Nampula regista altíssimos índices de infecção e mortes em dez meses 

Pelo menos dois milhões, quinhentos e sete mil indivíduos foram diagnosticados de malária na província de Nampula nos últimos dez meses deste ano, e aproximadamente 109 pessoas faleceram em decorrência da doença.

No mesmo período do ano de 2023, a província de Nampula contabilizou 54 mortes entre um total de dois milhões e dez mil indivíduos diagnosticados com malária.

Ao comparar os casos do ano passado com os deste ano, observa-se um aumento tanto nas mortes quanto nas confirmações da doença.

As informações foram divulgadas pelo chefe do Departamento de Saúde Pública, Geraldino Avalinho, durante o fórum provincial anual sobre malária em Nacala-A-Velha. Segundo Geraldino Avalinho, 55% dos casos de malária registados ocorreram em crianças com menos de 5 anos.

“Notamos que a quantidade de casos de sobrepeso não diminuiu na nossa província. Observamos que isso pode ser resultado de um bloqueio ao nível municipal, o que nos leva a concluir que todos devem disseminar informações sobre a questão da malária em nossas comunidades. Assim, os métodos preventivos que nós, como sector de saúde e governo, temos implementado devem ser eficazmente utilizados para os propósitos em que foram concebidos”, declarou Avalinho.

Lembre-se de que o governo e os seus parceiros têm implementado diversas iniciativas para diminuir o impacto da malária na província, por meio da alocação de recursos, execução de campanhas de pulverização, Quimioprevenção e tratamento preventivo para gestantes.

Entretanto, o sector de Saúde admitiu que existem questões que não estão sendo tratadas de maneira adequada. De acordo com Avalinho, há uma deficiência no procedimento de escolha das equipes responsáveis pelas actividades de Quimioprevenção sazonal em determinados distritos da província, resultando em uma cobertura inadequada de toda a população.

“É provável que o que deveria ser realizado fosse uma investigação, um estudo para compreender quais foram as verdadeiras motivações. Contudo, o que emerge é que observamos casos em que os indivíduos designados para assegurar que esses medicamentos fossem disponibilizados em certas comunidades, que, são agentes comunitários, talvez tenham manipulado as informações, o que pode ter resultado na não entrega dos medicamentos. Em diversas ocasiões, enfrentamos essas situações, especialmente em distritos, o que pode ter impactado de certa forma e nos leva a concluir que a qualidade da Quimioprevenção sazonal realizada neste ano pode ter enfrentado problemas”.

Outro factor mencionado por Avalinho para a elevada taxa de malária na província de Nampula é o crescimento populacional nesta região, impulsionado pelo fluxo de pessoas deslocadas de Cabo Delgado, resultando em dificuldades para que todos tenham acesso ao tratamento necessário.

“Enfrentamos uma situação de insurreição e certa instabilidade de segurança em nossa província, um problema que se arrasta há anos. Um exemplo disso é o distrito de Memba, que durante a campanha de Quimioprevenção sazonal da malária para 2023–2024 não conseguiu atingir os níveis de cobertura desejados, devido à falta de condições para levar esses medicamentos às nossas comunidades. Essa e outras questões possivelmente influenciaram a situação, mas é importante realizar um estudo sobre as motivações. Reitero que no ciclo de 2023–2024 não obtivemos o resultado esperado, ao contrário do que foi alcançado no ciclo de 2021–2022”.

Para além do Governo da Província de Nampula, o Fórum Provincial da Malária conta com a participação de alguns quadros do Ministério da Saúde e da Província, especialistas da saúde, Membros do Conselho Executivo Provincial e de Representação de Estado na Província de Nampula, Administradores Distritais, Presidentes dos conselhos Autárquico, Líderes Comunitários e Religiosos, Parceiros de cooperação, praticantes da medicina tradicional, representantes da sociedade civil e entre outros convidados. Vânia Jacinto