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Arcénio Cuco: “Ossufo Momade parece ter se inspirado na estratégia de Dhlakama para se manter no poder”

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O académico Moçambicano, Arcénio Cuco, diz que os incidentes do último Domingo, durante a reunião do Conselho Nacional da Renamo, em Maputo, mostram claramente a intenção de Ossufo Momade de se manter no poder a força, pese embora a pressão exercida pela classe académica no seio da perdiz.

Cuco diz que “Ossufo Momade parece ter se inspirado na estratégia de Dhlakama para se manter no poder”. A fonte alerta que nos próximos dias “serão realizadas várias manobras para eliminar todos os que actualmente têm aspirações dentro da Renamo”.

Numa extensa entrevista apresentada abaixo, Arcénio Cuco também fala da demora de indicação dos candidatos para as eleições presidenciais de Outubro na FRELIMO e no MDM.

Para a Frelimo, Cuco diz “as divisões e as distintas maneiras de pensamento dos membros da Frelimo reflectem exactamente a diversidade de opiniões no partido e que isso também influencia a escolha do candidato da Frelimo para as eleições de 2024”.

Cuco diz que o silêncio no MDM demonstra o estado crítico que se encontra o partido, mas outro motivo tem a ver com a intenção do movimento em se coligar com a Renamo. “Outro factor relevante que corrobora com o que estamos dizendo é a intenção de se coligar com a Renamo”

Na entrevista, Arcénio Cuco, enfatiza a importância de os movimentos sociais, a sociedade civil e as universidades investirem no ensino dos princípios democráticos, a fim de promover uma compreensão genuína da cidadania nas agremiações políticas.

 Cucu afirma que a violência não deve prevalecer, nem a origem militar dos partidos, em processos tão significativos quanto à selecção de candidatos eleitorais.

 Arcenio Cucu que é docente universitário que estuda sobre processos de democratização, política internacional, conflitos, violência e crime, comenta na entrevista sobre as eleições e antecipa alta abstenção eleitoral, devido à desmotivação principalmente dos jovens com os actuais eventos dentro da RENAMO.

 

Jornal Rigor (JR): Prof., qual é a importância, tanto para você quanto para a democracia, dos eventos do último fim-de-semana na Reunião do Conselho Nacional do partido Renamo, onde praticamente foram negados os direitos de manifestação e reivindicação dos jovens que se sentem excluídos na reunião?

Arcenio Cuco (AC): Um dos renomados colunistas de Nampula, Juma Aiuba, em seus escritos abordou sobre a forma da actuação da Renamo ao longo da história. De acordo com ele, quando a FRELIMO comete um erro em determinada situação, a Renamo opta por recuar dez passos ao invés de tirar proveito das falhas de seu principal oponente. Os acontecimentos deste último Domingo evidenciam claramente que a Renamo parece buscar maneiras de criar obstáculos para si mesma.

JR: A Renamo precisou accionar as autoridades policiais que têm sido alvo de ataques da propria Resistencia Nacional de Moçambique em circunstâncias semelhantes. Qual o significado disso?

AC: É importante compreendermos que as forças policiais desempenham um papel crucial na protecção de pessoas e propriedades em todo o território nacional, independentemente da área ou afiliação política. É responsabilidade das forças de segurança evitar conflitos que possam resultar em distúrbios. O objectivo da Polícia é prevenir incidentes que afectem a segurança pública e resultam em violência. Essa é a maneira padrão de actuação da polícia. Se essas pessoas tivessem acesso àquele espaço, poderiam ocorrer situações que levariam a confrontos. Portanto, as forças de segurança, especialmente a polícia, seriam responsabilizadas por não garantirem a ordem e a tranquilidade pública.

JR: O que este obstáculo quer então dizer para a nossa Democracia?

 AC: As ocorrências actuais evidenciam a necessidade de um esforço contínuo para fortalecer a Democracia em Moçambique. É fundamental compreender que o país ainda é relativamente jovem, o que indica que ainda há um longo percurso a ser percorrido É fundamental ressaltar que, actualmente, os principais partidos em Moçambique ainda têm como base a militarização, sendo originários de movimentos armados, o que indica que levará um longo tempo para se desenvencilhar dessa mentalidade bélica. Nota-se que os generais de destaque permanecem com grande influência dentro desses partidos. Portanto, é necessário um esforço sério para consciencializar os partidos moçambicanos de que a Democracia não deve ser associada à violência.

