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OPINIÃO

Munus et modus docendi, hoje

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As constantes mudanças, pelas quais a sociedade vem passando, provocam reflexões sobre como se deve educar, pois educar é cada vez mais uma tarefa exigente, e de enorme responsabilidade, que requer coerência entre orientação formativa, procedimentos pedagógicos adoptados e expectativas dos envolvidos no processo. Levar esta empreitada a bom porto exige, da parte do/a docente, reunir um conjunto de saberes e competências que lhe permitam a construção de um ensino de qualidade, capaz de atender às exigências da contemporaneidade, marcada pela multiculturalidade, complexidade e constante avanço tecno-científico.

O munus docendi é tão exigente e importante que não pode ser substituído por nenhum outro elemento. Isto é, tanto o/a estudante quanto o/a docente participam activamente no processo da educação. Portanto, a educação realiza-se num processo de inter-relacionamento social. Além da família e da comunidade/sociedade, é mais o/a docente quem influencia no crescimento dos adolescentes e jovens. A sua influência é sistemática e contínua. O/A docente não deve apenas orientar e ensinar o/a estudante, mas deve incentivá-lo/a e entusiasmá-lo/a a querer submeter-se a esse processo de aprendizagem e crescimento, necessário para a formação da sua personalidade.

Para tal, a personalidade do/a docente é decisiva para a efectivação harmoniosa do Processo de Ensino-Aprendizagem. O/A docente deve ser uma pessoa, não apenas de boas intenções e boa vontade (ortodoxia), mas também precisa possuir grande capacidade de adaptação e inteligência prática (orto praxis). Deve ter vocação, pois o magistério ou múnus docendi exige dedicação e sacrifício; necessita de grande dose de amor. É este amor que faz superar ou suprir as limitações ou adversidades do dia-a-dia.

Como afirma Edgar Morin, é preciso “desaprender e reaprender”. Daí que, nada de se enveredar por “fiximos”, isto é, aquele discurso laudatório de dizer que “isso foi/fizemos sempre assim”. Ao pensar ou falar assim, estar-se-á parado no tempo, e o tempo não é para quem o espera, mas para os que o lêem, como sói dizer camarão que dorme, a onda leva ou acorda na frigideira, ou no prato. Então, nada de dormir à sombra da bananeira, pois ler os sinais dos tempos é justamente reconhecer que estamos em tempo de sociedade líquida, de risco global, de incerteza…, o que requer reflexão e adaptação.

Ser profissional de educação requer, justamente, ser pessoa reflexiva e que se adapta às novas exigências que requerem inovação. Portanto, para ser docente é fundamental o compromisso com o conhecimento científico, o trabalho com a noção de coletividade, pois ninguém educa sozinho, como bem definiu Paulo Freire: é basilar a competência e a capacidade de comunicabilidade. A actualidade, portanto, traz com ela desafios novos e complexos para o/a docente nessa sociedade dinâmica e transformadora. Para enfrentar tal realidade, ele/a deve colocar-se também como um aprendiz e sempre pronto a conceber ideias novas.

Por fim, o/a docente, de hoje, tem de ser capaz de desenvolver habilidades para entender os parâmetros culturais vigentes e ter como prática a criação de sujeitos que sejam autores do seu mundo e da história. Não pode, por isso, ter um conhecimento exclusivamente académico, racional, teórico, mas, sim, um saber que o capacite para gerir a informação disponível e saber adequá-la ao contexto e à situação formativa que se situa, sem perder de vista os objectivos traçados. Terminamos com a célebre frase do pedagogo Paulo Freire “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Então, é imperioso a criação de condições para uma docência de qualidade.

 

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