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POLÍTICA

Partidos políticos em Nampula preferem campanha boca a boca sem material de propaganda

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Passados vinte e quatro dias, desde o início da campanha eleitoral em Nampula, ainda é notável a falta de material de campanha eleitoral, em alguns Partidos Políticos, mesmo com a disponibilização de fundos pela Comissão Nacional de Eleições, uma semana antes do início da campanha.

Curioso é, o facto de a escassez de materiais de campanha eleitoral na Província de Nampula, estar sendo liderada pelo Partido RENAMO, principal Partido de oposição com representação na Assembleia da República. Será que os Partidos estão procurando economizar os recursos recebidos da Comissão Nacional de Eleições, ou simplesmente não estão interessados em promover a sua imagem e se tornarem mais conhecidos junto ao eleitorado? Essas e outras questões foram abordadas nas entrevistas realizadas com os Partidos Renamo, Nova Democracia, Podemos e AMUSI, alguns dos mais movimentados em Nampula, mas sem qualquer tipo de material de visibilidade.

A demora na disponibilização dos recursos, a insuficiência da verba recebida para todas as actividades de campanha e a orientação do dinheiro para custear as refeições dos Delegados de Candidatura, que vão monitorar o processo de votação, foram as principais respostas dadas pelos Partidos em alusão.

“A ausência de material de propaganda, deveu-se ao valor que recebémos. Se nós, formos a ver, outros Partidos Políticos, tiveram mais bolo, foram apoiados com 38 a 40 milhões de meticais, por aí em diante. Nós, Partidos menores, deram-nos dois a oito milhões de meticais, agora a minha pergunta é, um Partido, extra-Parlamentar como AMUSI, concorre quase a nível Nacional, com 3 milhões de meticais, é possível cobrir em todas as Províncias, Distritos, sem contar os Postos Administrativos e Localidades?”, questionou-se o delegado político distrital do AMUSI, Salimo Paulino Albino, quando confrontado pela nossa equipe sobre a escassez de material de campanha em seu Partido.

Devido à falta de material de campanha, o AMUSI utiliza um folheto impresso em preto-e-branco em tamanho A4, para fazer propaganda. Segundo o delegado do Partido AMUSI, os recursos recebidos não são suficientes, para financiar uma campanha publicitária Nacional em todos os círculos onde concorre.

“Esse dinheiro é insignificante, em termos das nossas finanças, localmente, tivémos pouco valor para os nossos membros, que investimos, não chegou para nada, só Deus está nos assegurar. Lamentamos bastante, por conta da injustiça que está sendo feita, para o Partido AMUSI, este é um Partido grande, que concorre desde 2018. Porém, outros Partidos, que entraram neste ano, tiveram maior bolo, em relação ao nosso. Fomos injustiçados porque temos aceitação na zona Norte, só porque viram, que AMUSI, desta vez, arrancará em grande peso aqui no Norte”, justifica-se Salimo Albino.

O AMUSI arrecadou cerca de três milhões e seiscentos mil meticais para financiar as eleições deste ano.

O Partido Nova Democracia, que recebeu cerca de 4,5 milhões de meticais para esta eleição, afirmou que a falta de material, é devido ao baixo valor recebido das autoridades eleitorais, segundo explicou Orlando Mutiua, o Candidato a Governador da Província de Nampula.

“A ausência de material de propaganda, em nossas caravanas, está ligada a falta de dinheiro. O dinheiro que recebémos, foi pouco, olhando para a grandeza do País, a Nova Democracia, recebeu, até agora, por aí dois milhões de meticais. Esse valor, não dá para nada, porém, há informações de que falta outra parte, mesmo assim, o valor é pouco, porque temos muitas delegações, não temos outra fonte, para sustentar a nossa campanha. Fazemos o nosso máximo, para ter um e outro panfleto, mas o dinheiro que recebémos, praticamente não significou para nada”, disse Orlando Mutiua.

De acordo com Marcial Macome, Porta-Voz Nacional da RENAMO, o Partido que recebeu mais de 40 milhões de meticais da CNE, excluindo o montante recebido pelo seu Candidato, Ossufo Momade, diz que a falta de panfletos no momento, é atribuída ao atraso na chegada dos fundos, o que afectou significativamente a disponibilidade de material no momento actual.

