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Ipas Moçambique denuncia omissão da educação menstrual nas escolas moçambicanas

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O Ipas Moçambique expressou sua preocupação com a situação em que a maioria dos professores, principalmente aqueles que leccionam biologia, se sentem constrangidos em abordar o tema da menstruação nas escolas, resultando em impactos negativos na educação menstrual e contribuindo para o aumento da evasão escolar de raparigas.

De acordo com dados da UNESCO, é apontado que aproximadamente 10% das meninas na região da África Subsariana faltam às aulas devido à menstruação, o que pode corresponder a cerca de um quinto do ano lectivo.

O Ipas Moçambique responsabiliza os professores por esconderem a matéria de saúde e higiene menstrual nas salas de aula. A assessora do engajamento da organização que actua na promoção da Saúde Sexual e Reprodutiva, Serviços Compreensivos de Aborto Seguro, Contracepção e no combate à Violência Baseada no Género (VBG), Silvia da Wil, afirma que a maioria das jovens na comunidade já ouviu falar sobre menstruação durante a adolescência, ou antes, mas a entidade descobriu que poucas recebem uma educação formal sobre o assunto. Nas escolas, as adolescentes muitas vezes evitam mencionar a palavra “menstruação” por vergonha ou pudor, tornando o tema ainda um tabu na área da saúde menstrual.

“Raparigas evitam conversar sobre menstruação. Ao abordar o tema, elas optam por mencionar palavras como essas, aquelas e aquilo”, disse Silvia durante a comemoração do Dia Internacional da Saúde da Mulher, celebrado em 28 de Maio corrente.

A organização afirmou que está empenhada em promover a consciencialização sobre a higiene menstrual nas comunidades da província de Nampula, destacando que o estigma e a vergonha associados à menstruação têm impactos negativos em diversos aspectos dos direitos humanos das mulheres e meninas. Esses direitos englobam a igualdade, a saúde, a educação, a liberdade religiosa e de crença, a segurança, condições de trabalho saudáveis, bem como a participação na vida cultural e pública sem qualquer forma de discriminação.

“Percebemos que muitas raparigas não têm conhecimento, apesar de estarmos numa escola secundária e, ao mesmo tempo, estarmos acompanhadas de professoras de biologia. Ainda há muitos mitos e tabus. Há raparigas que nem sequer sabem se têm um ciclo menstrual regular ou irregular, ou não. Como deve organizar o seu penso no período menstrual. Elas diziam que devido à incapacidade de ter águas nas escolas é muito difícil fazer a higiene menstrual. Nos dias que têm educação física, contam que elas ficam de penso de manhã até a tarde. Ao mesmo tempo que elas não podem se dirigir a casa”.

Diversas crenças variam segundo a região, por exemplo, durante o período menstrual uma mulher não deve ir a locais públicos ou ter contacto próximo com indivíduos que não estejam na mesma situação que ela. Além disso, em algumas culturas, as mulheres não podem adicionar sal à comida ou até mesmo preparar as refeições, para evitar causar problemas de saúde aos homens.

Outra convicção é que o sangue menstrual, além de ser utilizado em rituais satânicos, ao ser avistado por homens pode privar as mulheres da capacidade de conceber um filho ou encontrar um parceiro, o que é citado como o principal motivo para a ausência das jovens nas escolas durante o período menstrual.

“Criar espaço aberto de conversa e diálogo, transmitirá de certas formas até segurança de elas falarem abertamente, não só nas escolas, também em casa. É fundamental consciencializar os pais a terem um diálogo aberto de higiene menstrual. Os pais não falam com os seus filhos e as escolas ficam com receio de passar esses ensinamentos. O motivo é justamente a falta de informação, cultura e hábitos e costumes nas comunidades sobre o assunto”.

Janaisa Pedro Miguel, aluna da Escola Secundária de Teacane, timidamente partilhou como foi o seu primeiro dia de menstruação. “Lembro-me de ter descoberto que estava sangrando logo após levantar da cama, em uma manhã. Senti vergonha de contar para meus pais, mas minha mãe percebeu, chamou minha avó e me orientou a não comentar com ninguém, pois poderia morrer”, explicou a estudante.

Betinha Agostinho, uma jovem de 19 anos, ela relatou que enfrenta complicações para ir à escola durante o período menstrual devido às fortes dores na região da bexiga e nas pernas. Vânia Jacinto

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