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SOCIEDADE

IPPM alerta para o crescimento do recrutamento infantil para a insurgência em Cabo Delgado

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O Instituto de Psicologia e Paz de Moçambique (IPPM) indica que houve um crescimento no recrutamento de crianças nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Chiúre, Palma e Montepuez, em meio ao conflito armado em Cabo Delgado.

A entidade afirma que o aumento na contratação de jovens está parcialmente relacionado com a passagem recente de dois ciclones, CHIDO. De acordo com o director-geral do Instituto Psicologia da Paz de Moçambique, Canuma Silvestre Canuma, as crianças se tornam vulneráveis a sequestros enquanto desempenham tarefas quotidianas, como buscar lenha e/ou ir à escola.

“O relatório de briefing 2 divulgado em 12 de Fevereiro deste ano enfatiza que o fenómeno está se espalhando por outras províncias, com destaque para Nampula e Zambézia. Ao analisarmos todos os tipos de extremismo violento, notamos uma radicalização digital que se espalha por todo o país, tornando as crianças igualmente susceptíveis ao perigo”, afirmou Canuma Silvestre Canuma, director do IPPM, mencionando que o recrutamento pode se expandir para outras regiões.

Conforme uma pesquisa realizada pela mesma entidade, os meninos de até 12 anos recebem instruções sobre o manuseio da catana, enquanto os mais velhos são instruídos para o combate com armas de fogo. Esses grupos, de acordo com a entidade, são forçados a cometer assassinatos para assegurar a sua própria sobrevivência.

Durante esse período, as jovens recrutadas enfrentam graves abusos sexuais e são constantemente maltratadas, sob a ameaça de morte. Além disso, existem sinais de que essas crianças estão sendo mantidas sob a influência de substâncias entorpecentes.

O Instituto de Psicologia da Paz de Moçambique (IPPM) actua na reintegração psicossocial e comunitária de crianças ligadas a forças e grupos armados (CAAFAG). A sua missão é auxiliar essas crianças a reconstituírem as suas vidas, oferecendo suporte emocional, promovendo a estabilidade social e criando oportunidades para o futuro.

Conforme as informações divulgadas pelo Instituto de Paz e Psicologia de Moçambique, aproximadamente 800 crianças foram recuperadas dos conflitos armados em Cabo Delgado entre 2024 e 2025 corrente, o que indica que ainda há muitas outras crianças enfrentando dificuldades nessa situação.

“O resgate de crianças ligadas a grupos armados é realizado pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique durante as suas operações militares. Assim que isso ocorre, activamos uma rede de encaminhamento para que as entidades de apoio humanitário possam realizar o processo de reintegração social nas suas diversas dimensões. Em algumas situações, as próprias crianças conseguem fugir de seus agressores e são os líderes comunitários que nos contactam para facilitar a reinserção delas com as suas famílias e promover a sua reintegração”, disse Canuma Silvestre Canuma acrescentando que, em determinadas ocasiões, os próprios agressores fazem pedidos de resgate, solicitando que as crianças voltem para casa, destacando serem realizadas negociações directas, que envolvem riscos significativos para todas as partes envolvidas.

De acordo com o responsável pelo Instituto, ao serem resgatadas, diversas crianças apresentam traumas profundos, resultado de experiências de combate e exposição a situações devastadoras.

O IPPM tem colaborado com a UNICEF e o Governo, empenhando-se em garantir que essas crianças recebam assistência psicológica especializada e sejam reintegradas com segurança após a reconciliação com as suas comunidades. O modelo de Casas de Tratamento e Reintegração oferece um suporte contínuo, centrado na criança e na maximização de suas capacidades, incentivando a reconciliação social em sua comunidade e mitigando vulnerabilidades familiares, diminuindo a probabilidade de novo recrutamento.

O director da instituição ressalta que o Governo tem se empenhado consideravelmente na abordagem da crise humanitária em Cabo Delgado, com foco na protecção das crianças afectadas pelo conflito. Canuma Silvestre Canuma destacou diversos progressos, entre os quais se destaca a colaboração com organizações internacionais para auxiliar essas crianças, as iniciativas de reintegração escolar e o desenvolvimento de estratégias visando aumentar a segurança em regiões vulneráveis.

Entretanto, Canuma Silvestre Canuma disse que ainda há sérios obstáculos, como a urgência de fortalecer os sistemas o rastreio e apoio para as crianças que foram resgatadas, a escassez de financiamento consistente para iniciativas de reintegração a longo prazo e o perigo de uma nova marginalização, visto que algumas dessas crianças enfrentam desconfiança nas comunidades onde reintegram.

O IPPM considera que uma colaboração integrada entre o governo, entidades humanitárias e a sociedade civil é crucial para assegurar um suporte efectivo e sustentável. Por essa razão, o instituto propõe a formação de um Gabinete de Prevenção e Combate ao Extremismo Violento, com uma abordagem inter-institucional e reuniões regulares para coordenar acções.

A implementação de uma Estratégia Nacional voltada para a Prevenção e Combate ao Extremismo Violento, bem como o fortalecimento de políticas públicas, são essenciais para interromper o ciclo de violência e assegurar o bem-estar das nossas crianças, refere o director Instituto de Psicologia e Paz de Moçambique. Vânia Jacinto

 

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