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Após um mês de tensão, comunidade de sant’egidio diz que diálogo pode construir futuro pacífico 

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A comunidade de Sant’Egidio, em Nampula, afirma que a disposição do Presidente da República e dos quatro candidatos à presidência nas eleições de 9 de Outubro para o diálogo, abre um novo capítulo para a paz no país, após quase um mês de turbulência gerada pelas manifestações organizadas por Venâncio Mondlane, um dos candidatos ao cargo.

As manifestações em Moçambique ocorrem em resposta aos resultados das eleições, os quais foram considerados fraudulentos pelo candidato do Podemos, Venâncio Mondlane, e por outros partidos da oposição. Nas eleições, o candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, saiu vitorioso, e a Frelimo conquistou 195 dos 250 assentos da Assembleia da República.

A comunidade Sant’Egidio, que teve uma participação vital nas negociações e na celebração do acordo de paz em Roma, afirma que a solução de quaisquer conflitos de maneira pacífica por meio do diálogo é extremamente relevante.

Américo Sardinha, líder da comunidade de Santo Egídio, reiterou sua crença de que os moçambicanos conseguirão, mais uma vez, atingir a paz duradoura.

Sardinha afirma que, apesar das divergências entre os partidos políticos, é fundamental que eles coloquem de lado as suas diferenças e se concentrem nas necessidades do povo moçambicano, priorizando o que é de interesse colectivo, como a paz e a convivência harmoniosa.

“Recordo das negociações que visavam a paz na guerra em Moçambique. No início, em Roma, André Ricardi, citando o Papa São João XXIII, enfatizou a necessidade de buscar o que nos une e deixar de lado as divisões. Esse se tornou o princípio que guiou a comunidade nas conversas de paz em Moçambique, um aspecto fundamental”, destacou Américo Sardinha, que ressaltou a importância do diálogo que encerrou a guerra civil, que durou 16 anos no país.

“Podemos estar juntos, pois, como moçambicanos, já provamos isso. Existe uma forte apreciação positiva sobre como os Moçambicanos resolvem os seus conflitos. Após o acordo de paz de 1992, não houve retaliação entre os moçambicanos; todos se sentiram irmãos e empenhados em desenvolver a nação. O diálogo é fundamental. Acredito que não deveria ser complicado unir os moçambicanos e avançar, pois essa capacidade já faz parte da nossa essência, do nosso DNA. A paz já está presente, essa é minha visão, assim como a da comunidade Sant’Egidio”.

A Comunidade de Sant’Egidio reconhece que um dos factores que gera descontentamento aos moçambicanos é como o processo eleitoral foi conduzido. Assim, conforme mencionado por Sardinha, é fundamental que as partes se reúnam para analisar o que ocorreu inadequadamente e, a partir disso, encontrar um entendimento que respeite rigorosamente as leis actuais.

“Todos nós somos moçambicanos, todos somos como irmãos e frequentemente discorremos sobre a paz. Se estamos juntos como moçambicanos, como irmãos, por que não avançarmos lado a lado? É essencial entender qual é a questão em disputa. Se o que nos separa, por exemplo, é a partidarização do Estado, precisamos pensar em maneiras de evitar que nosso país tenha um Estado influenciado por partidos. Esse é um exemplo”.

Américo Sardinha afirma que, considerando todos os aspectos, o diálogo é a maneira mais eficaz de solucionar os desafios actuais de Moçambique. Ele elogia a iniciativa do presidente Filipe Jacinto Nyusi em promover o diálogo e também reconhece a importância da disposição de todos os candidatos.

“A violência não pode ser superada por meio da violência; ao praticar actos violentos, criam-se mais conflitos, pois a Bíblia ensina que quem usa a espada encontrará seu próprio fim da mesma maneira. Isso indica que agir com violência gera novas violências. A iniciativa de dialogar, por si só, é extremamente importante. O Presidente da República deu um passo importante ao aceitar a participação de todos os candidatos, pois esse diálogo, como é evidente, não ocorre apenas entre ele e um único candidato, mas envolve os quatro. Este é um avanço relevante, e podemos esperar resultados positivos”.

Assim, para a Comunidade de Santo Egídio, as discussões devem, acima de tudo, colocar em primeiro plano os anseios do povo moçambicano, especialmente no que diz respeito à solução de diversos problemas que afligem a sociedade, como a oferta de oportunidades de trabalho para os jovens e a justiça na distribuição das riquezas.

“É fundamental que todos nós nos reconheçamos como parte de uma grande família, promovendo a humildade nas interacções entre as pessoas. É necessário abordar questões mais profundas, especialmente no que diz respeito ao envolvimento dos jovens nas decisões governamentais, por serem o futuro que guiará nossa nação. Enfrentamos desafios concretos relacionados à juventude actualmente, e é essencial que as soluções venham de seus próprios pontos de vista. Para melhorar a situação do país como um todo, precisamos reflectir sobre como aproveitar os recursos disponíveis, apoiar a geração mais jovem na busca por emprego e aprimorar as condições educacionais, especialmente nas áreas rurais. Há uma série de aspectos a serem considerados, e é possível integrar todas essas iniciativas, mas é importante dirigir o foco para o que pode ser feito agora”. Vânia Jacinto

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