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Especialista da UCM alerta para impacto negativo da disponibilização tardia de materiais escolares no país

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O renomado Professor Doutor, Gaspar Lourenço Tocoloa, que lecciona na Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique, afirmou que os esforços para melhorar a qualidade de ensino no ensino básico do país são prejudicados pela demora na disponibilização ou pela falta do livro escolar.

De acordo com Gaspar Lourenço Tocoloa, que possui um Doutoramento em Educação, a excelência no ensino é fortalecida quando o aluno tem acesso próximo aos materiais que o auxiliam em sua aprendizagem, sendo os recursos didácticos fundamentais para facilitar o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes.

“Consideramos os livros escolares como ferramentas essenciais para o ensino e aprendizagem. São fundamentais para garantir uma base sólida tanto para os professores quanto para os alunos. Eles direccionam o conteúdo de forma científica, sendo indispensáveis no processo educativo”, Explicou Tocoloa, convidado pelo Rigor para discutir os efeitos da falta de acesso ou atraso na disponibilização do livro escolar para as crianças do ensino Básico.

“Considero não como nada positivo, mas sim como algo extremamente desfavorável a carência de recursos para o ensino dos conteúdos pelos estudantes. Esses recursos são essenciais para o ensino e aprendizagem, especialmente em uma época em que a qualidade do ensino é tão valorizada”, mencionou o Doutor Gaspar Lourenço. Ele ressaltou que, mesmo com professores bem preparados, sem uma base sólida para os alunos pesquisarem e se prepararem para as aulas, o processo de aprendizagem se torna mais difícil para os estudantes evoluírem.

“Sem a presença desse suporte que contribui para o próprio desenvolvimento, o aluno não participa activamente do processo educativo, limitando-se a memorizar o conteúdo apresentado pelo professor. É essencial que o aluno conte com ferramentas que o auxiliem a consolidar o conhecimento adquirido durante as aulas. Portanto, a falta ou a distribuição tardia desse recurso pode causar um retrocesso na assimilação do conteúdo pelos alunos”, explicou o também, coordenador do programa de mestrado em gestão de desenvolvimento na Faculdade de Educação e Comunicação da Universidade Católica de Moçambique em Nampula.

FALTA DE LIVROS NAS ESCOLAS DA CIDADE REVELAM DESAFIOS PARA OS ESTUDANTES

Na Província de Nampula, a maioria das instituições de ensino ainda não recebeu livros gratuitos, e em algumas escolas, a distribuição começou somente nesta semana, restando poucos dias para o início das avaliações finais do primeiro trimestre lectivo.

O Rigor está com informações segundo as quais, nas escolas onde a distribuição de livros começou esta semana, ela ocorre apenas para os alunos das sextas e sétimas classes, porém nem todos os livros estão disponíveis. Os livros de Português e Biologia ainda não estão presentes na maioria das escolas visitadas por nossa reportagem. Já nas classes iniciais, há uma total falta desses recursos didácticos.

Numa ronda de reportagem realizada nas diversas escolas da cidade, como a Escola Secundária da Barragem, Escola Primária de Nicutha, Escola Básica da Barragem e 25 de Junho, foi constatado que apenas alguns alunos possuem todos os livros requeridos, os quais foram comprados em livrarias.

Nenhuma escola conseguiu fornecer livros para todos os alunos, Excepto na Escola Primária de Nicutha, onde metade dos estudantes tiveram a sorte de possuir todos os livros e a outra metade não tinha apenas metade de livro.

Egne dos Santos está matriculado na 5ª classe na Escola Básica da Barragem e ao conversar com o Rigor, ele relatou que “Possuo livros, porém recebi em minha casa, na escola não fui contemplado com livros”. Diante da escassez de livros, o aluno mencionou que “Durante as aulas, a professora me obriga a partilhar meu livro com os colegas que não possuem, além disso, a professora costuma escrever no quadro e nós fazemos as cópias”.

Adilson, que está na mesma turma de Egne dos Santos, mencionou o seguinte: “Minha irmã me deu livros, mas na escola não recebemos isso, então na sala de aula costumamos partilhar com os colegas que não têm. Às vezes, o professor escreve no quadro os pontos principais para que aqueles sem livros possam copiar, mas alguns alunos não copiam porque não entendem. O maior problema tem sido o Trabalho de Casa, pois os colegas sem livro enfrentam muitas dificuldades por não terem o material necessário”.

O menino Canaldo de Estefânia, estudante da 5ª classe, também na Escola Básica da Barragem, não teve a mesma sorte. Em entrevista à nossa equipe, ele revelou que não possui nenhum livro e que sempre precisa pedir emprestado aos seus colegas quando precisa. “Não recebi nenhum livro. Geralmente estudo com meu amigo, que tem livros.”

Na Escola Primária de Nicutha a situação era considerada insatisfatória. Cerca de metade dos estudantes desta instituição possuem todos os livros necessários, enquanto a outra metade recebeu apenas metade dos livros, como aconteceu com Fátima Mussa, aluna da 6ª classe, que deveria ter seis livros, mas só tem quatro. “Recebi apenas quatro livros. Para as disciplinas em que não tenho livro, a professora costuma me emprestar, ou então peço emprestado aos meus colegas”.

Francisca José Manuel, estudante da 6ª classe na mesma instituição, teve a sorte de ganhar livros completos. No entanto, ela comenta sobre a experiência dos colegas na sala de aula. “Os colegas que não possuem livros pedem geralmente emprestado ou copiam os apontamentos do quadro quando a professora está escrevendo”.

Na Escola Secundária da Barragem, que introduziu pela primeira vez a sétima classe, este ano, nenhum estudante da instituição recebeu sequer um livro. Vidal José, aluno da 7ª classe “Nós, alunos, não recebemos livros. Os professores trazem os materiais de estudo, escrevem no quadro e nós copiamos. Para fazer as avaliações, pagamos cinco meticais para as provas serem impressas”.

Na Escola Primária 25 de Junho, é comum a ausência de livros. Segundo Edson Emílio Augusto, estudante da 7ª classe, a situação é recorrente. “Não temos acesso aos livros, os professores informam não haver disponibilidade de materiais para a sétima série. Na sala de aula, os professores escrevem os conteúdos no quadro e, ocasionalmente, ditam as informações”.

Professor Doutor, Gaspar Lourenço Tocoloa diz que “nem todos os alunos têm a mesma forma de aprender. Se não contarmos com uma ferramenta que promova essa diversidade na aprendizagem de todos os alunos, estaremos sujeitos a lacunas na qualidade do ensino e na assimilação do conhecimento. Isso resultará em dificuldades tanto para os estudantes quanto para a qualidade do ensino, gerando obstáculos no processo de aprendizagem devido à falta de recursos para lidar com os conteúdos ministrados pelos professores”. Nilton Sousa e Redacção

 

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