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Morte de Francisco abre incertezas: sociólogo moçambicano prevê viragem conservadora na Igreja Católica

Sociólogo moçambicano Pedrito Cambrão alerta para possível regresso ao conservadorismo, mas sublinha dimensão espiritual da escolha do novo Pontífice.
A morte do Papa Francisco, ocorrida esta Segunda-feira (21), no Vaticano, marca o fim de uma era singular na liderança da Igreja Católica, caracterizada pelo diálogo inter-religioso, ecumenismo, compromisso social e defesa do meio ambiente. Para o sociólogo moçambicano Pedrito Cambrão, este momento de luto abre também espaço para profundas reflexões sobre o futuro da Igreja e o perfil do próximo Papa.
“Depois de um Papa dialógico, ecuménico, progressista… que surgiu fora da Europa, o mais provável é que o próximo seja europeu e conservador”, observa Cambrão, antecipando uma possível reorientação da cúria romana para valores mais tradicionais, em contraste com o legado transformador de Francisco.
Contudo, o académico recorda que a eleição de um Papa transcende lógicas meramente políticas ou geográficas. “A escolha do Santo Padre não depende apenas da vontade humana. A Igreja é guiada por homens, sim, mas também pela graça do Espírito Santo”, defende. Neste sentido, explica, o processo é simultaneamente democrático, por ocorrer através do colégio cardinalício, e pneumatocrático, por estar sujeito à acção divina: “O vento sopra onde quer. Pode contrariar todos os ditames e projecções humanas.”
Pedrito Cambrão, que também se identifica como franciscano, lamenta a perda de um Papa que encarnou, segundo ele, o verdadeiro espírito de São Francisco de Assis: humilde, próximo dos pobres e comprometido com a criação. “Perdemos um Papa da periferia, de simples trato, muito ‘Franciscano’. Era todo fraterno e ecológico”, descreve.
Para o sociólogo, encíclicas como Fratelli Tutti e Laudato Si não apenas marcaram o pontificado de Francisco, como também inscreveram na história da Igreja uma espiritualidade do amor fraterno e do cuidado com a natureza. “Era um Papa que amava os homens e a natureza, um confrade na fé e na missão franciscana. Com a sua morte, perco não só um líder, mas um irmão”, afirma.
A Igreja entra agora num período de luto e oração, enquanto se prepara o conclave para a eleição do novo Pontífice. O mundo católico aguarda, com expectativa e fé, os desígnios do Espírito Santo. Faizal Raimo
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