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Recondução de Mário Jorge Caetano Brito dos Santos gera insatisfação entre professores da Universidade Rovuma em Nampula

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Alguns professores da Universidade Rovuma em Nampula estão frustrados com o Chefe de Estado, Filipe Nyusi, devido à sua decisão de manter Mário Jorge Caetano Brito dos Santos como Reitor da mencionada universidade. Eles argumentam que essa escolha representa um sério risco para a reputação da instituição, que tem sido mal administrada.

Os professores justificam essa posição destacando que Mário Jorge Caetano Brito dos Santos não possui mais a capacidade de liderar a Universidade, ao exercer essa função desde os tempos em que a instituição fazia parte da Universidade Pedagógica, onde actuou como director e foi posteriormente nomeado reitor.

“É motivo de surpresa para muitos cidadãos. Ele dirige a Universidade desde nos tempos de UP, por que não designar ninguém diferente?”, afirmou um dos professores entrevistados, destacando que “ao se permanecer por muito tempo em um mesmo lugar, em determinado momento acaba estagnado. É o que acontece actualmente na UniRovuma”.

Segundo os professores, o reitor reeleito não tem se empenhado o suficiente para garantir que a Uni Rovuma alcance a excelência esperada. De acordo com eles, a universidade não tem mais oferecido o ensino de qualidade, e tanto a pesquisa quanto à extensão têm sido negligenciadas.

“Para esclarecer, não temos certeza se nosso reitor reside em Nampula ou em Maputo. Foi aberto um escritório em Maputo, onde ele passa a maioria do tempo. Em termos práticos, ele fica 29 dias em Maputo e apenas 1 dia em Nampula. Até mesmo os documentos são enviados para ele assinar lá”, afirmou um docente, lamentando que tenha sido novamente escolhido pelo Presidente da República. Nossos entrevistados destacaram que essa escolha demonstra a proximidade e amizade que o reitor tem com o Presidente da República.

O Rigor descobriu que no Conselho Universitário, apenas o nome de Mário Jorge Caetano Brito dos Santos constava na acta enviada ao Presidente, juntamente com outros 4 nomes de professores que concorriam ao cargo de vice-reitores, académico e administrativo. Isso indica que Mário dos Santos goza de certa popularidade.

No entanto, os professores afirmam que os nomes foram enviados apenas na esperança de que o Presidente da República, assim como se faz em outras universidades, nomeie uma nova figura na instituição. “A maioria dos docentes decidiu não concorrer, com receio da ditadura instalada na organização, onde a cultura do medo foi institucionalizada”.

Além de Mário Jorge Caetano Brito dos Santos ser reconduzido como Reitor da Universidade Rovuma, o Presidente da República também escolheu José dos Santos Baptista, um profissional da instituição, e Ibrahimo Hassane Mussagy, colaborador da Universidade Católica de Moçambique, para ocuparem o cargo de Vice-Reitor na Uni Rovuma. Hassane Mussagy é visto como a promessa de resgate da Universidade Rovuma da situação complicada em que se encontra.

As condições de trabalho na Universidade de Rovuma estão deficientes

Os professores entrevistados, todos frustrados, afirmaram que exercer actividades na Universidade Rovuma em Nampula se transformou em um verdadeiro pesadelo, devido à precariedade das condições de trabalho. Além da falta de materiais, os professores reclamam do elevado número de alunos por turma. Actualmente, a universidade possui turmas numerosas, com uma média de 60 a 80 alunos, dificultando a administração do conhecimento.

Além das salas de aula, os professores lamentam a falta de material de apoio na universidade. “É difícil imprimir qualquer avaliação. Sempre falta papel, toner. Vemos professores indo de um lado para outro, às vezes até usando recursos pessoais para imprimir algo”, afirmaram alguns docentes, destacando que os únicos investimentos parecem ser destinados à manutenção do Centro Cultural e da Reitoria, os únicos locais que atraem a atenção da maioria dos visitantes na universidade.

Os docentes também mencionam questões de desrespeito e desonestidade cometidas contra os alunos. Mesmo que paguem a taxa de serviços sociais, o campus da Faculdade situada em Napipine não possui acesso à internet, e os estudantes precisam adquirir folhas de exercícios, apesar de já estarem incluídas nos mil meticais pagos a cada semestre durante as inscrições.

“As excursões educacionais, que fazem parte do aprendizado, infelizmente foram canceladas. Mesmo quando sugerimos, a resposta é sempre a mesma: falta verba para isso. No entanto, os alunos pagam esperando por essas actividades”, relatou um professor, indicando que a má administração da universidade de Napipine tem levado frequentemente a cortes de luz e água devido ao não pagamento desses serviços.

“No ano passado, por exemplo, enfrentamos aproximadamente seis meses sem electricidade no Campus. E em uma dessas situações, até mesmo o reitor admitiu que não estava ciente. Isso evidencia que até mesmo aqueles que estão próximos deles não estão auxiliando”.

Os professores afirmam que, actualmente, não há nenhuma esperança por parte da comunidade académica de ver as preocupações sendo resolvidas, uma vez que “todas as acções que o nosso reitor poderia realizar já foram executadas. Agora não há mais inovação”.

Os professores valorizam o esforço empenhado na instituição para assegurar as condições necessárias, porém ao longo do tempo, o trabalho sofreu interrupções. “Somente ocorrem alterações entre os mesmos indivíduos. Um migra de um lugar para outro e não surge nada inovador.” Por essa razão, os professores receiam que nos próximos cinco anos, a menos que haja intervenção para salvar a Uni Rovuma, ela arrisque desaparecer do cenário académico.

Em uma tentativa de obter a versão da universidade, foi informado que a directora do sector responsável pela comunicação social está ausente da província. No entanto, o Rigor está aberto para ouvir a versão a qualquer momento. Redacção

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