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Falta de recursos educacionais: UniRovuma desmente alegações de má gestão e apontam falhas nos procedimentos administrativos

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Apesar de reconhecer dificuldades financeiras, a Universidade Rovuma afirma que os estudantes matriculados naquela instituição de ensino localizada no Norte do país não estão tendo problemas para acessar a internet, escassez de material de avaliação e ausência de aulas práticas ou excursões, e superlotação das salas de aulas que chegam a ter entre 60 e 80 alunos. Segundo a Uni Rovuma, a necessidade de seguir os procedimentos administrativos para a aquisição de bens e serviços a nível do Estado causou alguns problemas no início do ano de 2024, mas isso não está directamente relacionado à má gestão, como sugeriram alguns professores.

“Não estamos lidando com má administração, enfrentamos essas dificuldades devido aos trâmites do Estado para aquisição de bens e serviços, e se você não seguir, é considerado culpado, podendo sofrer consequências criminais ou administrativas”, explicou inicialmente o Assessor responsável pela área de Administração e Finanças da Universidade Rovuma, José Baptista, durante uma entrevista extensa que foi utilizada, na maioria, para refutar as acusações dos professores sobre supostos problemas na gestão que estão afectando as actividades de ensino na Uni Rovuma em Nampula.

José Baptista admitiu que os alunos da Universidade enfrentaram desafios para acessar a rede, escassez de material de avaliação e ausência de aulas práticas ou excursões, com excepção das salas cheias com até 80 estudantes nos meses de Fevereiro e Março. Isso se deu devido às questões financeiras, já que o orçamento do Estado foi aprovado em Janeiro e disponibilizado apenas meses depois, causando problemas com a internet e outras questões.

José Baptista mencionou que o governo de Moçambique implementou um novo sistema de gestão do património do Estado, no qual todas as despesas relacionadas a bens e serviços são pagas segundo as novas regras. Ele explicou que essa mudança contribuiu para os desafios enfrentados pela Universidade nos primeiros meses do ano, logo após a aprovação do Orçamento do Estado.

“É necessário compreender que nos últimos três anos, o Estado tem enfrentado grandes desafios financeiros. É visível que algumas instituições estão passando por dificuldades. Ao visitar uma instituição, é possível observar cortes de energia e falta de recursos para pagar despesas básicas de água, luz e segurança. Em Nampula, há instituições públicas onde os funcionários precisam contribuir para comprar papel e imprimir documentos, além de trazer papel de casa. Este ano, a situação financeira foi uma das mais difíceis em comparação com os anos anteriores. Essas questões foram problemáticas no início do semestre, em Fevereiro e Março, porém foram completamente resolvidas”, disse que a Uni Rovuma tem conseguido colocar a máquina a funcionar mesmo no meio de inúmeras dificuldades.

Segundo a fonte, “é necessário compreender que no começo do ano, estamos sujeitos ao orçamento. O orçamento para este ano foi aprovado quase em Janeiro. Ao se aprovar o orçamento, não quer dizer que ele esteja imediatamente disponível para uso, ele aparece apenas como números, em nossas contas e sistemas, esse dinheiro ainda não está acessível. Por esse motivo, algumas coisas ainda não estavam disponíveis. Havíamos assinado todos os contratos de serviço, bem como outros contratos com o visto do tribunal administrativo, porém não tínhamos permissão para efectuar nenhuma compra até que o orçamento estivesse disponível”.

José Baptista afirma que uma das principais formas de financiamento das principais despesas da Universidade Rovuma é por meio da cobrança de propinas. Ele menciona que as taxas pagas pelos estudantes, incluindo inscrições, matrículas, certificados e cerimónias de graduação, são essenciais para o funcionamento da instituição. Segundo ele, sem essas receitas, a universidade teria dificuldades para pagar pela segurança, manutenção da limpeza das salas de aula e iluminação, pois o Estado só cobre os salários dos funcionários. Ele ressalta que, na maioria das vezes, o Estado destina seus recursos para despesas menores. José também destaca que, nas três províncias onde a Universidade Rovuma opera, não há falta de papel. Ele menciona que houve uma escassez no início do ano, entre Fevereiro e Março, mas que o problema foi resolvido desde então.

Neste momento, segundo o assessor de Administração da Universidade Rovuma, a instituição possui fundos disponíveis e está em processo de mobilização para assegurar o suprimento completo de materiais para o restante do segundo semestre.

Sobre salas numerosas

Segundo a fonte, na Uni Rovuma não há salas com excesso de alunos, variando de 60 a 80 estudantes. “A Universidade Rovuma é uma instituição de ensino superior e não enfrenta problemas com salas superlotadas, por possuir salas com capacidade para 30, 40 alunos, além de anfiteatros com capacidade para até 150 alunos”

A fonte desafia a nossa reportagem a verificar pessoalmente a estrutura das salas, afirmando que a universidade tem total capacidade de acomodar seus estudantes adequadamente.

