ECONOMIA
Taxa MIMO em queda, mas população moçambicana pode não sentir o efeito, aponta economista
O economista Jorge Ferrão Conhaque João destaca que a diminuição da taxa MIMO de 13,5 para 12,75, anunciada na semana passada pelo Banco de Moçambique, pode não trazer benefícios percebidos pela população moçambicana, em razão da instabilidade política actual no país.
Jorge Ferrão Conhaque João observa que, em geral, a diminuição da taxa MIMO resulta na queda dos juros dos empréstimos, incentivando o consumo. Com maior disponibilidade de recursos para as famílias, a procura por bens, incluindo produtos de primeira necessidade (como alimentos, combustíveis e medicamentos), tende a subir. Caso a produção desses produtos não consiga acompanhar essa elevação na demanda, há a possibilidade de aumento nos preços.
“O aumento do preço do açúcar pode ser influenciado pela taxa MIMO, mas essa relação é indirecta e depende de vários canais económicos. A taxa MIMO afecta a taxa de câmbio. Uma redução pode enfraquecer o metical, tornando o açúcar importado mais caro. Mesmo o açúcar produzido localmente pode ser afectado, já que insumos e equipamentos são frequentemente importados”, disse.
O economista, entretanto, ressalta que a efectividade dessa acção do Banco de Moçambique estará condicionada não só a aspectos económicos, mas também à habilidade do país em minimizar os perigos ligados às tensões políticas, assegurando um clima propício para o desenvolvimento sustentável.
“A redução da taxa de juro MIMO pelo Banco de Moçambique ocorre em um cenário marcado por incertezas relacionadas à tensão pós-eleitoral. A duração e a intensidade dessa tensão podem influenciar directamente a estabilidade política e económica do país, podendo, por sua vez, neutralizar ou limitar os efeitos positivos esperados da medida. Caso a instabilidade política se agrave, a confiança no ambiente económico pode ser prejudicada, afectando decisões de consumo e investimento tanto por parte das empresas quanto das famílias”, alerta informando que, além disso, a confiança dos investidores pode sofrer efeitos adversos, já que tanto os investidores locais quanto os estrangeiros costumam adoptar uma abordagem prudente em cenários de instabilidade política, o que pode levar ao adiamento de seus investimentos. Essa situação, por sua vez, impede que se tenham resultados benéficos na diminuição da taxa Mimo, pois a realização de investimentos seria um factor gerador de novas oportunidades de emprego.
“Essa hesitação pode desacelerar o fluxo de capitais, limitar a criação de empregos e reduzir os potenciais ganhos associados à redução da taxa de juros.aumento das actividades económica tem de criar várias oportunidades de emprego, especialmente para trabalhadores informais e de baixa qualificação e melhorando aqui as condições de vida de grande parte da população”
Além dos factores citados pelo economista relacionados às manifestações violentas que ocorrem por todo o país e que impactam a economia, existem desafios e restrições adicionais que podem diminuir o efeito positivo esperado dessa diminuição da taxa MIMO. Um dos principais desafios, especialmente para a população em geral, é a dificuldade de acesso ao crédito formal, especialmente para aqueles que actuam no sector informal.
“Os requisitos bancários para receber crédito são mais rígidos, esses benefícios podem ser limitados, além disso, os bancos comerciais podem não repassar integralmente a redução da taxa de juro para os consumidores, diminuindo desta forma o efeito esperado no acesso ao financiamento”.
A diminuição da taxa Mimo pode, por outro lado, resultar em um aumento das dívidas em várias famílias, que podem ter dificuldades para pagá-las. Diante disso, o especialista destaca a importância de adoptar medidas adicionais, como a promoção da educação financeira e a implementação de políticas públicas que melhorem o acesso ao crédito para o sector informal. Além disso, é crucial serem oferecidos incentivos para os bancos comerciais poderem repassar, de maneira abrangente e eficaz, os benefícios das taxas reduzidas.
“O outro desafio é a possibilidade de pressão inflacionária, isto é se o aumento do consumo estimulado pela maior facilidade de crédito ultrapassado produtiva e de oferta de bens e serviços. Os preços podem subir, isso afectaria negativamente também as famílias de baixa renda que já possuem menor margem de manobra para lidar com aumento de custo de vida. Aqui também ainda há o risco de endividamento excessivo, ou seja, a maior acessibilidade ao crédito pode levar algumas famílias ao contraírem dívidas acima da sua capacidade de pagamento agravando desta forma a sua situação financeira é preciso realizar isso pode exultar e inadimplência restringindo ainda mais o acesso ao crédito no futuro e criando instabilidade financeira para os mais vulneráveis”. Vânia Jacinto
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