ACAMO revela que deficientes visuais são as verdadeiras vítimas das manifestações pós-eleitorais

A Associação dos Cegos e Amblíopes de Moçambique, em Nampula, afirma que as manifestações organizadas por Venâncio Mondlane estão causando efeitos negativos na vida das pessoas com deficiência visual, tornaram difícil para a camada a prática da actividade de mendicidade nas ruas da cidade em diversas regiões do país.

Osório Muianga, Secretário provincial da ACAMO na província, compartilhou suas preocupações em uma entrevista ao Rigor, destacando que muitas pessoas com deficiência visual vivem da mendicidade, que consiste na prática de implorar a outros que concedam um apoio, muitas vezes um presente em dinheiro, com pouca ou nenhuma expectativa de reciprocidade. Esta actividade acontece maioritariamente nas ruas e estabelecimentos comerciais da cidade.

Osório Muianga mencionou que, devido às manifestações, esses locais(ruas e estabelecimentos comerciais da cidade) permanecem fechados, resultando em dificuldade para se alimentar entre essa população.

A fonte informou que a maioria das pessoas com deficiência visual enfrenta dificuldades para encontrar emprego e garantir a sua subsistência.

“Nesse preciso momento que decorrem as manifestações, as lojas não são abertas, onde eles são chamados para ir lá. Aqueles membros que fazem negócio, nesses dias, não chegam a arrumar, porque têm medo de serem invadidos e vandalizados, por conta das manifestações. Outros membros nossos vivem por meio de ajuda das famílias, por exemplo, as famílias ajudam em fazer machambas. Portanto, as manifestações estão a nos prejudicar, porque temos medo”.

Assim, Osório Muainga, que ocupa o cargo de secretário da instituição, antecipa que se as manifestações se estenderem, um número crescente de deficientes visuais poderá enfrentar dificuldades para garantir a sua subsistência, chegando até a correr o risco de fome, visto que dependem da ajuda de outros.

“Sabe se que maior número de nós, estamos desempregados, caso as manifestações se prolonguem, as pessoas com deficiência vão ficar limitadas para a sua sustentabilidade. Muitas pessoas com deficiência, principalmente visual, preferem fazer pequenos negócios e posso prever que outros podem vir a morrer de fome”.

O secretário da ACAMO expressou sua preocupação e solicitou aos representantes políticos que promovam diálogos para encerrar as manifestações, pois as pessoas com deficiência visual dependem apenas de doações.

“Não há nada que se resolva, sem conversas, eu peço aos actores políticos para conversarem para que isto, fique ultrapassado. Porque sempre ouvimos notícias tristes, ora estão a morrer pessoas, estabelecimentos são vandalizados e seria melhor que dialogassem para o fim das manifestações”, pediu.

Sendo que as pessoas com deficiência visual, têm reclamado da falta de oportunidade no acesso ao emprego.

Osório Muainga, que também é jornalista, pede que haja intensificado as políticas de inclusão para pessoas com deficiência visual, este que considera que ainda continua a não se fazer sentir no país, principalmente na província de Nampula.

“Muitas pessoas, não têm tido a oportunidade de emprego e o acesso ao emprego tem sido muito difícil, porque ainda continua a descriminação, eles pensam que muitos de nós, não temos competência, mas nós mesmos que somos pessoas com deficiência, temos algumas actividades que somos capazes de realizar”. Vânia Jacinto