Segundo a fonte, a Uni Rovuma segue um regulamento académico que estabelece que o número de alunos em uma sala de aula deve variar entre 20 e 35 anos, portanto, a queixa dos estudantes em relação às turmas numerosas não é verdadeira, ressalta.

“Nas instituições de ensino superior em Moçambique, encontramos três modalidades de aulas. Há as chamadas aulas de seminário, que acontecem em ambientes amplos como anfiteatros e salas maiores, com a presença dos alunos e de um orientador. Outra opção são os pro-seminários, ministrados nos cursos de graduação, que também ocorrem em salas espaçosas. Além disso, temos as salas de colóquio. Convido a todos para participarem das aulas e conferirem se as salas estão cheias ou não”.

Segundo José Baptista, a Uni Rovuma está promovendo aulas práticas e excursões regularmente nos últimos tempos, incluindo estudantes de todos os seus campi em Nampula, Niassa e Cabo Delgado.

“Acreditamos que a pessoa que forneceu a informação pode ser de um curso que possivelmente não realizou excursão. No entanto, temos registos que confirmam as aulas práticas realizadas em Cuamba, Montepuez, Nacala e aqui em Nampula. Em Nampula, as práticas são realizadas na faculdade de Ciências Alimentares e Agrárias em Namaita, onde os estudantes praticam no campo ao redor de suas salas de aula. Não temos conhecimento de que práticas vocês estão se referindo”, explicou, destacando que a falta de realização de certas actividades está relacionada à distância e limitações financeiras. “Se uma prática não foi realizada, talvez o professor tenha escolhido um local muito distante, como Manica, Tete e Montepuez, onde ocorreram nos anos anteriores.”

Mas alunos ainda sofrem com falta de internet e papel

Apesar das garantias do sector administrativo da Uni Rovuma de que a instituição superou a maioria dos desafios, como a disponibilidade de internet e papel em quantidade suficiente para o ano académico de 2024, os alunos afirmam que ainda há falta de internet e que os papéis de avaliação estão sendo vendidos a dez meticais para cada cadeira, durante as avaliações.

Os alunos que mencionam a ausência de condições sanitárias adequadas nas salas de aula, nas casas de banho, estão frustrados com a falta de estrutura para um ensino de qualidade.

“São diversos obstáculos. Ao adentrar nessa instituição de ensino superior, nunca imaginei que enfrentaria essa situação. Inclusive cogitei trancar a minha matrícula e procurar outras faculdades”, relatou um dos alunos que frequenta a Uni Rovuma, acrescentando “Durante os encontros para troca de experiências com colegas de outras universidades, nós nos sentimos inferiorizados devido às condições que nos faltam em comparação com eles. Diante do Instituto Politécnico, UCM, UniLúrio e Universidade Mussa Bin Bique, a nossa universidade sempre acaba em desvantagem, seja em relação à internet, à higiene ou à falta de carteiras escolares”, lamentou.

Em relação ao problema da conexão de Internet, um estudante mencionou: “Quando você tenta se conectar à rede da Uni Rovuma, aparecem várias opções de WiFi disponíveis. No entanto, todas elas são protegidas por senha, tornando difícil para nós acessarmos. Cada aluno deveria ter sua própria senha de WiFi, mas não é o que acontece. Para conseguir a senha, é preciso ter muito contrato com pessoas influentes”, criticou.

Apesar de realizarem pagamentos semestrais, os alunos continuam insatisfeitos com a falta de papéis de avaliação. Eles seguem comprando individualmente cada folha por dez meticais.

“Em diversas ocasiões tentamos manifestar nossa insatisfação, porém não obtivemos resposta alguma. Nos prometem que vão resolver a situação, mas a questão permanece sem solução. Desembolsamos 1000 meticais a cada semestre para obter papel para qualquer tipo de teste, porém durante os exames somos obrigados a pagar por 10 folha a cada folha”, relatou um aluno que destacou que, no segundo semestre do ano passado, após as reclamações, os alunos passaram a receber apenas uma folha em branco de tamanho A4 para utilizarem como rascunho, enquanto continuam pagando pela folha de avaliação.

Os alunos do curso de engenharia informática frequentemente se queixam da falta de energia eléctrica constante, o que acaba prejudicando o andamento das aulas.

Outra preocupação é a ausência de condições de limpeza nas salas de aula e nas casas de banho “A falta de água é um problema sério, tanto aqui quanto nas salas anexas da academia militar onde estamos tendo aulas. Desde o início de Fevereiro até ontem, a água só saiu uma vez, sem falar nas condições nas casas de banho que estão péssimas. Logo na entrada, sentimos um mau cheiro terrível.” Vânia Jacinto

 

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