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PRM com apadrinhamento da Procuradoria solta em circunstâncias sigilosas Vaquina Arnaldo Saranque após denúncias de perseguição a opositores em Nampula
Menos de um dia depois da acusação sobre um esquema de sequestro de indivíduos vistos como ameaças ao governo, que supostamente contaria com a participação da Polícia, a PRM soltou ao final da tarde desta Segunda-feira (9.12.2024), o empresário Vaquina Arnaldo Saranque, mas durante o período da manhã a porta-voz rejeitou as acusações de sequestro de opositores e prometeu investigar para apurar a verdade.
Recordamos que além do mencionado empresário, o activista dos Direitos Humanos, Gamito dos Santos, que tornou público este e mais três casos — sendo supostamente dois em Namaita e um em Nacala — afirmou que a polícia na província de Nampula estava perseguindo, sequestrando, prendendo e até mesmo assassinando indivíduos em suas casas ou nos locais de trabalho.
O incidente envolvendo Vaquina Arnaldo Saranque ocorreu quando ele foi sequestrado em frente à sua casa, localizada no bairro Militar de Nampula. Até ontem, após oito dias, permanecia desaparecido, mas o activista dos Direitos Humanos trouxe à tona dados que provaram que Vaquina estava sob custódia no Comando Provincial da Polícia.
Apesar de ter apresentado os factos, a Polícia da República de Moçambique em Nampula afirmou que não tinha informações sobre o desaparecimento de Vaquina.
“Este é um novo dado que recebemos neste momento, mas iremos entrar em contacto com as subunidades, para ter este dado e iremos nos pronunciar noutros momentos”, disse Rosa Chaúque, porta-voz da PRM em Nampula, nesta Segunda-feira, no seu relatório semanal.
Poucos detalhes estão disponíveis sobre a soltura de Vaquina, mas o certo é que ele estava preso ilegalmente nas instalações do Comando da PRM em Nampula, onde a porta-voz afirmou que não estava detido.
Numa entrevista ontem, Gamito dos Santos acreditava firmemente que os sequestradores eram membros da polícia da República de Moçambique, pois a esposa da vítima relatou que foram abordados em frente à sua residência por um veículo da marca Mahindra, de cor branca e sem placas de inscrição, onde estavam policiais à paisana.
Além disso, o defensor dos direitos humanos declarava que Vaquina recebia alimentos enviados de casa, os quais eram entregues junto à guarda no Comando Provincial da PRM em Nampula. Em uma dessas entregas, a família fez uma simulação para que Vaquina pudesse trocar de roupa, o que ocorreu com êxito. De acordo com Gamito, a família recuperou as roupas que ele usava no momento do sequestro, além de uma carta escrita por ele, contendo a sua assinatura.
“Nós orientamos a família para simular entrega de refeições citando seu nome, os oficiais receberam, isto em três dias seguidos e nesta senda o Vaquina teria feito uma carta de pedido de socorro, segundo ele estava sofrendo de torturas dos agentes. Já neste Domingo simulamos a entrega de peças de roupa para trocar, os oficiais receberam e das celas trouxeram a roupa que ele trajava no acto do sequestro. Será que não são provas suficientes?”, relatou Gamito dos Santos, numa entrevista exclusiva.
A soltura de Vaquina ocorreu em um momento em que os comerciantes do mercado central de Nampula, sob a liderança do defensor dos Direitos Humanos, Gamito dos Santos, se preparavam para uma manifestação programada para hoje (10.10.2024) em frente ao Comando provincial de Nampula.
“Quando estávamos prestes a submeter a carta de manifestação no Conselho Municipal de Nampula, recebemos uma chamada anónima informando que ele [Vaquina Arnaldo Saranque] estava livre. Procurei por ele e, de facto, ele está vivo e sã. Também ficamos a saber que a soltura teve apadrinhamento da Procuradoria que emitiu um Termo de Identidade e Residência a favor de Vaquina”, relatou Gamito dos Santos, bastante preocupado com a violação dos Direitos Humanos em Nampula.
Ao ser questionada sobre a soltura, na noite desta Segunda-feira, 9.12.2024, a porta-voz, Rosa Chaúque, reiterou que não tinha informações sobre o ocorrido.
“Eu disse que, naquele instante, era uma informação nova. Até agora, ainda não tenho certeza se isso é verdadeiro, ou seja, se realmente a PRM fez um sequestro ou não. Amanhã, se eu analisar o relatório de hoje, poderei dar uma informação, mas essa informação não constitui a verdade. Por isso, afirmei que entraria em contacto com as subunidades para depois trazer uma confirmação”. Vânia Jacinto e Raufa Faizal
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