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“Rapto e roubo de viaturas de ONG’s em zonas de conflito armado é ataque directo à comunidade internacional”, alerta especialista
O académico e analista político moçambicano, Mauricio Regulo, diz que o novo método de operação do grupo armado não governamental conhecido como alchababe, caracterizado pelo sequestro de trabalhadores das Organizações Não Governamentais e roubo de veículos de trabalho, representa uma violação grave dos direitos humanos e impede as comunidades de receberem a assistência humanitária necessária.
Mauricio Regulo, pesquisador que investiga o fenómeno de terrorismo em Cabo Delgado desde o início dos ataques, argumenta que os insurgentes atacam de maneira directa a comunidade internacional ao virar as suas atenções para as Organizações Não Governamentais, sequestrando colaboradores e roubando equipamentos. Para ele, esse comportamento terá consequências graves para o país, uma vez que pode levar Moçambique a ser excluído de qualquer tipo de assistência externa.
“O sequestro de um indivíduo estrangeiro, com roubo de seus pertences, causará a percepção internacional de Moçambique como um país inseguro e inadequado para viver e investir”, explicou, ressaltando que o recente ataque a Macomia foi um ataque directo à comunidade internacional que financia as actividades das ONGs no país.
O académico menciona que não se surpreende com o facto de os “insurgentes” estarem actualmente a atacar as ONGs, pois a situação de conflito em Cabo Delgado não, é algo simples, vai além da dimensão nacional.
“A mensagem que eles querem passar é que Moçambique não é um ambiente favorável para investimentos. Isso vai resultar em um cenário onde o país não irá progredir, o baixo desenvolvimento persistirá e a pobreza irá se agravar. Por isso, é crucial que as autoridades redobrem seus esforços, já que estão indo pelo caminho certo”. O estudioso fundamenta sua argumentação no facto de que os “insurgentes” estão agora a recrutar crianças para actuarem como soldados, revelando a vulnerabilidade do grupo.
“O movimento está enfraquecido, no passado os jovens eram mais visados. Jovens militarmente treinados eram recrutados, especialmente aqueles desmobilizados que estavam sem ocupação, alguns insatisfeitos preferiam se aliar no movimento em busca de dinheiro e apoio para manter suas fileiras”.
Mauricio Regulo aponta que é responsabilidade do Governo actuar para interromper esse ciclo, evitando que crianças sejam recrutadas como soldados ou para outras funções no conflito. “De facto, envolver crianças na guerra é uma violação grave dos direitos humanos”.
Indagado sobre as possíveis razões por trás desse recrutamento, Regulo afirma que isso demonstra a “grande ausência do Governo nas comunidades”, ressaltando a importância de melhorar a presença do governo em Cabo Delgado, o que poderia reduzir os níveis de insatisfação.
“Estas crianças, são naturais e enfrentam um desafio que é preciso compreender profundamente, acerca de Cabo Delgado e o sistema educativo. O sistema educativo implementado em Moçambique, em certa medida não é mau, mas há áreas onde não é aplicável. Por exemplo, é frequente uma criança completar a escola primária no local e depois deslocar-se para outra região da província para continuar os seus estudos, percorrendo longas distâncias. Se esta criança não frequentar a escola local, estará automaticamente sem perspectivas de futuro. Se alguém aparece a oferecer um emprego, esta criança não questiona e segue”.
Regulo diz que o governo de Moçambique deve implementar acções para aumentar a segurança, aprimorar o sistema educacional e estabelecer uma maior conexão com a população.
Em sua monografia, Mauricio Regulo discute o movimento libertador durante a Guerra de Libertação Nacional em Cabo Delgado, com ênfase nos projectos sociais, especialmente nos centros pilotos de educação. Ele defende que o governo deve investir na educação das comunidades locais, importando os centros estabelecidos antes da independência, facilitando assim a educação de pessoas que não frequentaram a escola, especialmente as crianças. Vânia Jacinto
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