ECONOMIA
Avenida do Trabalho torna-se epicentro da venda informal em Nampula, desafiando a ordem urbana

Vendedores instalaram uma anarquia e negam qualquer forma de colaboração
Os comerciantes informais que no passado muito recente exploravam os passeios para a venda de vários produtos, agora começaram a usar a faixa das estradas destinada a veículos para expor as suas mercadorias.
A situação é facilmente percebida na Avenida do Trabalho, que integra a Estrada Nacional Número Um. Ao longo dessa avenida, a situação se torna mais evidente durante o troço que vai da estação ferroviária até a famosa zona da padaria Nampula. Esse mesmo quadro se observa na região da Faina, Muaco wa n’vela e na zona da memória (na avenida do trabalho) e na estrada de Rapale, mais concretamente defronte do Mercado Waresta, onde, além de a situação impactar o trânsito habitual de peões, também afecta o tráfego de veículos.
Em uma tentativa da nossa equipe de reportagem de entender os motivos que levam à ocupação das vias para a venda de produtos, os comerciantes afirmam que utilizam a estrada porque os passeios estão alagados e cobertos de lama devido às chuvas intensas. Ao perguntarmos por que optam por vender nas ruas, em uma cidade com vários mercados, a resposta é não haver locais adequados disponíveis nos diferentes mercados.
“Não temos como evitar essa situação; se optarmos por comercializar outros sítios, ninguém se interessa. Por isso chegamos a este ponto na estrada, na esperança de que alguém decida comprar connosco. Não estamos fazendo isso por vontade própria, mas sim em busca de meios para sobreviver”, disse Ali Magaia, ressaltando que, embora haja o risco de ser atropelado, não possui outra opção.
Horácio Amisse, outro entrevistado, que vende na zona da Padaria Nampula, afirma que às vezes realiza vendas nas vias devido à superlotação dos mercados.
“Os espaços no mercado pertencem a pessoas específicas e, se tentarmos nos aproximar, somos informados de que aquele local já é ocupado. Por exemplo, no mercado dos Belenenses, afirmam que os espaços têm proprietários estabelecidos e não é permitido perturbar, já que eles são veteranos. Portanto, nossa presença aqui é para atrair os motoristas que passam, incentivando-os a realizar compras connosco”, explicou Horácio Amisse, outro comerciante da avenida do trabalho.
“Não temos emprego, nossa actividade consiste em vender na estrada para conseguirmos algo para nos alimentar; aqui estou satisfeito. A única pessoa que pode nos ordenar sair é Venâncio; se ele não se manifestar, não teremos como sair. O presidente que seguimos é Venâncio”, afirmou Cigaró João.
Uma munícipe, Sónia Sidat Moda, que entrevistamos, caracterizou a situação de comércio na avenida de trabalho como extremamente arriscada. No entanto, ela menciona que as circunstâncias da vida podem forçá-la a aceitar esse tipo de sacrifício.
“Os riscos existem tanto para os compradores quanto para os vendedores, mas há uma especificidade nesse contexto. Aparentemente, isso não acontece intencionalmente; é a realidade que os força a agir dessa maneira, permitindo-lhes, ao menos, obter algo. Por exemplo, aqui na estrada, eles têm clientes, e para mim também é simples efectuar uma compra”, comentou Sónia Sidat.
O vereador responsável pelos Mercados e Feiras no Conselho Municipal de Nampula, Augusto Tauncha, admitiu que a situação das vendas nas estradas é preocupante. Ele destacou que as autoridades locais estão implementando uma campanha de limpeza nos mercados e nos passeios onde os vendedores actuam, visando assegurar que nenhum comerciante opere nas vias públicas, especialmente diante da resistência em se deslocar para os mercados.
Além disso, o vereador mencionou que, ao mesmo tempo, está em andamento uma campanha de consciencialização para retirar os vendedores ambulantes dos passeios e ruas e direcioná-los para os mercados, completamente negligenciados, mas enfrenta certa resistência.
“Iniciamos nossas actividades no mercado Waresta, exactamente por causa dessa questão. Estamos focando nos pontos mais críticos. Antes, o mercado Waresta era um local bastante complicado, e é difícil para as pessoas se desassociar do que é prejudicial. Os vendedores criaram uma situação de desordem devido a essas manifestações; por isso, é essencial promover a consciencialização. Estamos colaborando com a equipe de salubridade, pois aqueles que estão no CFM vendem em áreas inundadas de lixo. Estou em contacto com um colega da área de salubridade para remover esse entulho e tirar esses vendedores da rua, uma vez que, de facto, eles estão bloqueando a passagem. Estamos trabalhando nisso de forma contínua”.
O vereador apontou que a maioria dos comerciantes que utilizam a Avenida do Trabalho para as suas actividades vem do bairro de Carrupeia.
“Há um mercado lá que foi construído e não está sendo usado, foi vandalizado, então são eles que vandalizaram e depois não têm espaço, vão para estrada, para esses trabalhamos para devolver para o mercado de Carrupeia, os outros para o pinto Soares e Comauto. Há muitas alternativas, como disse a temperatura política envenenou-os não é muito fácil para convencer a eles a saírem para os mercados”. Vânia Jacinto
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