SOCIEDADE
Acadêmico destaca a importância de mudanças urgentes nas forças de defesa em face da agudização da crise em Cabo Delgado

O académico moçambicano, Aboochama Oliveira Vontade, ressalta a necessidade urgente de que Daniel Francisco Chapo implemente mudanças nas forças de defesa e segurança em Moçambique, diante dos recentes ataques em Cabo Delgado.
Aboochama Oliveira, especialista em Ciência Política, Governação e Relações Internacionais, destaca que, desde a eclosão da insurgência em Cabo Delgado em 2017, durante o governo de Filipe Jacinto Nyusi, ocorreram deficiências na luta contra o terrorismo. Essas falhas incluem questões estruturais nas Forças Armadas de Moçambique e a decisão de optar pelas tropas de Ruanda em vez das da SAMIM e de mercenários.
“Aqueles que provavelmente estiveram na linha da frente ao aconselhar o presidente Filipe Jacinto Nyusi sobre a insurgência em Cabo Delgado apressaram-se em buscar apoio nas forças ruandesas sem antes realizarmos uma análise interna como Estado para determinar a melhor abordagem. Na minha opinião, esses conselheiros falharam; se a decisão partiu do Presidente da República, isso também indica um erro. Optamos por recorrer à Ruanda em vez de explorarmos soluções internas, como diz o ditado popular, ‘os problemas de casa devem ser resolvidos em casa’. Era essencial que nós, moçambicanos, decidíssemos qual seria a estratégia mais adequada para enfrentar essa situação”, afirmou Aboochama Oliveira Vontade.
Segundo o académico, o novo Presidente Daniel Francisco Chapo deve priorizar a reestruturação urgente das forças de defesa e segurança, realizando acções que não foram implementadas durante a gestão anterior.
“É uma tarefa bastante complexa para um presidente que não tem histórico ou afinidade com a linha militar tentar reestruturar as forças de defesa e segurança. Reconhecemos que esse é um grande desafio. Contudo, como o Comandante em Chefe das Forças Armadas de Moçambique, ele precisa avaliar até que ponto as tropas estão preparadas no que diz respeito à formação, preparação, logística e também questões morais e psicológicas, a fim de enfrentar a insurgência em Cabo Delgado”.
O académico acredita que Daniel Francisco Chapo deve estabelecer uma ligação entre o governo e as comunidades impactadas pelo terrorismo em Cabo Delgado. Além disso, o governo deve dar prioridade ao desenvolvimento de infra-estrutura de educação e geração de empregos nas zonas de conflito.
“A comunicação é essencial, mas deve ser uma comunicação activa entre o actual governo do presidente Daniel Chapo e as comunidades, especialmente aquelas situadas em áreas de conflito. Isso é crucial para evitar, por exemplo, crimes de influência e a infiltração de insurgentes nas comunidades, que podem ser manipuladas para impedir o governo de agir efectivamente na resolução de conflitos. É fundamental que o governo se posicione como o agente principal na negociação e mediação, além de estar próximo da população afectada, permitindo que essa população colabore na busca por objectivos específicos e estratégicos relacionados ao cenário de guerra”.
Apesar de a opção por Ruanda ser vista como inadequada, o académico contesta a proposta de retirar as forças ruandesas do território. Aboochama menciona que essas tropas têm sido valiosas, mas ressalta que isso não pode se tornar uma solução duradoura. Moçambique deve focar em melhorar a sua capacidade interna de responder de maneira sustentável.
“ A questão da insurgência é algo muito mais complexo, afectando directamente a estrutura de qualquer nação. Temos experiências negativas, e no contexto da SADC nunca lidamos com insurgências. Moçambique é o primeiro país da SADC a enfrentar essa situação, portanto, estou convencido de que nossas forças de defesa e segurança da SADC ainda não possuem a capacitação necessária para lidar com uma insurgência, visto que não temos experiência nessa área e nunca enviamos uma missão da SADC para tal. Na minha opinião, mesmo que o presidente considere essa questão, não creio que os 100 dias ou 3 meses seja tempo suficiente para decidir tão drástica como retirar as forças ruandesas de Cabo Delgado. Contudo, defendo a ideia de que, embora queiramos o apoio de Ruanda, não devemos comprometer a soberania”. Vânia Jacinto
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