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Nampula vive uma crise sem precedentes de água que expõe a incompetência da AdRN e afecta milhares de pessoas

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A Cidade de Nampula enfrenta uma crise sem precedentes de fornecimento de água potável, resultado de falhas na captação e na distribuição irregular deste recurso vital, responsabilidade da empresa Águas da Região do Norte, SA (AdRN).
O Rigor sabe que a albufeira enfrenta um processo de secagem devido à falta de água, intensificada pela falta das chuvas, mesmo com Moçambique entrando na época chuvosa. Como resultado, algumas áreas da cidade estão sem água há aproximadamente três meses. Em outras zonas, a água pode jorrar ocasionalmente, mas, quando isso ocorre, ela vem extremamente suja, desestimulando qualquer tentativa de uso para consumo.
Entretanto, para lidar com a situação, os moradores têm recorrido a poços ao ar livre e à generosidade de algumas instituições que possuem fontes de água potável. Contudo, algumas pessoas com acesso a essas fontes estão explorando a crise hídrica para comercializar o líquido essencial, com preços variando entre 10 e 20 Meticais por um balde de 25 litros.
A situação é alarmante, com moradores de várias comunidades da cidade, especialmente de Namicopo, Napipine, Murrapaniua, Faina, Natikire e Muatala, reunindo-se em torno do Centro Distribuidor 2 (EB2) para receber água. Entrevistados pelo Rigor, homens, mulheres, jovens e adolescentes relataram que as condições são caóticas e bastante constrangedoras, forçando-os a caminhar longas distâncias para obter água potável.
Edson Jorge, morador do bairro Napipine, afirma que as limitações no abastecimento de água em sua casa ocorrem de forma cíclica, sempre que o período de estiagem se inicia a cada ano. Sobre a falta de água, ele comentou:
“Para ter água nós andamos distâncias e distâncias, quase em todos os bairros, não sai água. Agora a água sai na barragem e aqui (Centro Distribuidor 2), porque a empresa em si não abre para nós, nas nossas casas. Eu saí do bairro de Napipine, na Unidade 8 de Março, (Zona onde se encontra a Universidade Rovuma) estamos há sensivelmente três meses que a água não saí. Então, isso para mim já é triste, o governo tem que trabalhar para resolver esta situação”, lamentou Edson Jorge.
Vanessa Manuel é mais uma moradora de Nampula que foi entrevistada pela nossa equipe de reportagem. Residente no bairro de Natikire, ela relatou que, há três dias, tem acordado às três da manhã em busca de água. Vanessa expressou seu descontentamento em relação à escassez de água, afirmando que, em certas ocasiões, mesmo levantando cedo, retorna para casa sem conseguir tirar água, já que a procura é intensa, abrange a todos os munícipes da cidade.
“Estamos mal com essa crise de água, há duas semanas que água não sai de minha casa. Das três que eu saí de casa, só esta hora (10 horas) volto sem água. Mesmo assim não consegui água, os funcionários das Bombas 2, prometeram restabelecer água nas nossas casas, agora não sei se é verdade”, disse.
Já outra entrevista disse e citamos: “Está difícil viver com esta situação, pelo menos se nos poços tivessem água, seria normal, mas não. Por exemplo, no bairro que eu vivo, o qual é na CTT, só tem um puxa e já seca,” comentou Zena Alimo.

O director empresa Águas da Região do Norte, área Operacional da cidade de Nampula Ermelindo Alberto Bonifácio, contactado para falar sobre o problema, prometeu que a sua instituição tem agendado uma comunicação a imprensa para esta Segunda-feira, (13.01.2024), no entanto, não forneceu dados preciso sobre o evento.
Muitos analistas dizem que a situação vivida na cidade de Nampula é resultado da falta de gestão por parte da empresa Águas da Região do Norte, que no seu entender não possui planos de gestão para épocas secas.
Uma fonte associada à AdRN, cuja identidade mantemos em sigilo por questões éticas, afirmou que as directrizes estabelecidas pelas ARA Norte acerca dos níveis de captação para proteger o processo de captação de água foram desconsideradas pela AdRN, sendo a culpada pela situação caótica que Nampula vive.
“A AdRN começou a atrair volumes com as suas próprias políticas, além das orientações da ARA Norte, e isso teve consequências devastadoras”.
Recentemente, a empresa se dedicou a encontrar motores que possam ser direccionados ao poço principal na albufeira, a fim de garantir a captação em pequena escala.
Uma equipa da empresa esteve há dias em Pemba em busca de alternativas. “Há um motor antigo, que foi instalado na plataforma de emergência. Ele já está bombeando água, mas em condições muito precárias, insalubres e cheia de lama”.
ARA NORTE CULPA A NATUREZA E DESCONSIDERA GESTÃO
A Administração Regional das Águas do Norte (ARA Norte) aponta que a questão da água em Nampula decorre da natureza, ressaltando que a escassez de chuvas é a principal causa das limitações no fornecimento de água na cidade, uma vez que a barragem principal está quase sem água.
De acordo com Carlitos Omar, o Director Geral da ARA Norte, a Barragem de Monapo, o qual é a principal fonte de abastecimento de água para a cidade de Nampula, conta actualmente com apenas 20% da sua capacidade, equivalendo a aproximadamente 700 mil metros cúbicos.
Segundo o director, com essa quantidade, o poço convencional está seco, e estão movendo as máquinas para uma posição mais central, a qual é a área mais profunda, a fim de extrair o que for possível.
“Não esperávamos que, até agora, a região Norte ficasse sem chuvas. Implementamos as restrições gradualmente, contando que teríamos precipitações até o final de Dezembro. No entanto, devido a essas mudanças climáticas, estamos enfrentando essas dificuldades”, afirmou o director, que detalhou que a ausência de chuvas resultou em um nível muito baixo da albufeira.
Carlitos Omar afirmou que, devido à falta de água, a única solução que a empresa Águas da Região Norte (AdRN) tem é extrair o recurso de outras fontes disponíveis. A fonte disse que para contrariar a situação, as represas da Quinta do Galo e de Namaita foram identificadas e equipadas com sistemas adequados para captar água em tanques e distribuí-la nos bairros da cidade de Nampula. Vania Jacinto, Celso Alfredo e Raufa Faizal

 

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