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Mulheres deslocadas de Cabo Delgado denunciam falta de assistência básica e descaso do governo em Corane

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Mulheres deslocadas de Cabo Delgado, que residem no centro de reassentamento de Corante, localizado no distrito de Meconta, em Nampula, denunciam o abandono do governo, falta de assistência e o acesso a serviços sociais básicos. De acordo com algumas mulheres que conversaram com nossa equipe de reportagem, desde o ano passado deixaram de receber assistência governamental em forma de alimento. Entretanto, afirmam que algumas dessas necessidades conseguem atender com os poucos recursos obtidos da agricultura que realizam, mas ainda assim, persistem em encontrar dificuldades para acessar serviços sociais essenciais e abrigos adequados.
“Queremos um hospital ali porque sair para a vila é muito longe e uma mulher grávida, por exemplo, para ir a pé até lá não vai conseguir. Outra coisa que queremos é escola, porque os nossos filhos estão sendo descriminados nas escolas próximas por serem deslocados; por isso, vale a pena construírem ali mesmo no centro” pediu Elisa Deogmatos, a qual é uma deslocada da região de Macomia, em Cabo Delgado e reside no centro de reassentamento de Corrane desde o ano de 2020.
Ela relata que, recentemente, sofreu as consequências do ciclone Chido, que danificou sua residência e a de seus vizinhos. Até o momento, não recebeu nenhum tipo de assistência e actualmente vive em um abrigo improvisado junto à sua família.
“Como consegui sair de lá em Cabo Delgado até em Corrane, sinto-me melhor por conseguir me salvar com a minha família, mas, não vivemos bem, não só eu, porque lá temos dificuldades de casas, nossas casas caíram com aquele ciclone que passou e até agora vivemos a maneira em alpendres pequenos que fizemos” disse.
Para aliviar a situação, a cidadã solicita que o governo e seus parceiros estabeleçam condições para melhorar os abrigos.
“Gostaria que nos ajudassem na construção de casas fortes, porque aquelas ali, não são casas. Depois da destruição, chegaram pessoas que falaram que vão construir 50 residências, mas eu não tenho certeza se vão fazer mesmo, além disso, esse número é muito pequeno para as pessoas que realmente necessitam” disse.
Outra entrevistada foi Júlia Dionísio, que comentou sobre a falta de oportunidades de emprego tanto no sector público quanto no privado. Além desta dificuldade, a fonte queixa-se da falta de instalação da energia eléctrica e abastecimento de água num dos bairros do centro de reassentamento de Corrane. “Estamos pedindo ao governo e parceiros para pelo menos trazer projectos para nós podermos trabalhar, porque tem pessoas que estudaram E capazes” disse Júlia. As mulheres deslocadas comentaram à margem do workshop realizado pelo Centro de Formação Jurídica e Judicial, em colaboração com o PNUD, sob o tema “Reforçando o Acesso à Justiça e aos Serviços Básicos de Saúde para Mulheres e Raparigas vítimas de Terrorismo e Violência Extrema no Norte do País”.
O evento contou com a presença de diversos actores, incluindo o Secretário de Estado da província de Nampula, Jaime Neto, fez um apelo por uma atenção urgente, apoio e solidariedade colectiva para estabelecer condições mais adequadas para as vítimas.
“É imperativo que compreendamos profundamente as realidades desse cenário, para com mais precisão e eficácia, actuar na mudança deste quadro desolador” apelou Neto.
A directora-geral do Centro de Formação Jurídica e Judiciária, Elisa Samuel, disse que o objectivo do workshop era estabelecer medidas para combater os obstáculos que as mulheres encontram ao buscar justiça e serviços básicos. Ela observou que, informações reconhecidas pela sua instituição indicam que cerca de 300 mulheres identificaram ter enfrentado dificuldades e restrições no acesso a esses serviços, indicando haver um longo caminho a percorrer para garantir que esses serviços estejam disponíveis.
“Como todos sabem, de Corrane para Meconta são aproximadamente 50 quilómetros e para o acesso à justiça, tem que se colocar lá a realidade de promoção de assistência jurídica itinerante, para além da saúde, educação e outros serviços para a dignidade dessas mulheres e raparigas”, disse. Celso Alfredo

 

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