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SOCIEDADE

Maurício Régulo diz que é urgente reescrever a história de Moçambique

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O académico moçambicano, Maurício Régulo, afirma que, considerando o cenário político actual do país, é fundamental que Moçambique reavalie a noção de heróis e reescreva a sua história.
Em uma extensa conversa com o RIGOR, Maurício Regulo, professor de História na Universidade Lúrio, menciona que há diversos aspectos da História de Moçambique que foram apresentados segundo os interesses daqueles que estavam no poder na época, mas que, com a passagem do tempo, não foram revisados.
“Actualmente, as circunstâncias mudaram. Os protagonistas políticos são diferentes e a maneira de encarar as questões também se alterou. Não tenho a intenção de distorcer a história, mas é essencial que ela seja narrada conforme os eventos realmente ocorreram. Somente dessa maneira nossos processos podem conquistar credibilidade, tanto nacional quanto internacionalmente”, afirmou Maurício Régulo.
Quanto aos heróis moçambicanos, embora considere sem validade e desprovida de base legal a recente decisão de Venâncio Mondlane, ex-candidato nas eleições de 9 de Outubro, que designou o dia 18 de Março como dia dos heróis moçambicanos, e que também apresenta uma série de nomes para heróis, Maurício Regulo aponta que parte desse cenário pode ser atribuída à inadequada interpretação da história nacional.
“De acordo com a nossa constituição, a criação de um dia dedicado aos heróis é considerada ilegal de um lado. Por outro lado, essa decisão não possui carácter obrigatório, por ser emitida por um órgão que não detém poderes legalmente estabelecidos. A menos que esse órgão busque a inclusão disso na constituição ou em outras leis pertinentes”, afirma Regulo, apresentando alguns pontos para reflexão.
“Outro aspecto a ser considerado é a definição do termo heróis. A primeira interrogação é: quem são esses indivíduos? A segunda é: qual a contribuição deles para a sociedade? Ao reflectir sobre essas duas questões, é interessante observar o que o VM7 menciona e os motivos pelos quais confere o título de heróis a essas pessoas. Acredito que, ao adoptarmos essa visão, percebemos que existem muitos heróis desconhecidos. Assim, surge a noção de inclusão, independentemente das condições em que os actos ocorreram. Contudo, também reconheço que o VM7 pode ter exagerado um pouco ao conceder esse título. Entretanto, por não ser algo obrigatório, isso acaba não tendo grande relevância”.
Maurício Régulo enfatiza a necessidade de uma acção mais ágil por parte do Governo de Moçambique, pedindo que o ex-candidato à presidência seja incluído nas conversações em curso. Caso contrário, corre-se o risco de o país se tornar, gradativamente, um Estado fracassado, como a Somália.
“Se a posição de ser o segundo candidato mais votado lhe oferece algum tipo de vantagem, creio que o presidente deveria utilizar essa oportunidade que o VM7 representa e convidá-lo a colaborar. Na minha visão, vivemos em um país onde a tensão já foi acesa e a qualquer momento pode ocorrer uma explosão. Além disso, a sociedade está insatisfeita com tudo e com nada ao mesmo tempo. Portanto, o que é comunicado pelo Governo à população se resume a ”distracções”, comentou e prosseguiu:
“As respostas para essas irregularidades estão na necessidade de reavaliar a nossa história. Ele [Venâncio Mondlane] menciona seus heróis, afirmando que Samora, Mondlane e outros foram alvos do regime da Frelimo. Para aqueles que não testemunharam esses eventos, essas afirmações podem soar como ‘falsidades’. Portanto, existe uma responsabilidade de esclarecer a verdadeira narrativa sobre o que realmente ocorreu com essas pessoas”. Raufa Faizal

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