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SOCIEDADE

Molide Júnior alerta que a falta de políticas claras de uso de solo alimenta a invasão de terrenos em Nampula

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O sociólogo moçambicano, Molide Júnior, afirma que as autoridades locais do Estado favoreceram a ocupação e divisão de terrenos pelos cidadãos, devido à falta de políticas definidas sobre a utilização de terras na cidade de Nampula.
O sociólogo afirma que, no actual século, é incoerente haver áreas urbanas dedicadas à criação de animais ou à agricultura, enquanto milhares de cidadãos carecem de acesso à terra. Essa situação leva muitos a aproveitar as turbulências sociais para ocupar terrenos que consideram que deveriam ser destinados à sua habitação.
“Enquanto moradores de uma cidade semelhante à nossa, muitos cidadãos se revoltam devido ao uso inadequado de áreas específicas. Quando uma pessoa é proprietária de um grande terreno, espera-se que ele seja utilizado para construir infra-estruturas, seja para a comunidade ou uso particular, ou até mesmo para actividades agrícolas. Essa situação provoca tensões sociais que podem culminar em ocupações, pois a população sente que esses espaços lhes pertencem. No entanto, é apenas o município, em conluio com os donos, que se apodera dessas áreas, sem apresentar um projecto social que beneficie a todos.”
Molide Júnior orienta os governantes municipais a direccionarem mais recursos para a questão da habitação. Ele destaca que há várias áreas nos centros urbanos que estão subutilizadas, intensificando a insatisfação da comunidade.
“Se a cidade não possui áreas adequadas devido à resistência de certos proprietários em permitir que o município realize acções, podemos considerar alternativas nos arredores, como no distrito de Nampula, que também disponibiliza terrenos. Estou me referindo ao lado de Mogovolas, próximo a Anchilo, e outras localidades onde as autoridades municipais poderiam estabelecer uma colaboração com o governo do distrito, proporcionando espaço para a população. Com essa iniciativa, seria improvável discutirmos sobre a ocupação indevida de propriedades, já que muitas pessoas não têm onde residir”.
Molide Júnior, afirma que a ocupação de terrenos que ocorre em diversas áreas da cidade de Nampula não pode ser vinculada aos protestos em decorrência dos resultados das eleições de 9 de Outubro, mas sim às frustrações que os cidadãos moçambicanos sentem sobre a distribuição da riqueza.
O académico diz que cada convulsão social e cada manifestação que ocorre no país, representam uma espécie de culminância de uma revolução que já ressoava nas mentes das pessoas,”que esperavam apenas pelo momento certo para agir. Portanto, isso não se restringe apenas à luta liderada por Venâncio Mondlane; ele é, na verdade, um suporte para a população”, observou o sociólogo.
“Se você prestar atenção, quem realmente conhecia o PODEMOS antes? Quem era Venâncio? É verdade que ele tinha certa relevância devido às suas experiências em partidos políticos e na Assembleia da República, mas não gozava da notoriedade que possui actualmente, resultado da busca pela chamada verdade eleitoral. O povo viu como apropriado lutar pela sua forma de justiça, que não é necessariamente eleitoral, uma vez que, em alguns momentos, pode até perder a crença de que isso trará respostas. Contudo, eles querem reivindicar justiça em relação a questões que consideram dignas de serem tratadas de acordo com as suas expectativas”.
Molide Júnior afirma que a invasão é uma manifestação do desejo da população de residir na cidade, onde se sente segura e tem a oportunidade de acessar serviços essenciais, como comércio, educação e saúde, entre outros.
“Em contrapartida, esses mesmos locais acabam se tornando um terreno fértil para que criminosos cometam agressões e roubos, podendo até levar a ataques fatais contra os indivíduos. Quando existe uma grande área disponível, imagine-se que seria possível estabelecer algumas infraestruturas de uso privado ou público, ou até mesmo desenvolver actividades agrícolas, sempre com cercas e segurança adequadas; no entanto, em certas situações, isso não se concretiza e a comunidade acaba ocupando esses espaços” afirmou o sociólogo. Celso Alfredo

 

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