ECONOMIA
Caos no Waresta: 25 barracas destruídas por balas perdidas

A Polícia da República de Moçambique, em Nampula, é acusada de ter provocado o incêndio em 25 barracas no mercado grossista do Waresta, utilizando balas, algumas reais e outras de gás, que teriam gerado circunstâncias para o fogo.
São bancas dedicadas à comercialização de uma variedade de produtos alimentares, além de 8 armazéns que oferecem diferentes produtos, com destaque para coco e milho. No leque das bancas também contam-se oficinas mecânicas que operam no mercado. A maioria das barracas era de construção precária, utilizando materiais como pau-a-pique e capim, embora algumas das instaladas fossem barracas tradicionais, erguidas com blocos de cimento e coberta de chapas de zinco.
A situação deixou os comerciantes do Mercado em estado de apreensão, especialmente os vendedores de milho, que testemunharam seu produto ser transformado em cinzas.
Bartolomeu Joaquim foi um das testemunhas oculares e relata como tudo aconteceu.
“A polícia quando chegou aqui no Waresta, começou a disparar gás lacrimogéneo e balas verdadeiras lá fora primeiro, depois entrou aqui. Daí que uma bala de gás lacrimogéneo veio cair em cima do armazém de cocos e começou arder, e alastrou-se o fogo, porque o armazém era de capim. Até às 19 horas, a polícia estava aqui a controlar aqueles que queriam entrar nas barracas”, relatou.
Outra testemunha relatou: “Isso aconteceu às 16h, quando a polícia tentava conter os manifestantes que estavam aqui, evitando que atirassem contra as pessoas. Uma das balas atingiu o armazém de coco, que pegou fogo e, consequentemente, incendiou estas bancas que estão aqui”, este entrevistado admitiu ter participado da manifestação.
Assim, os donos das bancas expressam seu pesar pela perda e afirmam estar desorientados, pois, conforme mencionam, contavam com as pequenas infraestruturas para viabilizar as suas actividades comerciais.
“Dependíamos destas bancas para a nossa alimentação, mas a polícia já colocou fogo. Foi a polícia quem incendiou, não foi o povo. Estamos cansados, pois não nos respeitam. Eles nos matam e ainda nos tiram o pouco que temos; você acha que podemos fazer o quê? Não tivemos acesso à educação, dependemos do comércio, e quando tentamos isso, a polícia aparece. A quem podemos recorrer?”, questiona um dos vendedores que presenciou sua barraca sendo consumida pelas chamas.
Outro vendedor afirma estar em desespero. Com seus produtos completamente queimados, não sabe como será o seu futuro a partir de agora.
“Como vamos viver assim? Se esse Moçambique também é nosso, a vida está difícil, não é fácil viver aqui. Não temos a quem pedir socorro, digo não temos, porque não estou sozinho, outros colegas também foram incendiadas as suas barracas. O governo é quem está nos matando, agora quem vai nus ajudar? Nós pedimos misericórdia a Deus, para que alguém de boa-fé nos ajude, nos ajude a se reerguer”.
Além das perdas nas bancas, o Rigor soube, por meio do responsável pelo mercado, Santos Silva João, que os manifestantes danificaram um comércio e levaram alguns itens electrónicos, incluindo um computador e um sistema de som.
João Santos Silva expressa sua preocupação em relação à conduta dos jovens, que, além de se manifestarem, têm escolhido se envolver em actos de vandalismo.
“É de lamentar, mas não temos como, mesmo lamentando nós, os oportunistas vão aderindo aquilo que são as palavras da pessoa que está ordenando, mas não temos o que dizer, é só esperar o que o futuro vai trazer. As pessoas deviam sentir porque as infra-estruturas não são construídas de dia para noite, foram anos para construir e um minuto serem destruídas”, afirmou Santos Silva João. Vânia Jacinto
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