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Colaboração entre hospital e comunidade gera impacto positivo no atendimento no Hospital Geral de Nacala Porto

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Houve uma melhoria significativa na acessibilidade de medicamentos e na questão das cobranças ilícitas, especialmente no sector de maternidade do Hospital Geral de Nacala Porto, graças ao trabalho conjunto da direcção do hospital em colaboração com o grupo local de humanização, formado por membros das comunidades.

Uma monitoria e avaliação da qualidade dos serviços de saúde, conduzida pela ONG N’weti, em parceria com a WEMOS, empregando a ferramenta Cartão de Pontuação Comunitário (CPC) no Hospital Geral de Nacala, identificou, ao final do primeiro semestre de 2024, graves questões, como a ausência de medicamentos e práticas de cobranças indevidas, principalmente por parte das parteiras associadas a essa unidade de saúde.

Em relação ao indicador que avalia o atendimento prestado pela equipe de saúde às mulheres gestantes e ao atendimento na maternidade, observava uma tendência negativa, com 44% de insatisfação. Essa insatisfação é atribuída a exigências feitas aos parturientes na Unidade Sanitária. As pacientes relataram que, para receber um tratamento humanizado, era necessário realizar pagamentos, enquanto a falta de pagamento resultava em desatenção no atendimento.

A taxa de pagamento extra para acessar o serviço mostrava uma inclinação negativa, com 60% dos entrevistados avaliando de forma insatisfatória, classificando como mau ou muito mau, devido às cobranças relacionadas ao atendimento durante o parto. É importante ressaltar que esses pontos foram trazidos à tona pelo grupo de membros da comunidade e pelo Comité de Co-gestão e Humanização.

No que diz respeito à disponibilidade de medicamentos, o Hospital Geral de Nacala apresentou uma avaliação considerada alta, com um total de 60% de respostas negativas e muito negativas, sendo essa percentagem atribuída à falta de medicamentos prescritos. Pacientes relataram situações em que as receitas não eram atendidas completamente e mencionaram a necessidade de procurar os medicamentos restantes em farmácias particulares. Além disso, destacaram o problema da legibilidade das prescrições e a dificuldade em entender quais medicamentos deveriam ser adquiridos, o que pode comprometer a sua saúde, já que farmácias privadas podem fornecer medicamentos inadequados.

Este estudo apresentou diversas sugestões a respeito da urgência de aperfeiçoar o atendimento e a humanização dos serviços prestados.

Seis meses após o CPC, a direcção do Hospital, graças à participação activa da própria comunidade, conseguiu melhorar significativamente o atendimento ao público. A direcção também ressalta que as práticas de cobrança indevida foram combatidas, conforme disse ao Rigor Marcelino Vasco, respectivo Director.

“Em Nacala, temos nos empenhado continuamente em colaborar com a comunidade e com diversas organizações na busca por proporcionar serviços de saúde mais humanizados aos nossos pacientes. Essa tem sido a nossa prioridade como uma unidade de saúde de referência. Fundamentamos nossas acções nesses princípios, trabalhando em conjunto com o grupo de humanização, além de outras entidades não governamentais e governamentais que estejam dispostas a se unir a nós”, afirmou Marcelino Vasco.

O Hospital Geral de Nacala está empenhado em realizar um esforço contínuo na consciencialização da população, tanto na Unidade de Saúde quanto nas comunidades ao redor, incentivando os moradores a utilizarem os serviços hospitalares e destacando que a maternidade oferece atendimento gratuito, algo que apresentava problemas há seis meses.

“No âmbito do atendimento humanizado no hospital, temos um grupo de humanização activo que se destaca em relação a outras instituições. Nosso grupo trabalha diariamente, com excepção dos finais de semana, e conta com 67 integrantes da comunidade, representando diversas etnias, crenças religiosas e orientações políticas. Também realizamos encontros nas comunidades para ouvir as principais preocupações dos cidadãos. Durante essas reuniões, o grupo de humanização se une a eles, permitindo uma compreensão mais profunda das suas principais angústias. Essa abordagem é a base de nossa política de actuação”.

