Família de Arlindo Chissale revela que estava preparada para o pior, mas nunca para o sequestro

A família de Arlindo Chissale, jornalista e dono da Pinnacle, afirma que sempre esteve pronta para lidar com situações inesperadas que poderiam surgir a qualquer instante. Eles tinham consciência da possibilidade de algo ocorrer, mas jamais imaginaram que isso se manifestasse na forma de um sequestro que o afastasse do seu convívio.
Macário Chissale, irmão do jornalista, revelou que Arlindo o havia preparado para enfrentar a situação emocionalmente, e a família se preparava para qualquer eventualidade, mesmo sem saber que aquilo aconteceria naquele dia específico.
“Eu estava ciente de que sua saúde em relação à segurança não era ideal, pois havia pessoas o seguindo constantemente Acreditamos que seu desaparecimento está relacionado a questões políticas”, iniciou Macário Chissale, irmão de Arlindo Chissale, em uma entrevista exclusiva ao Rigor.
Arlindo Chissale desapareceu no fim da tarde do dia 7 de Janeiro, quando deixava Cabo Delgado, sua terra de origem, onde residia com sua esposa, e estava a caminho de Nacala, onde vive sua primeira mulher.
O irmão relatou que naquele dia, a intenção de Arlindo Chissale era deixar Cabo Delgado logo pela manhã, mas ele acabou voltando para casa duas vezes, pois tinha a sensação de que alguém o estava seguindo e observando os seus movimentos. Somente por volta das 15 horas, ele se sentiu livre de qualquer vigilância. Ao perceber essa aparente segurança, ele embarcou num autocarro com destino a Nacala-Porto. Macario suspeita que as suas comunicações com a família possam ter sido interceptadas, já que ele estava em contacto constante com eles.
“A esposa ficou um pouco confusa com as suas idas e vindas, mas ele explicou a situação e tudo se resolveu. Na última vez que saiu de casa, ele telefonou para a esposa, informando estar no carro, dirigindo em uma área chamada Silva Macua, também conhecida como Chalaue. Ele parecia calmo, mas aquela conversa que costumavam ter durante as suas viagens, onde a esposa perguntava onde ele estava, não aconteceu. O telefone só chamava e ninguém atendia, e no dia seguinte, permaneceu desligado até aquele hoje”, relatou, cheio de apreensão, o irmão do jornalista Arlindo Chissale.
A fonte informou que, após o desaparecimento, a família não tomou nenhuma iniciativa, acreditando que ele poderia estar se escondendo, visto que, no início desse episódio de desaparecimento, ele demonstrou estar sob ameaça.
“Nos primeiros dias, sentimos isso, mas até agora não houve indícios de que está escondido, já se passaram três dias sem que ele se comunique, nem mesmo com a família, o que é excessivo”, comentou Macário Chissale, que acredita que seu irmão pode ter sido sequestrado por alguém que o estava vigiando. O mais intrigante é que eles não têm ideia de quem seria, apenas suspeitam que seu desaparecimento possa estar relacionado a motivos políticos.
“Se ao menos pudéssemos receber o corpo dele de volta, já estaríamos agradecidos, pois estávamos prontos para qualquer situação, mas nunca esperávamos que isso acontecesse hoje ou neste momento”, finalizou Macário Chissale.
De acordo com informações do Rigor, Chissale, além de passar um tempo com a família em Cabo Delgado, também estava à frente das operações do Podemos, partido que apoiou a candidatura de Venâncio Mondlane nas eleições realizadas no dia 9 de Outubro.
Em um vídeo lançado antes do seu desaparecimento, Chissale apareceu explicando diversas circunstâncias ligadas à revolução, incentivando os internautas a aguardarem pela fase decisiva que seria anunciada por Venâncio, para retirar a Frelimo do poder, posição que ocupa desde a independência do país.
Lembre-se de que, até este Domingo (12.01.2025), completou uma semana desde o desaparecimento de Chissale. A família ainda nutre esperanças de que ele volte, por isso não registou uma denúncia em nenhuma unidade policial e/ou instituição de justiça. Celso Alfredo