Na Visão de um Sonho

Certo dia, enquanto dormia, mergulhei num sonho profundo, pela madrugada.

Ouvi uma voz a chamar-me, mas era demasiado cedo para acordar, pois o sonho apenas começava.

Firmei-me no sono, tentando permanecer ali, mas a voz insistia. Então respondi e vi um homem. Tinha barba e um bigode arredondado. Ofereceu-me uma cadeira, e eu sentei-me.

Parecia um herói de alguma história que já tinha ouvido. Quis perguntar-lhe o nome, mas distraí-me ao ouvir outra voz dirigida a ele, dizendo: — Hei! Muito obrigado! És um grande herói. Foste corajoso e lutaste com força e determinação. Agora o nosso Estado é soberano, independente e livre de conflitos!

O homem de bigode sorriu, olhou para o relógio e respondeu: — Já temos duas horas e trinta minutos de independência.

Enquanto ele falava, o alarme do meu telefone tocou exactamente àquela hora. Mas, para mim, não era momento de acordar, precisava ouvir o que ele ainda tinha para dizer. E ele continuou: — Agora, todo o passado fica na história. Vamos viver o que a independência nos proporciona.

Então ouvi tambores e uma canção de melodia suave, como o canto dos pássaros. Segui o som e vi uma senhora no centro de uma grande roda formada por adultos, jovens e crianças.

A sua canção dizia: — Estamos a viver e a construir a independência que conquistámos. A geração vindoura colherá os frutos dos nossos esforços, que serão os melhores!
E todos à volta respondiam: — Hoie, hoie, hoie!
Batiam palmas ao ritmo dos batuques e da voz. Ela repetia o refrão, e o som tornava-se cada vez mais alegre e envolvente.

Em seguida, um jovem entrou no meio da roda. Aproximei-me para ouvir as suas palavras, pois tudo aquilo se tornava cada vez mais interessante.
As palmas e os tambores ganharam força, e ele começou a cantar, seguindo o ritmo: — Nós, jovens de hoje, somos os antecedentes da geração XXI: jovens de atitude, de força de vontade, com acesso à informação e à tecnologia. Somos aqueles que lutam pela igualdade de oportunidades que desejam!
A roda respondeu: — Hoie, hoie, hoie!
Ele continuou: — Somos os precursores dos jovens cheios de conhecimento e foco, que sobem degrau a degrau até alcançarem o que almejam, jovens espertos, prontos para os novos desafios!
A multidão respondeu com ainda mais vigor: — Hoie, hoie, hoie!

O semblante de felicidade e esperança reflectia-se nos seus sorrisos sinceros e animados.
De repente, o som mudou — mais forte, mais intenso.
Uma adolescente entrou no centro da roda, cheia de energia. Com o seu entusiasmo, aumentou a força dos tambores e declarou:
— Sou menina e empoderada mulher do futuro!
A roda respondeu: — Hoie, hoie!
E ela continuou a cantar: — Tenho consciência da minha força e tomarei as decisões da minha própria vida, junto com as minhas escolhas!
A roda respondeu: — Hoie, hoie!
Ela prosseguiu: — Tenho autonomia, confiança e liberdade!
— Hoie, hoie! — ecoou o grupo.
E ela finalizou, firme e inspirada: — Admito os meus erros e aprendo com eles. Busco o desenvolvimento e enfrento os desafios, pois é para lá que vou — acreditando no destino. Sou aquela que crê que os sonhos se realizam quando decidimos vivê-los!

As vozes cessaram. Só os tambores continuaram, suaves, até se confundirem com o som do meu alarme. Era hora de despertar.
Abri os olhos e, ainda tocada pelo sonho, decidi viver para tornar os meus sonhos reais.
Certa noite, adormeci e embarquei num sonho — uma visão que, de certa forma, tornou-se real.