SOCIEDADE
Polícia moçambicana é acusada de assassinato e lançar o corpo ao rio Mutivaze
Mais um episódio peculiar, a polícia moçambicana do distrito de Rapale, em Nampula, está a ser acusada de ter atirado e matado um jovem de 24 anos, em seguida lançado seu corpo no Rio Mutivaze, alegando fazer parte do temido grupo 15, criminosos que causam terror na cidade de Nampula e algures.
A polícia da República de Moçambique em Nampula nega sua participação no crime. Durante uma investigação meticulosa no distrito de Rapale, o Rigor conseguiu reunir relatos de dois jovens, sendo um deles ferido pela polícia e o outro que teria escapado dos disparos, mas acabou sendo amarrado e torturado. Este último afirma ter presenciado o acto horrendo, desde o disparo da arma de fogo até o posterior descarte do corpo no rio Mutivaze
A família exibiu imagens impactantes do falecido, revelando uma perfuração profunda no rosto.
A família está devastada e clama por justiça, unindo-se a este pedido o activista social Sismo Eduardo, que também demanda que a responsabilidade pelo crime seja atribuída à polícia.
“Às 20 horas daquele dia, um pequeno grupo de cinco pessoas saiu para a residência do secretário do bairro a fim de questionar se ele tinha conhecimentos do grupo 15, demonstrando interesse em patrulhar naquela noite. Enquanto patrulhava, nos deparamos com um homem carregando trochas. Aproximamos para identificá-lo e descobrimos que era um jovem do bairro, que estava mudar para guarneçer a casa do patrão assaltado pelo grupo 15. Enquanto conversávamos, três agentes da polícia fardados surgiram. Apesar de inicialmente não me ter preocupado, a situação mudou quando um deles atirou em minha direcção sem motivo aparente. Após questionar o motivo, fui alvejado mais duas vezes. Percebendo o perigo iminente, fugi para evitar a morte, deixando os outros”, conta Samuel Maciel, sobrevivente.
Ele explicou que após ser baleado, recebeu ajuda do Chefe das operações da polícia em Rapale, que o transportou no seu próprio veículo a pedido do secretário de bairro, que autorizou os jovens a patrulhar o bairro.
Zito Assane, é igualmente uma das vítimas dos agentes da polícia que tiraram a vida ao jovem de 24 anos em Rapale. Com sinceridade, o rapaz conta que naquela noite foi levado com a cara vedada para não ver, até a ponte do Rio Mutivaze, onde alegadamente os agentes atiraram o corpo do falecido.
“No dia seguinte, procurei o secretário e fomos até ao Comando. Ao chegarmos na sala do oficial dia, encontramos umas trochas [pertencente ao senhor amarrado a cara pela polícia], quando perguntamos se o dono das trochas estava ali detido ou se estava também detido o meu sobrinho. Ele [o oficial do dia] alegou que na noite passada ninguém havia saído em patrulha devido a um problema no carro. Mesmo assim, reconheci os objectos e decidimos falar com a esposa dele para confirmar. Ela nos explicou o ocorrido com clareza e tivemos a certeza de que ele estava lá no Comando. Voltamos ao Comando para perguntar novamente e, após insistência, a polícia admitiu tê-lo detido e libertado o dono das trochas, mas afirmaram não saber do paradeiro do meu irmão”, começou por contar o tio do malogrado, senhor Nelson Gabriel.
“Passamos a procurar pelo nosso irmão a partir da Sexta-feira, passando pelo Sábado e Domingo. Vasculhamos pelas estradas e até pelo cemitério, mas somente na Segunda-feira conseguimos alguma informação sobre ele, pois muitos já tinham conhecimento. Recebemos uma ligação dizendo haverem encontrado o corpo dele, flutuando no rio”.
Nelson Gabriel continua: “Antes de irmos ao encontro do corpo fomos no posto polícial de Mutivaze, fomos com o chefe da polícia, lhe tiramos da água e ele disse que não poderíamos mexer o corpo e que primeiro deveríamos chamar os agentes do distrito. Já na Terça-feira, chegaram alguns homens do serviço de investigação criminal, agentes do hospital de Mutivaze, mas o Chefe das operações, viram o corpo e nos entregaram. Eles diziam que ele foi espancado e eu neguei, mostrando o furo no rosto, explicando que entrou a bala e sobre saiu do outro lado e temos as fotos. Descobrimos só um tiro”.
