Raul Novinte:“A renamo deveria optar pelo silêncio tal como a frelimo sobre sucessão de Filipe Nyusi”

O ex-autarca de Nacala-Porto, Raul Novinte, acusou os dirigentes da RENAMO de estarem a manipular indivíduos que se dedicaram à luta pela democracia em Moçambique, com o intuito de eliminar as conquistas alcançadas, principalmente dentro da Resistência Nacional de Moçambique.

Segundo Novinte, em uma extensa entrevista concedida ao canal Woona Mídia, editado em Nacala-Porto, as lideranças da Renamo estão a usar os ex-guerrilheiros para praticar actos considerados antidemocráticos, o que, em sua visão, prejudica a reputação da resistência Nacional de Moçambique e da jovem democracia. Além disso, Novinte afirmou que o comportamento dos líderes da RENAMO é idêntico ao da Frelimo.

“A Renamo seria mais assertiva se escolhesse ficar em silêncio como a FRELIMO está fazendo em relação à sucessão de Filipe Nyusi, em vez de realizar essas acções que estão sendo testemunhadas”, afirmou Novinte, claramente decepcionado com a conduta da Renamo.

“Este é um tipo de comportamento sujo e antidemocrático. Não seria a Renamo ou seus dirigentes a organizar os guerrilheiros a fazerem isso. Está a ser dado algum dinheiro para convocarem conferências de imprensa para dizerem que não querem Venancio Mondlane, Elias Dhlakama e outros que se mostram disponíveis a concorrer. Os ex-guerrilheiros são usados para expressar o impedimento, o que configura uma violação dos direitos dos membros e de uma cultura antidemocrática”.

O antigo edil deixa claro que não há impedimento para que o actual presidente da Renamo, Ossufo Momade, se candidate à sua sucessão. No entanto, é antiético usar os guerrilheiros para descredibilizar a democracia interna do Partido Renamo.

“A Renamo é a principal força opositora em Moçambique, sendo responsável por trazer a democracia ao país. Não é aceitável que a RENAMO, nem mesmo seus líderes, se envolvam em actos antidemocráticos publicamente”, afirmou Novinte. Para ela, o fato de o congresso da RENAMO ter sido agendado por meio de decisão judicial evidencia a falta de democracia interna dentro do partido político.

“É inaceitável que a delegação da RENAMO seja utilizada como palco de ódio e discriminação dentro do partido. Testemunhamos conferências de imprensa sendo organizadas nas sedes em Manica e em Nampula. São líderes que estão manipulando os ex-combatentes para impedir a candidatura de outros membros”, declarou Novinte.

“O desafio não está no suporte de uma ou outra pessoa, a grande questão é a proibição. Não é correcto impedir alguém de se candidatar, permitam que ele participe do congresso”. Solicitou argumentando que ninguém está amparado pelos regulamentos internos da RENAMO para impedir o outro de se candidatar. Ele ainda ressalta que concorrer a qualquer cargo deve ser encarado como algo rotineiro. “É um processo comum quando há alguém que apoia e outro que não apoia. Se o indivíduo não concorda com o candidato que eu apoio e vice-versa, tudo bem. O problema está em proibir.”.

EX -EDIL ENFRENTA QUASE UMA DEZENA DE PROCESSOS CRIMINAIS.

O ex-presidente da Autarquia de Nacala, Raul Novinte, divulgou que está sendo alvo de aproximadamente dez processos criminais perante a justiça local.

Apesar de não especificar a natureza de todos os dez casos, Novinte afirmou que a maioria está ligada às acusações políticas que tinham como objectivo intimidá-lo enquanto cabeça-de-lista da Renamo em Nacala nas eleições de 2023.

Mesmo que ninguém aprecie estar sendo investigado pela justiça, o político afirma estar em boa condição de saúde, o que é fundamental para enfrentar as acusações que alega não temer, uma vez que foram motivadas por questões puramente políticas visando prejudicá-lo durante a campanha eleitoral e algumas ligadas às manifestações que ocorreram após a divulgação dos resultados eleitorais pelo CNE e posteriormente pelo Conselho Constitucional.

“O Ministério Público tem ciência de que são acusações falsas, nunca quebrei vidro de uma viatura, uma porta ou janela. Estou ciente de que o Ministério Público, ao me convocar, irá exigir evidências sobre onde o Novinte roubou óleo, entre outros”, declarou Novinte, que se mostra confiante no sistema judicial de Moçambique.

Raul Novinte passou trinta dias em prisão domiciliar, mesmo ao final de seu período como presidente de Nacala. Raufa Faizal