Connect with us

DESTAQUE

AMETRAMO recebe inúmeras queixas sobre efeitos negativos de remédios vendidos nas ruas

Publicado há

aos

A delegação regional Norte da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) em Nampula adverte a população a evitarem a aquisição de remédios tradicionais, comercializados nos mercados e vias públicas da cidade de Nampula, por indivíduos não autorizados, devido ao perigo de efeitos secundários resultantes do uso inadequado de plantas medicinais.

O representante da AMETRAMO na região Norte do país, Evaristo Gonçalves, afirma que devido à falta de cuidado na utilização de medicamentos tradicionais por pessoas que vendem nas ruas da cidade de Nampula, a organização tem recebido várias reclamações. Muitas pessoas têm relatado dissabores após ingerirem essas substâncias.

“Recentemente, houve um caso em que um cidadão de Nampula comprou um medicamento para tratar dores de estômago, mas acabou sofrendo de diarreias graves e teve que ser levado às pressas para um centro médico”, disse explicando que, em outra ocasião, uma gestante infelizmente faleceu no distrito de Meconta devido à prescrição de um remédio inadequado.

“Recebemos inúmeros cidadãos que, ao consumirem certas raízes, enfrentaram problemas de saúde. Lembro-me de um caso no distrito de Meconta, onde um curandeiro foi preso por ser responsável pela morte de uma mulher grávida. A paciente inicialmente buscou ajuda no hospital, mas não encontrou solução. Desesperada, procurou o curandeiro não qualificado, que, ao invés de ajudá-la, tirou-lhe a vida”, contou Evaristo Gonçalves, ressaltando ser importante que as comunidades evitem práticas inadequadas, como procurar curandeiros não licenciados e adquirir medicamentos tradicionais nas ruas.

Em Nampula, a comercialização de remédios nas vias públicas está se tornando cada vez mais comum, sendo visto principalmente em ruas, bairros e até mesmo nos mercados, onde é evidente a presença de pessoas não habilitadas vendendo produtos da medicina tradicional. Uma investigação do Rigor, concluiu que identificamos que eles [os vendedores] compram os medicamentos de fontes duvidosas e revendem a preços inflacionados, colocando em risco a saúde da população.

Na Avenida do Trabalho, mais especificamente na conhecida área da Padaria Nampula, o Rigor se deparou com dois vendedores de remédios tradicionais. O senhor Anselmo Martinho é um deles. Ele vende remédios tradicionais há cerca de três anos. Com sinceridade, ele admitiu que não é curandeiro, mas desde criança esteve envolvido na prática da medicina tradicional através de sua avó.

Segundo as informações, diante das dificuldades da vida, sem alternativas de emprego, ele viu a oportunidade de empreender no comércio de remédios naturais, tornando-se a base de sua subsistência. Por aproximadamente três anos, ele tem comercializado esses remédios na região da padaria Nampula e afirma nunca ter enfrentado problemas, por alegar possuir conhecimento sobre as técnicas de preparo e administração desses produtos naturais.

 

“Durante minha juventude, trabalhava ao lado de minha avó e há três anos decidi iniciar meu próprio empreendimento devido à necessidade de sustentar minha família e à escassez de oportunidades de emprego. As plantas que utilizo são provenientes do mato”, iniciou, explicando que “aqui disponho de medicamentos que tratam a asma, solucionam a diarreia e aliviam dores de estômago. Os clientes sempre saem satisfeitos. Em meus três anos nesse ramo, nunca tive problemas com os compradores. Cada planta possui seu valor específico”.

A Delegação Regional Norte da Associação dos Médicos Tradicionais de Moçambique (AMETRAMO) está preocupada com a venda de medicamentos nas ruas, ao considerar que isso vai contra os princípios da organização. Além disso, esse tipo de prática representa um grave risco para a saúde pública, uma vez que nem todos os vendedores são médicos credenciados pela AMETRAMO. Isso levanta dúvidas sobre como os tratamentos estão sendo administrados.

Com o intuito de tornar a situação mais amigável, a AMETRAMO propõe que o governo da Cidade de Nampula estabeleça meios para a criação de um mercado legal para a comercialização de ervas medicinais. A solicitação busca conter a crescente comercialização de medicamentos tradicionais nas margens das estradas, considerada pela AMETRAMO como uma ameaça à saúde colectiva. De acordo com informações obtidas, a maioria dos vendedores de medicamentos desconhece as propriedades curativas das plantas e raízes.

“Há indivíduos que, ao terem algum conhecimento sobre um medicamento, almejam se tornar vendedores ou médicos, porém desconhecem as possíveis reacções adversas ao serem recomendados erroneamente para o organismo humano”

O representante da organização declarou que, devido a essa preocupação, a entidade planifica realizar uma colaboração com as autoridades responsáveis pela área da Saúde na província e no e Município de Nampula, visando, em breve, acabar com a desordem existente.

“A partir de agora, com o novo presidente da cidade de Nampula, iremos estabelecer diálogo para conseguirmos espaços adequados para a comercialização de medicamentos tradicionais, assim como fazemos em outras regiões, onde existem locais apropriados para nossos membros realizarem negócios. Aqui em Nampula, seria interessante ter um mercado onde os clientes pudessem se dirigir e não a qualquer lugar”, comentou.

Segundo a AMETRAMO, devido à falta de um mercado especializado para a comercialização de remédios tradicionais, é comum encontrar medicamentos mal armazenados sendo vendidos.

Actualmente, visando combater a disseminação da comercialização de remédios tradicionais, não apenas em Nampula, mas também em outras províncias do Norte do país, a Delegação Regional da AMETRAMO trabalha para registar todos os praticantes da medicina tradicional coordenadamente. O médico tradicional Evaristo Gonçalves destacou que a associação tem recebido diversas denúncias nos últimos dias sobre casos de intoxicação devido ao uso indiscriminado de remédios tradicionais, frequentemente comercializados em diversas ruas da cidade de Nampula.

Na província de Nampula, a Polícia da República de Moçambique (PRM) não possui informações precisas sobre indivíduos supostamente envenenados após o consumo de remédios tradicionais, pois a maioria dos casos não são reportados à corporação. Vânia Jacinto

Continue Lendo
Clique para comentar

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Mais Lidas