Crise financeira ameaça sorriso infantil no Infantário Provincial de Nampula

A direcção do Infantário da Província de Nampula relatou que a entidade está enfrentando tempos difíceis para cuidar das crianças sob sua responsabilidade devido a problemas financeiros.
A directora da instituição, Mária Ângela, é quem fez esse desabafo público e ressaltou que uma das questões mais urgentes é a falta de recursos para alimentar 13 crianças, das quais nove do sexo feminino e quatro crianças masculinos. Essas crianças vêm de três províncias do Norte de Moçambique: Niassa, Cabo Delgado e Nampula, sendo que três delas possuem deficiência.
Além das dificuldades relacionadas à alimentação, Mária Ângela também afirma que existem outros obstáculos que dificultam o normal funcionamento das actividades da instituição.
“As dificuldades que enfrentamos são enormes. Todos nós sabemos que a situação financeira não está bem, é de conhecimento de todos, mas o Governo faz sempre a questão de providenciar alguma coisa para essas crianças. Temos tido problemas de refeição, mas nunca faltaram as três refeições do dia, apesar de tudo isso”, disse.
Diante da carência de fundos por parte do Governo para cobrir as despesas, o Infantário Provincial de Nampula tem contado com a colaboração de entidades privadas, incluindo ONGs, conforme contou, Mária Ângela.
“Nós temos recebido apoio de algumas pessoas de boa-fé, me refiro a SONIL, tem ajudado o infantário, a Helpo também ajuda o infantário, mas outros, porque muita gente passa por aqui, para solidarizar-se com as crianças.
Outra questão mencionada pela fonte diz respeito ao atendimento de duas crianças com deficiências mentais acolhidas na instituição. Frequentemente, elas enfrentam dificuldades que demandam assistência, mesmo recebendo tratamento no hospital psiquiátrico de Nampula.
“Temos duas crianças com deficiência mental, mas sempre entramos em contacto com o hospital psiquiátrico para poder ajudar no tratamento dessas crianças e tem um técnico disponível do hospital psiquiátrico que tem feito visita regularmente para ver o nível de saúde dessas crianças. Mas na semana passada tivemos uma criança que teve crises epilépticas e que neste momento está internado no hospital psiquiátrico de Nampula,” disse a fonte.
Maria Ângela aproveitou a entrevista para expressar seu descontentamento em relação a certas situações frequentes. A violência sofrida por muitas crianças em algumas famílias leva-as a se afastar do convívio familiar, recorrendo àquela instituição. Isso é motivo de preocupação para a entidade, que já enfrenta dificuldades para oferecer um cuidado adequado às crianças em razão da falta de recursos. Maria Ângela faz um apelo aos pais e cuidadores para manterem um diálogo constante com seus filhos, a fim de evitar fuga das menores.
“As crianças fogem de casa pelo seu mau comportamento. Tem outras que não gostam de ser ditas e acabam fugindo de casa e vem para o infantário.
A delegação do INAS de Nampula tem feito actividades regulares da criança, que é para eles poderem se abrir e dizer qual é o problema que lhe fez sair de casa e nós como técnico da acção Social fazemos a questão de ir até essa família de modo a integrar essa criança que viva definitivamente na família. Mas nós não deixamos de apelar aos pais apelando que não abandonem essas crianças, pedimos que conversem com essas crianças, se calhar passam numa fase de adolescência e é uma fase muito complicada para a criança. Precisa de muita conversa para poder ter aquele comportamento desejável nas casas”. Vânia Jacinto