Além de promover a consciencialização para evitar novos casos, a administração do hospital se dedicou a investigar diversas denúncias recebidas. Entretanto, o director do hospital afirma que todos os denunciantes não estão mais disponíveis, mesmo com os números e contactos que foram fornecidos. Ademais, foi relatado que, após uma minuciosa investigação, os próprios denunciantes esclareceram que não se tratava de um suborno, mas sim de um reconhecimento pela qualidade do atendimento prestado.

“Todos sabemos que se trata de um trabalho que envolve seres humanos, e a maior dificuldade está em lidar com pessoas de maneiras diferentes e alcançar uma perfeição de 100%. Isso porque a satisfação varia de indivíduo para indivíduo. Às vezes, oferecemos nosso carinho e dedicação a alguém, acreditando que essa pessoa está contente, e, ao final, ela revela que não está. Contudo, o que posso afirmar é que, em decorrência de algumas reclamações sobre cobranças indevidas em certos sectores, especialmente nas maternidades, ouvimos mulheres expressando descontentamento. No entanto, ao entrevistá-las directamente, muitas manifestam a sua gratidão. Nenhuma das que se queixaram sobre essas cobranças ilegítimas teve a coragem de nos explicar a situação ou os contextos em que isso ocorreu”.

O director explicou que às vezes, as pessoas registam a reclamação, mas durante o processo acabam desaparecendo, mesmo com o caso ainda em curso.

Além disso, Marcelino Vasco afirma que uma situação comprovada de cobrança indevida resultou na demissão de uma enfermeira, o que também desmotivou a ocorrência de novos episódios.

“Recentemente, a situação tem estado bastante tranquila. Na semana passada, realizei uma reunião com os colaboradores, onde expressei minha preocupação, já que não tenho visto muitas reclamações. Isso me fez questionar se realmente fizemos melhorias ou se a população estava desmotivada para reclamar diante da falta de soluções. Estou inquieto com isso. Amanhã, tenho outra reunião agendada na maternidade, onde pretendo entender melhor a situação actual”, comentou Marcelino Vasco.

participantes do workshop de avaliação promovido pela Nweti

“Uma das iniciativas positivas são as reuniões que realizamos nas comunidades para orientar sobre o comportamento adequado na maternidade. Também contamos com a presença de algumas mulheres do grupo de humanização nas salas de parto, onde elas acompanham o trabalho das enfermeiras e as parturientes que estão sob seus cuidados. Além disso, estabelecemos um novo protocolo que permite que cada mulher em trabalho de parto tenha ao seu lado uma acompanhante de sua confiança, garantindo assim que qualquer intervenção ocorra com o nosso conhecimento”.

Gabriel Mutambe, Gestor de Programas da Nweti em Nampula, afirmou nesta Terça-feira(18), durante um workshop apresentado para divulgar os resultados do Cartão de Pontuação Comunitária, que o Hospital Geral de Nacala Porto tem demonstrado avanços significativos na humanização dos serviços e na redução de cobranças indevidas. Segundo Mutambe, “notamos, através do processo de monitoramento, algumas melhorias em termos de recursos, embora a questão das cobranças indevidas ainda seja um ponto de preocupação, visto que isso reflecte uma actual realidade de interpretações. Muitas comunidades têm o hábito de presentear as parteiras tradicionais como forma de agradecimento por um parto bem-sucedido realizado no âmbito comunitário. Uma das principais recomendações que deixamos para o Hospital Geral de Nacala Porto é a de que realizem um acompanhamento mais profundo dessa prática, de modo que o reconhecimento da qualidade dos serviços se torne um motivo de orgulho para os profissionais. Contudo, é crucial evitar que isso seja mal interpretado como uma oportunidade para que os profissionais de saúde realizem cobranças indevidas, apresentando-as como simples agradecimentos, já que durante a recolha de informações, foram mencionadas tabelas específicas de cobrança referentes ao atendimento prestado durante o parto, mesmo quando os pacientes afirmam que estão apenas agradecendo, o que, na verdade, pode se tratar de uma prática enraizada”. Raufa Faizal

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