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SOCIEDADE

Em Nampula: 454 raparigas resgatadas de uniões prematuras em meio ano

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O Governo da província de Nampula, no Norte de Moçambique, anunciou recentemente o resgate, no intervalo de Janeiro a Julho deste ano, de pelo menos 454 raparigas que estavam envolvidas em uniões prematuras.

Segundo Albertina Ussene, a qual é directora provincial do Género, Criança e Acção Social de Nampula, a recuperação das 454 raparigas é fruto do crescente entendimento das comunidades da província de Nampula em denunciar casos de Violência Baseada no Género (VBG), além do esforço dedicado dos parceiros que realizam acções de apoio às raparigas nos distritos da província de Nampula.

Entretanto, Albertina Ussene afirma que, apesar do elevado número de raparigas resgatadas, pode não expressar com precisão a verdadeira realidade da província de Nampula, considerando essencial a constante participação das comunidades na denúncia de casos de uniões prematuras, que ocorrem ao nível das comunidades.

“Os números que apresentamos neste período parecem estar a crescer, a jornalista tem ideia que na nossa província, o número real não pode ser esse, é muito mais. Se compararmos os números que estamos assistir em relação ao ano passado, o número é superior, o que revela de que há mais consciência, e as pessoas estão a despertar mais e já aparecem as denúncias que apontam que na família tal a quem está casar ou simplesmente alguém vê uma dona de casa, sendo criança e fazem estas denúncias que nos levam a elevar”, sublinhou Albertina Ussene.

Albertina Ussene destaca que a organização sob sua liderança colabora com diversas entidades no combate às uniões prematuras, incluindo a Polícia da República de Moçambique, a Procuradoria da República, o sector de saúde e as organizações da sociedade civil . Além disso, conta com o apoio de parceiros de cooperação que contribuem financeiramente para garantir o êxito dessas iniciativas.

Albertina Ussene explicou que cada um dos envolvidos exerce um papel específico na missão de resgatar as raparigas das uniões em que estão envolvidas.

“A DPGCA entra com o apoio psicossocial e o acompanhamento dos casos. Já pode imaginar o que faz a PRM e a Procuradoria. A procuradoria é um elemento muito chave nesse mecanismo de funcionamento multissectorial, então acciona-se a saúde, portanto para ver o estado da menina ou da rapariga, se não contraiu alguma doença, se está grávida, portanto a saúde já faz aquele acompanhamento”, explicou a directora para quem o sucesso da campanha contra as uniões prematuras, conta para além das instituições da justiça e saúde, como também do sector da Educação.

Ao ser indagada sobre os motivos das uniões prematuras, Albertina Ussene , ressaltou que a pobreza tem sido mencionada como um dos principais factores nos casos reportados na província de Nampula.

Albertina Ussene informou que 162 das 454 raparigas resgatadas foram reintegradas ao ambiente escolar.

“Para reintegrar na Escola, tudo depende da situação, há situações em que não tem como de facto a criança voltar à escola, mas se há condições de devolver, devolvemos, com aquele kit necessário, o uniforme escolar, matéria escolar, também em coordenação com o sector da educação.”

Albertina destacou que, em alguns casos, como os observados no distrito de Monapo, as crianças participam de diversas actividades desportivas e artísticas.

“Temos algumas situações de Monapo, por exemplo, um grupo de raparigas, que integramos em várias actividades, desportivas e artísticas. Essas raparigas ficam mais tempo a trabalhar, elas ficam mentoras e/ou activistas. São essas raparigas, que nas comunidades têm uma voz de experiência, um exemplo para encorajar as outras a continuar na escola. Temos, também, outros distritos que reiteramos a elas nas capacitações de uma actividade para a vida, nos cursos de curta duração, como alfaiataria, criação de frangos, onde depois começam a fazer negócios.”

Albertina Ussene comentou que, em Muecate, um grupo de raparigas recebeu formação e agora fabrica pensos reutilizáveis. Vânia Jacinto

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