Precisamos evidenciar que a violência e a origem militar dos partidos não devem prevalecer em processos tão significativos como este em que estamos envolvidos, relacionado às eleições que devem fortalecer a Democracia no país.

 JR: Professor está indicando que os partidos estão correctos, todos os eventos estão relacionados ao facto de nossa democracia ser recente?

AC: Não! Estou enfatizando a importância de um esforço sério para que esses partidos compreendam que a democracia não deve ser alcançada através da violência. Esse processo requer tempo, é fundamental que os movimentos sociais, a sociedade civil, em geral, e as instituições académicas continuem trabalhando incansavelmente para promover a consciência cidadã nos partidos políticos, demonstrando que a violência e a mentalidade militar não devem prevalecer em momentos cruciais como o actual, que envolve o processo eleitoral.

JR: Os principais partidos em Moçambique, sendo a Frelimo, a Renamo e o MDM, optaram por não revelar os seus candidatos às eleições, até ao momento. Essa falta de divulgação, o atraso e a atmosfera de mistério em torno disso, o que representa para você?

 AC: Considero bastante complicado explicar esta situação. Até o momento, a história dos nossos processos eleitorais nunca nos apresentou uma situação semelhante àquela que estamos enfrentando em Moçambique actualmente. É relevante notar que a transição entre Chissano e Guebuza foi extremamente tranquila, com o presidente Guebuza tendo tempo mais do que suficiente para construir sua imagem em Moçambique e para as pessoas poderem compreender que aquela figura representava os ideais do partido Frelimo. Houve uma pequena turbulência na transição entre Guebuza e Nyusi, porém isso foi resolvido internamente pelo partido com a indicação de novos candidatos com chances de serem eleitos dentro da Frelimo. Esta situação é inédita para a Frelimo, então precisamos aguardar para compreender melhor a estratégia que o partido está desenvolvendo neste momento para indicar seu candidato.

Na história da Renamo, é sabido que a realização de congressos antes das eleições sempre foi um desafio. Afonso Dhlakama sempre esteve presente nessas situações. No entanto, Ossufo Momade parece ter se inspirado na estratégia de Dhlakama para se manter no poder, mesmo indo contra os estatutos da Renamo. Actualmente, a Renamo conta com membros capacitados que questionam a liderança quando esta não respeita as normas estabelecidas.

Isso indica que provavelmente serão realizadas manobras para eliminar todos os que actualmente têm aspirações dentro da Renamo. Percebeu-se que nos últimos dias, existem candidatos em potencial que nem mesmo foram convidados para a reunião do Conselho Nacional.

 O MDM, venho dizendo isso repetidamente, é um partido que se encontra em um estado crítico. Está em um estado de declínio tão grave que, neste momento, nem sequer indicou um candidato, reflectindo claramente a situação crítica em que o partido se encontra actualmente. Vale ressaltar que nas eleições passadas, o partido não obteve mais do que um município, sendo este município conquistado justamente no reduto tradicional do partido. Outro factor relevante que corrobora com o que estamos dizendo é a intenção de se coligar com a Renamo. Isso é um sinal evidente do estágio crítico onde o MDM se encontra.

JR: Qual a razão por trás desse movimento na Frelimo? Será que haverá tempo hábil para um candidato se candidatar no prazo estabelecido?

 AC: Actualmente, ocorrem mudanças na Frente de Libertação de Moçambique. Estamos passando por um período de renovações. Devemos lembrar que a história da Frelimo sempre foi marcada pelos antigos combatentes. É necessário que a nova geração presente busque uma nova forma de actuação na Frente de Libertação de Moçambique, pois o discurso apresentado pela organização de Juventude moçambicana difere do que é defendido, por exemplo, pela ACLLIN, um dos órgãos sociais do partido Frelimo.

Acredito que as divisões e as distintas maneiras de pensamento dos membros da FRELIMO reflectem exactamente a diversidade de opiniões no partido e que isso também influencia a escolha do candidato da FRELIMO para as eleições de 2024. Isso tem um grande impacto, cada grupo terá que apoiar um candidato específico, gerando divergências em relação à posição sobre qual pessoa dentro dessas visões dos membros do partido deve representá-lo nas próximas eleições. Essa é a questão central no momento. Raufa Faizal

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