipe de reportagem, na cidade de Nampula, vila de Nametil em Mogovolas, Namina em Mecubúri, bem como na vila sede do distrito de Moma, na província de Nampula denunciam supostos actos de corrupção realizados pelas enfermeiras que trabalham naquelas unidades de saúde.

 Segundo as nossas entrevistadas, “lava mão” ou “simplesmente refresco” é uma expressão utilizada pelas enfermeiras para receberem dinheiro de suas pacientes. O custo pode variar dependendo da região, com valores entre 100 e 600 meticais em zonas rurais, como Namina, Moma e Mogovolas, e chegando a 2000 meticais na cidade de Nampula.

Em certas unidades de saúde, as acompanhantes de mães grávidas são incumbidas de realizar tarefas para as enfermeiras, tais como lavar roupa, trazer lenha de casa e preparar refeições. O Rigor foi apresentado como práticas nos Centros de Saúde de Moma, Mogovolas e Namina, em Mecubúri.

“No último mês, minha filha deu à luz ao meu neto. Na maternidade, nos pediram para pagar a taxa de trezentos meticais, mas como não tínhamos, tivemos que oferecer dois cachos de banana. Além disso, eu mesma cozinhei para as enfermeiras.”, relatou uma mãe que vamos chamar de FX. Ela acrescentou: “Aqui em Namina, ninguém dá à luz no hospital sem pagar algo, por isso muitas mães ainda optam por ficar em casa”, denunciou.

 De acordo com relatos de nossas fontes, a gravidez na cidade de Nampula se tornou algo extremamente complicado devido aos altos índices de corrupção que se instalaram nas unidades sanitárias. Segundo elas, quem não pode pagar por cuidados de saúde pode enfrentar grandes dificuldades durante todo o processo de parto.

“Estou grávida há 8 meses, falta um mês para o parto. Fiz o registo tranquilamente, mas estou preocupada com medo do pior acontecer, ao considerar o que uma pessoa sem recursos enfrenta neste hospital. Aqui, quando uma pessoa vem para dar à luz, é basicamente abandonada, sendo exigido que pague entre 500 e 2000 meticais antes de receber o atendimento”, afirmou OJ, criticando a troca de profissionalismo por corrupção por parte das profissionais afectas junto ao Centro de Saúde de Nampaco. Para ela, oferecer um lanche ou lavar as mãos deveria ser um gesto feito por vontade própria, jamais em troca de um serviço público.

 AJ um outra mãe disse o que passamos a citar: “Aqui no Centro de Saúdes de Muhala a situação é outra, te deixam a sua própria sorte, você morre ou não, as enfermeiras simplesmente dizem a culpa é sua, mantêm relações sexuais aí e ganha-dinheiro, nós é que vamos vos atender sem dinheiro?

SA, mãe de um bebê recém-nascido com duas semanas de vida, compartilhou sua experiência e afirmou que não guarda recordações positivas do dia em que deu à luz seu filho. Isso se deve ao facto de que as enfermeiras exigiram o pagamento de 600 meticais, porém ela só possuía 500 meticais, o que resultou em um atraso no atendimento.

 “Dei o parto ao nascimento do meu filho no Centro de Saúde 25 de Setembro, ao chegar na maternidade, me solicitaram 600 meticais. No entanto, só consegui pagar 500, pois não tinha os outros 100. Mesmo assim, fui atendida. Quando comuniquei que faltava o valor, as enfermeiras entenderam a situação e prosseguiram com o procedimento do parto, sem que eu pudesse questionar para que serviria essa quantia, devido ao meu estado de saúde debilitado”.

As denunciantes solicitam que as autoridades competentes intervenham para solucionar o problema.

 A médica chefe pela Província de Nampula, Celma Xavier, diante da difícil situação, admitiu que a corrupção esteja presente em algumas unidades de saúde na cidade de Nampula, porém negou que tal prática ocorra fora da cidade. Em outras palavras, segundo a nossa entrevistada, a sua instituição tem recebido apenas reclamações e denúncias no âmbito da cidade. A fonte acrescenta que, até o momento, nenhum caso foi relatado nos distritos.

“Ainda não recebemos nenhuma denúncia desses distritos. É uma situação que precisaremos investigar, principalmente nessas maternidades, mas temos registado, sim, casos de reclamações em algumas unidades de saúde onde nós mesmos nos deparamos com isso. Não podemos negar que essa situação ocorre em nossas unidades de saúde, por haver essas queixas em algumas ocasiões. Confirmamos que esses casos realmente existem, mas em relação aos valores praticados não nos é fornecida essa informação”, afirmou a médica incentivando as vítimas a denunciarem.

Segundo Celma Xavier, a principal função do profissional da saúde é cuidar adequadamente do paciente, por meio do tratamento e cura das doenças, e aqueles que não cumprem com essa missão são penalizados com rigidez.

Como ilustração, foi ressaltado pela fonte que, no ano passado, dez enfermeiras de Saúde Materna Infantil que actuavam na principal unidade de saúde do Norte do país (Hospital Central de Nampula) foram demitidas devido a práticas de extorsão.

“No Hospital Central de Nampula, devido a práticas indevidas, ocorreu a demissão de 10 enfermeiras da área de Saúde Materno Infantil. Isso demonstra que não ignoramos essas situações, e sempre buscaremos informações para confirmar se são verdadeiras. Medidas disciplinares serão tomadas conforme o estatuto e a gravidade do erro ou falta cometidos”, afirmou Celma. Ela destacou que o sector que lidera manterá sua postura rigorosa. Elina Eciate e Raufa Faizal

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