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Marchal Manufredo sobre Cabo Delgado: “É possível pôr fim aos confrontos sem recorrer a armas, sem perdas de vidas…”

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O especialista em assuntos políticos e sociais, Marchal Manufredo, argumenta que a resolução dos problemas em Cabo Delgado não deve depender da Missão Militar da África Austral (SAMIM) ou de Ruanda, mas sim dos próprios moçambicanos.

Para ele, as tensões em Cabo Delgado vêm se arrastando desde 2016, quando divisões internas surgiram no seio do partido no poder, a FRELIMO, que governa o país desde 1975.

Manufredo sustenta que a retirada das tropas da SAMIM, anunciada pelo presidente moçambicano, não deve causar preocupação, pois a solução está nas mãos dos moçambicanos. De acordo com ele, “a chave para a solução está nas mãos daqueles que estiveram no poder no passado, e não daqueles no poder actualmente”.

Segundo ele, o egoísmo do actual presidente moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, contribuiu para que o conflito em Cabo Delgado chegasse ao patamar actual, ao se recusar a criar condições para integrar aqueles que estiveram no poder no passado e tinham amplo conhecimento da situação em Cabo Delgado, no esforço de combate ao terrorismo.

“A maioria daqueles que actuaram como ministros e ocuparam posições de liderança durante o mandato de Armando Guebuza são completamente distintos do governo actual. Houve uma completa renovação e não houve aproveitamento da experiência dessas pessoas no governo actual.” O analista destaca que os desentendimentos entre o presidente anterior e o actual são os principais motivos para o aumento da violência em Cabo Delgado.

Na opinião dele, a administração liderada pelo actual presidente de Moçambique foi caracterizada pela vingança e contribuiu para a intensificação do conflito em Cabo Delgado, que ainda persiste.

“É perceptível que o projecto relacionado com a contratação dessas dívidas tinha como principal foco a protecção marítima da costa de Moçambique, abrangendo a região conflituosa de Cabo Delgado. Ao analisar os discursos dos envolvidos, em especial Agostinho do Rosário, podemos concluir que ele possui um profundo conhecimento sobre esse projecto de terrorismo, uma vez que sua concepção já previa isso e ele demonstra uma certa familiaridade. Se estivesse realmente envolvido, nada poderia ter chegado aos níveis actuais” entende o nosso entrevistado.

“Percebemos que o julgamento se tratava essencialmente de uma disputa entre o governo actual e o governo anterior, em busca de vingança. Enquanto uns defendiam o governo de Guebuza, os outros deixaram claro que estavam do lado oposto”, declarou Marchal Manufredo. Ele acrescentou que “aqueles que estão presos possuem mais respostas do que a SAMIM, Ruanda e até as forças de defesa de Moçambique, ao possuírem conhecimento sobre os meandros do terrorismo. Se fôssemos mais justos com aqueles que foram julgados, encontraríamos soluções em menos tempo.”, disse afirmando “que os implicados com as dívidas ocultas conhecem a dinâmica do conflito pela experiência que eles têm no controlo da segurança do Estado, se ter em conta que a maioria deles são do Serviço de informação e Segurança do Estado”.

Segundo Marchal Manufredo, mesmo considerando que a decisão de julgar as dívidas ocultas tenha sido a mais adequada, os envolvidos poderiam ter habilidade para lidar com a questão do terrorismo se não fossem levados ao tribunal, considerando a argumentação apresentada durante o julgamento.

“Seria aconselhável eliminar as decisões do julgamento das dívidas ocultas? Não, falhou, foi a falta de humildade do Presidente Nyusi e a habilidade de resolver o conflito sem recorrer a julgamentos. Para solucionar a situação em Cabo Delgado, é necessário envolver aqueles que estavam no poder quando tudo começou.”

Segundo a fonte, é possível pôr fim aos confrontos sem recorrer a armas, sem perdas de vidas e deslocamentos de pessoas, desde que o governo consiga engajar e envolver os responsáveis do projecto de protecção marítima da costa de Moçambique, que resultou nas chamadas dívidas ocultas.

“Lembramos que o conflito em Cabo Delgado começou durante a tentativa do governo de investigar e deter os envolvidos nas dívidas ocultas. Foi a partir da prisão dessas pessoas que a insurgência armada em Cabo Delgado começou a se intensificar”.

“Se fosse necessário consultar o Presidente Guebuza sobre a resolução desse conflito, ele apresentaria certamente as estratégias iniciais. Com o apoio de Carlos do Rosário, e outros especialistas no assunto, eles possuem um entendimento maior da dinâmica envolvida. Mesmo em questões internacionais ou relacionadas à exploração de gás, eles poderiam encontrar uma solução”, afirmou Marcha, destacando a importância do diálogo no conflito e a participação de pessoas qualificadas e com competências suficientes para propor soluções eficazes. Raufa Faizal

 

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