Na época chuvosa 2024/2025: Fome poderá afectar mais de 20 mil pessoas em Nampula

As autoridades governamentais na província de Nampula, calculam que pelo menos 20 mil pessoas poderão enfrentar a insegurança alimentar em toda a província, durante a época chuvosa 2024/25, devido à queda irregular das chuvas. E o governo diz que até ao momento não dispõe de produtos alimentares para apoiar as famílias a serem afectadas.

O facto foi anunciado pela delegada provincial do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Anacleta Botão, no decurso da reunião do Comité Operativo de Emergência (COE) que, entre vários pontos, apreciou, na semana finda, o nível de preparação das autoridades provinciais, face à próxima época chuvosa e ciclónica.

“Em fase da população em risco, fizemos a agregação dos que realmente irão precisar de assistência, e para a província de Nampula, cerca de vinte mil pessoas vão precisar de assistência efectiva. E como na província já temos a informação sobre insegurança alimentar, também trazemos aqui a abordagem para contemplarmos o nosso plano, igualmente temos os deslocados que nesse plano precisam da assistência. Conjugados a estes esforços, a província apresenta algum défice para assistir às pessoas em riscos, as pessoas em insegurança alimentar. Em termos de bens de abrigo, apresentamos défice, mas temos alguns produtos disponíveis e preposicionados na província”, assegurou Botão.

No contexto do seu plano de contingência 2024/2025, o governo de Nampula e parceiros necessitam de 900 milhões de meticais para efeitos de monitoria, reposicionamento de materiais em zonas afectadas ou de risco, busca e salvamento, incluindo assistência alimentar às vítimas, valor este que ainda o governo não dispõe.

“É um orçamento que tem que ser mobilizado para fazer face às acções de monitoria, busca de salvamento, acções antecipadas e assistência humanitária. Este fundo, após mobilizado, é canalizado ao fundo da gestão calamidades que pode fazer chegar as diferentes províncias”, referiu a delegada provincial do INGD.

Para a presente época, o Instituto Nacional de Meteorologia prevê que nos próximos cinco meses haja chuvas normais com tendência para acima do normal, chuvas normais, chuvas normais com tendência para abaixo do normal, sobretudo para os distritos costeiros.

“O sector da agricultura fez a interpretação da previsão e avança que para o período de Outubro para Dezembro 2024, prevê-se índice baixo de satisfação hídrica das culturas em quase toda província, enquanto de Janeiro a Março de 2025, as culturas poderão apresentar índice alto de satisfação hídrica, mas em alguns distritos costeiros esperamos um índice melhorado. De modo geral, o sector prevê que a campanha seja boa”, referiu.

Na mesma ocasião, a responsável anunciou que o Programa Mundial de Alimentação (PMA) comprometeu-se em apoiar o governo moçambicano na execução do projecto piloto de prevenção e combate aos ciclones nos distritos costeiros de Angoche e Mogincual.

A delegada do INGD fez saber que o projecto piloto de combate aos ciclones contempla a divulgação do aviso prévio, a retirada das famílias das zonas de risco, a provisão de materiais de abrigo e de higiene, entre outras actividades de carácter humanitária.

“Nessas actividades prevemos que haja disseminação de aviso prévio antecipado, evacuação da população, provisão de material de higiene, de abrigo e provisão assistência alimentar”, disse Anacleta Botão tendo, igualmente, realçado que o projecto piloto está sendo implementado na região Sul, na componente de seca, com apoio técnico e financeiro do Programa Mundial de Alimentação.

Na componente de ciclones, a Província de Nampula prevê dois cenários prováveis.

No cenário 1, que comporta ventos fortes e inundações, estima-se que cerca de 65 mil pessoas corram risco de serem afectadas. No cenário 2, as projecções apontam para um universo 201.477 pessoas, enquanto o último cenário, caracterizado de sismos, as projecções indicam para 201.387 pessoas que poderão ser afectadas, mas após analisados todas as situações meteorológicas, avaliou-se que o cenário, provável que venha ocorrer é o cenário dois, onde estão projectadas 201.470 pessoas. Vânia Jacinto