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Trabalhadores denunciam condições precárias e falta de contratos na ORUWERA em Nampula

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Trabalhadoras da empresa ORUWERA em Nampula denunciam uma série de desrespeitos à legislação do trabalho e aos direitos humanos, que vão desde a inexistência de contratos de trabalho até a falta de equipamentos de protecção e de refeições durante as jornadas de trabalho ininterruptas.

As trabalhadoras que se dedicam na selecção e limpeza de produtos agrícolas processados pela ORUWERA, empresa especializada em agricultura, distribuição de sementes certificadas e insumos agrícolas, além de oferecer educação e assistência técnica aos agricultores, estão insatisfeitos e fizeram uma reclamação.

O Rigor soube que os funcionários da ORUWERA, muitos se não todos do sexo feminino, foram contratados após ter sido constatado que durante o processamento de diversos produtos agrícolas havia falta de higiene nos mesmos. Por isso, as denunciantes estão encarregadas da selecção e limpeza dos produtos antes de seu processamento final.

“Recebi informações sobre a empresa ORUWERA que estava precisando de mulheres interessadas em trabalhar, então decidi me candidatar. Meu papel é seleccionar produtos agrícolas. A questão é que recebemos apenas cem meticais por saco e, às vezes, um valor muito baixo de cem. No entanto, o trabalho não é satisfatório, pois precisamos primeiro limpar os produtos, que costumam ficar cheios de poeira, sem o uso de máscaras, colocando em risco nossa saúde”, comentou uma colaboradora que optou por não ter seu nome revelado por questões éticas.

“Trabalhar aqui é uma tarefa bastante desafiadora, dado que há produtos complexos, muito pequenos. Passamos uma semana a escolher apenas um saco. Já pensou quanto a pessoa recebe mensalmente? Além do salário ser baixo, há o atraso de pelo menos 3 meses para receber. Como uma mãe solteira de dois filhos abandonadas pelo pai, o que ela faz para sobreviver?”, concluiu questionando a nossa reportagem.

Uma segunda trabalhadora descreveu como imensas as adversidades enfrentadas pelos colaboradores da ORUWERA. “Os desafios que vivenciamos neste local são imensos, pense em alguém que sai diariamente para exercer uma função como essa, separando pedaços e retirando resíduos desnecessários, que não jantou na noite anterior, chega aqui sem comer nada e no final do mês, não recebe! Como fica a saúde dessa pessoa, se ela está constantemente a perder energias?” lamentou.

Outra funcionária entrevistada apontou que a empresa tem favorecido os trabalhadores do sexo masculino, que possuem contratos de trabalho, enquanto as mulheres, mesmo com a líder máxima da empresa sendo uma mulher, não têm contratos e não são respeitadas as questões de igualdade de género.

“Nossa responsabilidade é assegurar a excelência dos produtos, enquanto a nossa sobrevivência depende deles, no entanto, a realidade não condiz com isso. Já enfrentamos períodos de três a quatro meses sem receber salários, o que é inadmissível. Além disso, há uma clara falta de valorização das mulheres que trabalham aqui, os homens têm contratos de trabalho garantidos, ao contrário de nós. É necessário ocorrerem mudanças, pois a situação actual é insustentável.”

Segundo a directora-executiva da ORUWERA, as acusações feitas pelas funcionárias não têm fundamentos, pois de acordo com ela, antes da contratação de todos os colaboradores, são explicados os termos e condições de trabalho equitativamente. Ela afirma que “informamos às senhoras antecipadamente que não fornecemos refeição e o pagamento é por cada saco seleccionado, e elas concordaram”.

Conforme a fonte, os valores recebidos por cada mulher trabalhadora na ORUWERA aumentam constantemente, com o pagamento actual sendo de cerca de 120 meticais por saco, em comparação com os 80 meticais praticados anteriormente.

“O custo de cada saco era inferior a 80 meticais, mas com o passar do tempo aumentamos para 120 meticais por saco, gradualmente. Acredito que as senhoras que fizeram essa denúncia são novatas, as menos dedicadas, pois esperavam receber diariamente e sem esforço, enquanto temos mulheres que trabalham conosco desde o início da nossa empresa”, conta a directora-executiva da ORUWERA, empresa que trabalha há aproximadamente uma década.

Marília Chaimita contesta a alegação de atrasos nos pagamentos da empresa, afirmando que os mesmos são sempre realizados no prazo estipulado. Ela ressaltou que, no entanto, as próprias trabalhadoras frequentemente solicitam que o valor seja acumulado, na expectativa de possibilitar um crescimento futuro.

“Algumas mulheres, ao perceberem que o valor recebido no final do mês é baixo, preferem deixar para o próximo mês. Naturalmente, as demais discordam disso e, quando isso acontece, elas conversam e chegam a um consenso sobre se vão receber naquele mês ou não”, explicou, ressaltando que a empresa abre às oito da manhã e encerra às dezasseis horas. Por outro lado, esclareceu: “Existem mulheres que permanecem até às dezassete horas, por desejarem concluir a produção daquele dia, enquanto outras chegam tarde e produzem pouco, sendo menos interessadas nesse sentido”.

Durante a conversa com a directora-executiva da ORUWERA, revelou que a empresa está empenhada em inovações no mercado. Por isso, está prevista a compra de uma ampla variedade de equipamentos para aumentar a capacidade de produção e diminuir a necessidade de mão-de-obra humana, que actualmente é de mais de cem pessoas.

“Nós temos a intenção de expandir os recursos e adquirir um equipamento de selecção que provavelmente irá substituir ou diminuir a quantidade de funcionários”, concluiu. Losangela Mussa

 

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