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Cicatrizes de um protesto que virou tempestade nas últimas 48 horas em Nampula
A destruição em larga escala de instalações públicas, incluindo esquadras de polícia, escolas e hospitais, além de saques em propriedades privadas, como lojas, armazéns e pequenas barracas e assassinatos de civis e agentes da Polícia da República de Moçambique, bem como o bloqueio das estradas, é o resultado dos últimos dois dias das manifestações relacionados à validação dos resultados das eleições, que confirmaram a vitória de Daniel Chapa e do partido Frelimo.
Até agora, na cidade de Nampula, duas esquadras foram consumidas pelas chamas: a terceira e a quinta, ambas situadas no famoso bairro de Namicopo. Nesse bairro , uma série de lojas e barracas de comércios foram alvo de ataques e actualmente estão desocupadas. Os moradores enfrentam dificuldades para realizar compras, o que os leva a uma situação de potencial escassez de alimentos, já que a maioria das famílias não possui reservas de produtos alimentícios de primeira necessidade em suas casas.
Além de postos policiais e viaturas destruídas e da morte de dois membros da PRM, um na terceira esquadra em Nampula e outro no distrito de Malema, os protestantes depredaram e roubaram o centro de saúde em Namicopo, assim como uma casa de hóspedes da residência do Arcebispo de Nampula, onde todos os pertences foram levados.
Em Namicopo, a Escola Secundária Marcelino dos Santos foi consumida pelas chamas, prejudicando completamente o bloco administrativo da instituição. Há também registos de diversas escolas, tanto públicas quanto privadas, nessa mesma situação.
Em diferentes bairros da cidade de Nampula, foram registados episódios de vandalismo e incêndio, com destaque para dois Postos Administrativos Municipais, um localizado em Muatala e outro em Natikire. Neste último, houve também a queima do posto de controlo policial.
No bairro de Matadouro, o comércio local também não escapou. Os manifestantes destruíram tudo que tinha no mercado 25 de Junho.
Em Napipine, Murrapaniua e Carrupeia, diversos mercados foram fechados, e os donos de pequenas barracas estão transportando seus produtos para casa. Isso aconteceu após o primeiro dia das manifestações 23.12, quando os manifestantes saquearam os bens das barracas de comerciantes de outras nacionalidades, que são os principais fornecedores de produtos de primeira necessidade na cidade de Nampula.
Nossos correspondentes nos distritos da província de Nampula também informam sobre uma situação caótica, marcada pela destruição e pelo furto de bens tanto públicos quanto privados, com lojas e armazéns sendo os principais alvos. Há também casos de vandalismo em fábricas, especialmente no distrito de Nacala-Porto, considerado o centro econômico da região, onde há relatos de mortes, embora os números exactos ainda não tenham sido confirmados.
Nampula à beira da crise de escassez de alimentos
A crescente onda de violência, roubos e saques, resultou no encerramento de todos os postos de combustíveis. Isso gerou uma escassez de combustível na região. Algumas vendas ocorrem apenas nos bairros, onde por exemplo, meio litro de gasolina é comercializado por preços que variam entre 75 e 100 meticais, de acordo com a localização .
Além da escassez de combustível, a oferta de farinhas de milho e arroz em lojas comerciais é praticamente inexistente, assim como a disponibilidade de peixe. Isso resulta em uma alta valorização e demanda por esses produtos.
Caso a situação permaneça semelhante ao que ocorreu nos dois últimos dias, Nampula deverá enfrentar uma escassez de alimentos, o que resultará em uma necessidade urgente de assistência humanitária.
Autonomia dos manifestantes coloca jornalistas em risco
Os trabalhadores da área de comunicação social têm enfrentado dificuldades para realizar a cobertura adequada das manifestações, em razão da crescente hostilidade direccionada a esses profissionais. Os manifestantes demandam completa autonomia, evitando a atenção da mídia, e, por essa razão, todos os jornalistas, mesmo que apareçam claramente identificados, acabam sendo atacados. Os manifestantes afirmam que a maioria dos veículos de imprensa está vinculada ao partido Frelimo, o que resulta na divulgação de informações tendenciosas.
Repórteres do Rigor tentaram capturar fotos e outros registros em Namicopo, buscando documentar a situação, mas foram alvos de ataques. Nesse bairro, que é um dos mais afectados da Cidade, dois jornalistas da TV Sucesso também sofreram agressões enquanto realizavam a cobertura das manifestações. Redacção
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