Comunidade se une e arrecada  fundos para construir posto policial na  Memória em Nampula

Residentes da Unidade Comunal Eduardo Mondlane, zona da Memória, no bairro de Namicopo em Nampula, acabam de dar início a uma campanha de arrecadação de fundos para a construção de um edifício destinado ao funcionamento do posto policial.

Os residentes já contam com um espaço físico. Conforme as informações, a polícia já operava na área, porém num local temporário, levando a Terceira Esquadra da Polícia a desocupar quando o proprietário pediu de volta o espaço, isto dez anos depois.

Com a saída da polícia na Unidade Eduardo Mondlane, há registo de alta de crimes, cenário já controlado com a presença da polícia, por isso a comunidade decidiu em conjunto criar uma estrutura para a construção de um edifício próprio, onde a Polícia da República de Moçambique poderá passar a funcionar. As doações podem ser de diferentes valores, mas o mínimo exigido é de cinquenta meticais por residente.

Veloso Paulo Tomás, chefe da Unidade Eduardo Mondlane da Memória, destacou que a comunidade foi a responsável por iniciar a reconstrução do posto policial. Ele ressaltou que a presença da polícia na zona beneficia directamente a população, sendo essa a principal razão do apoio da comunidade.

“A decisão de promover a reconstrução do posto policial partiu da própria comunidade, uma vez que o local onde a autoridade estava instalada era temporário e, após a solicitação da proprietária, a polícia foi devolvida para a Terceira Esquadra. Nesse contexto, o dono do terreno onde antes funcionava o posto concordou em ceder parte do espaço para a reconstrução, o que levou os demais moradores a contribuírem financeiramente para o projecto”, disse explicando que o dono do local onde estava instalado o posto optou por ceder a metade das suas terras, a fim de garantir a continuidade das actividades da polícia ininterruptamente. O secretário se mostra entusiasmado com essa atitude.

“Contribui porque sem posto policial não temos segurança, e nesse tempo aqui não podemos ficar sem um posto policial, não sei porque que os outros não contribuem, pois no dia em que tivemos uma reunião para nos informar da situação todos concordam em colaborar. Sem posto não estamos seguros aqui, porque da Memória a Terceira Esquadra é longe, e às vezes acontecem coisas à noite, será possível sair daqui a pé até a terceira esquadra? Não, como no posto era perto, uma pessoa podia sair da sua casa a qualquer hora ou mesmo às zero horas encontrava segurança” disse Abiba Ismael, residente da Memória.

Outro entrevistado de nome Jaime Munhanga enfatizou que a iniciativa é fundamental para a participação da população. Segundo as suas palavras, “não se pode esperar até que o governo consiga garantir o necessário, nós podemos ajudar”. Além disso, ele destacou que a governação participativa promovida pelo governo permite que as comunidades se envolvam eficazmente por acções práticas.

“Contribuiu, pois entendo a importância da construção do posto para a nossa protecção. Mesmo sendo dever do governo, não podemos ficar apenas aguardando por ele. Se ficarmos parados, os criminosos causarão danos à sociedade. Se o governo não age, nós precisamos agir”, declarou Munhanga.

Anselmo José Nela, é chefe do Quarteirão Sete naquela comunidade, informou que até agora dezasseis residentes da sua área de responsabilidade já fizeram as doações e as contribuições estão em andamento.

“Realmente faço a recolha dos valores para reforçar a reconstrução de um local para nossa polícia. Essa iniciativa é necessária, uma vez que, após a retirada das autoridades que nos protegiam, ficamos desamparados. Com a ausência deles, ninguém consegue dormir em paz, pois mesmo havendo criminalidade, eles contribuem para amenizar a situação e agora esses criminosos agem livremente”, declarou Anselmo José Nela.

Segundo dados dos órgãos comunitários da Unidade Comunal Eduardo Mondlane no bairro de Namicopo em Nampula, a população local é estimada em mais de 10 mil habitantes. A Unidade Comunal possui 28 quarteirões e se estende desde o Aeroporto Internacional de Nampula até a zona do Nasser. Losangela Mussa