70 professores da região Norte do País transferidos para áreas rurais por reivindicar os seus direitos

Cerca de 70 professores da região Norte de Moçambique, incluindo a província Central da Zambézia, foram submetidos à transferência de escolas situadas em vilas-sedes distritais e/ou cidades para escolas localizadas em áreas rurais, durante o ano passado. Segundo soubemos, estas transferências ocorreram por questões relacionadas à participação activa dos professores em acções de reivindicação dos direitos.

De acordo com informações fornecidas pelo Coordenador Regional da Associação Nacional dos Professores, Arnaut Ângelo Naharipo, a maioria dos professores transferidos representam muitos outros que se sentem impossibilitados de expressar as suas preocupações por medo de retaliações.

Arnaut Ângelo Naharipo, relatou uma intensa perseguição aos membros da sua organização, muitas vezes, motivada ao facto de as instituições de ensino estarem politizadas, e aqueles que se recusam a se associar a determinados partidos enfrentam retaliações.

“Por exemplo, nas recentes ocorrências em Meconta, na província de Nampula, e em alguns distritos da Zambézia, as transferências foram feitas porque os colegas são vistos como revolucionários. Eles estão reivindicando os direitos dos professores e se posicionando, sendo interpretados como problemáticos, resultando na punição de serem transferidos”.

Arnaut Ângelo Naharipo informou que a organização está a desenvolver um trabalho em todo o país, para devolver todos os transferidos para as escolas de origem. Este trabalho já tem resultados, daí que pretende continuar aplicando nas províncias do Norte, incluindo a Zambézia.

“Temos procurado a resolução dessas situações por meio de reuniões com o governo, especificamente com o Ministério da Educação. Um exemplo é que os colegas transferidos em Inhambane e Maputo já se reintegraram nas suas escolas. A Ministra nos assegurou que isso não poderia ocorrer, pois se tratava de uma prática ilícita”, afirmou Arnaut Naharipo, prosseguindo.

“Durante esta semana, teremos a intenção de enviar uma solicitação para uma audiência com os governos provinciais nas quatro províncias: Niassa, Cabo Delgado, Nampula e Zambézia. Nosso objectivo é apresentar uma resposta ao que ocorreu em âmbito nacional, a fim de estabelecer um canal de diálogo contínuo que vise eliminar as ameaças”, afirmou o representante da ANAPRO no Norte, ressaltando que a organização procura, neste novo ciclo governamental, manter uma postura de diálogo com os governos para solucionar os desafios enfrentados pelos professores.

A fonte revelou que, na província de Nampula, há um sentimento positivo pelo facto de o governador da Província de Nampula, Eduardo Abdula, ter como prioridades o combate às práticas ilegais no sector.

Lembre-se de que, na apresentação pública do Governador de Nampula, no mês passado, ele reiterou o seu compromisso em valorizar os professores e afirmou que as horas extras serão pagas na época em que forem realizadas.

Igualmente, o director Provincial de Educação, Wiliamo Tunzine, se comprometeu a eliminar as taxas para o pagamento dos guardas, assim como as taxas de matrícula nas classes obrigatórias do sistema nacional de educação.

Arnaut Ângelo Naharipo, entretanto, afirma que uma das prioridades do novo director de educação em Nampula deveria incluir a questão da influência partidária nas instituições de ensino.

“Alguns partidos utilizam o seu poder para prejudicar a educação. Solicitamos ao novo director de educação em Nampula que examine as células partidárias nas escolas, pois esse é o principal problema que compromete a qualidade do ensino e contribui para o aumento da corrupção nas instituições educacionais”. Raufa Faizal