‘’A ausência de material de propaganda, deve-se a canalização tardia dos fundos, para custear a campanha eleitoral. Nós temos um e outro material, temos camisetes, contudo, o dinheiro chegou tarde, enquanto esperamos outro valor”, justificou Marcial Macome.

No entanto, o Partido PODEMOS, que apoia a Candidatura de Venâncio Mondlane, arrecadou pouco mais de oito milhões de meticais e duzentos mil meticais, além de aproximadamente 21,7 milhões de meticais recebidos por Venâncio Mondlane.

Castro Niquina, que representa os interesses de Venâncio Mondlane, no Partido PODEMOS em Nampula, explicou em um vídeo publicado nas redes sociais, que a falta de material de propaganda de Venâncio Mondlane e do PODEMOS, se deve à escassez de recursos, uma vez que  o valor que devia ser aplicado à produção de material, será para a compra de alimentação para os Delegados de Candidatura, que serão responsáveis pelo controlo dos votos, no dia 9 de Outubro.

“Venâncio Mondlane, apenas recebeu 21 milhões de meticais, a Província de Nampula por si só, precisa 15 milhões para custear a campanha eleitoral. Para questões de comida, precisamos de cinco milhões de meticais. Então, seria tão caricato, o pouco dinheiro que existe, comprar camisetes, não priorizar a questão de comida para os Delegados de Candidaturas. Nós, os Delegados Províncias, pedimos ao Venâncio, para que este dinheiro fique reservado para a questão de comida.”

Um estudo realizado pelo Jornal Rigor, em diversas gráficas localizadas em Nampula, revelou que a produção de materiais, como folhetos, camisetes e até capulanas, varia de um a 12 dias, maior parte do tempo é reservado a idealização das artes a serem produzidas, que devem ser aprovadas antecipadamente pelo cliente.

A fim de fabricar capulanas, foi realizada uma investigação junto da única Indústria têxtil na região Norte, a Empresa Nova Texmoque em Nampula, onde o Rigor descobriu que o processo de fabricação das capulanas, pode levar até 12 dias úteis, seguindo uma sequência que inclui a criação do design, aprovação e impressão pela Empresa.

No entanto, o Rigor sabe que, para as actuais eleições, nenhuma formação Política alterou sua imagem, de modo que os materiais utilizados, seguem os mesmos padrões das eleições municipais. Isso significa que, desde a transferência de valores pela Comissão Nacional de Eleições, os Partidos tiveram aproximadamente uma a duas semanas para produzir os materiais.

De acordo com Nelson Armando, especialista em produção de material de comunicação e visibilidade em Nampula, dependendo do pedido, é possível produzir materiais em menos tempo.

“Dependendo da quantidade e o tipo de material que está sendo usado para a produção de camisetes, cada gráfica, tem sua disponibilidade, mas o normal, as gráficas podem produzir 500 camisetes por dia, ou 5.000, isto depende do tipo da máquina usada, para produzir às camisetes”, disse Nelson Armando.

“Neste momento em que vos falo, estamos sem trabalho. Se há algum cliente aflito, estamos disponíveis”, disse, explicando que os materiais de campanha são considerados materiais de fácil criação, por apenas necessitarem de uma frase e foto. O mesmo acontece com as Bandeiras Políticas.

ʺSe a pessoa traz o material desenhado, praticamente em um dia fazemos esse material. Estamos a falar da impressão, ela não demora. O que demora é a maquetização, por envolver aprovação prévia”, considerou o especialista.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE), através do seu porta-voz, Paulo Cuinica, reitera a importância de os Partidos Políticos e Candidatos eleitorais, utilizarem os recursos alocados consoante as despesas essenciais permitidas.

“O valor dado aos Partidos Políticos, cobre para compra de material de propaganda, nesse caso cartazes, camisetes, material de propaganda sonoro, o que chamamos de áudio visual, cobre também, as despesas de capacitação e emissão da campanha. As deslocações dos Partidos para outro ponto, também cobre, conforme a tabela da função pública, esta é tabela de ajudas de custos que usamos, quando as pessoas deslocam em campanha, os membros recebem ajudas de custo, como eu disse, de acordo com a tabela da função pública, com isso, as pessoas podem comer, podem dormir, podem pagar viagem também e não despesas de outra natureza.” Elina Eciate e Raufa Faizal

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