“Ele não era um rapaz de má conduta, era ele quem assumia a casa após o falecimento de meu marido. Alvejaram-no, jogaram-no na água, nem mesmo assumiram a sepultura”, diz Linda Jorge, mãe da vítima, bastante apreensiva com a conduta de certos agentes da polícia, que se comparam com os verdadeiros criminosos. “Exijo que a justiça seja feita, precisam identificar o responsável pelo disparo ao meu filho, pois ele não era nenhum criminoso. Eu acreditava que a polícia estava do nosso lado para nos proteger, mas chegam aqui para levar nossos bens, exigir dinheiro de nós.
Polícia nega responsabilidade pela morte de cidadão em Rapale
A polícia da República de Moçambique em Nampula, refutam a acusação de terem causado a morte de uma pessoa no distrito de Rapale e depois a terem lançado no rio Mutivaze.
Mesmo alegando não ter culpa no caso, o chefe do Departamento de Relações Públicas, no Comando Provincial da PRM em Nampula, Dércio Samuel afirmou que foi constituída uma equipe para apurar a situação e somente após a conclusão das investigações poderá fornecer mais informações.
“Neste momento não assumimos a morte de nenhum indivíduo, a polícia recebeu esta denúncia e neste momento há um trabalho feito para aferir as circunstâncias do sucedido. Há uma equipe que foi para o terreno que é para recolher dados das informações que a polícia naquele ponto da província recebeu. Por esta razão não podemos dizer muita coisa, porque a equipa ainda não trouxe o relatório dos factos sobre o sucedido”, declarou.
Lembramos que em Natikire, bairro próximo ao distrito de Rapale, existem grupos que causam terror na população, assaltando suas casas e às vezes agredindo fisicamente homens e sexualmente mulheres. Recentemente, um panfleto foi amplamente divulgado nas redes sociais, alegando que esses mesmos grupos estariam exigindo valores entre 5 e 15 mil dos moradores, dependendo do tipo de residência. No entanto, o Rigor tem conhecimento de que houve prisões após esse aviso.
Defensor de direitos humanos exige punição da polícia por morte e posterior poluição da água
O activista social e defensor dos direitos humanos, Eduardo Sismo, não tem dúvidas de que a conduta da polícia é criminosa e exige que a justiça seja resposta no caso a que classifica como cruel, visto que a polícia matou e ocultou o cadáver. Ele enfatiza que cada indivíduo tem o direito a um enterro condigno.
“Esta polícia é criminosa, semelhante ao grupo 15. Uma polícia formada por profissionais conscientes e maduros, que têm como missão garantir a segurança e a tranquilidade da população, não deveria agir dessa maneira. O ideal seria, caso precisasse atirar, fosse considerado um acidente, mas em seguida assumissem a responsabilidade. O correcto séria ter levado esse corpo para sua família e também para os amigos. Jogá-lo no rio constitui dois crimes claros, desrespeito aos direitos humanos e poluição da água, uma vez que muitas pessoas utilizam aquela água do rio Mutivaze para o consumo humano.ʺ Neste momento, segundo, o activista e defensor dos direitos humanos compõe elementos para formalizar o caso junto das autoridades para os culpados serem responsabilizados. Vânia Jacinto e Losangela Mussa
-
CULTURA3 meses atrás
Victor Maquina faz sua estreia literária com “metamorfoses da terra”
-
SOCIEDADE6 meses atrás
Isaura Nyusi é laureada por sua incansável ajuda aos mais necessitados e recebe título de Doutora
-
DESPORTO4 meses atrás
Reviravolta no Campeonato Provincial de Futebol: Omhipithi FC é promovido ao segundo lugar após nova avaliação
-
OPINIÃO5 meses atrás
O homem que só gostava de impala
-
OPINIÃO6 meses atrás
Do viés Partidocrático à Democracia (Participativa)
-
OPINIÃO5 meses atrás
A Cidade Vermelha
-
DESTAQUE6 meses atrás
Investigação do Caso Ibraimo Mbaruco é prorrogada e família teme desfecho trágico
-
DESTAQUE5 meses atrás
Secretário de Estado em Nampula é acusado de tentativa de apoderar-se de viaturas apreendidas